Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Todo o mundo escuta sobre esquema de apostas faz tempo, diz dirigente que deflagrou investigações

Hugo Jorge Bravo, presidente do Vila Nova, apresentou denúncia que fez MP iniciar operação

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São Paulo

O major Hugo Jorge Bravo, da Polícia Militar de Goiás, é pragmático. O presidente que deu o pontapé inicial na investigação do escândalo de apostas do futebol brasileiro descarta fazer como outros clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro.

Ele não tem nenhuma intenção de reunir o elenco profissional do Vila Nova para avisar dos perigos do envolvimento com quadrilhas de manipulações de resultados.

Todo mundo escuta sobre esquema de apostas faz tempo, diz dirigente que iniciou investigações
Todo mundo escuta sobre esquema de apostas faz tempo, diz dirigente que iniciou investigações - Reprodução/PUC TV Esportes

"Eu não faço isso. O meu negócio é a ação por si só. Já mostramos para eles que não admitimos isso e lideramos pelo exemplo. Não preciso falar que vão ser punidos. Não vou ensinar um bando de marmanjos. Eles sabem o que é certo e o que é errado. Os garotos da base, sim, orientamos", explica.

Não preciso falar que vão ser punidos. Não vou ensinar um bando de marmanjos. Eles sabem o que é certo e o que é errado

Hugo Jorge Bravo

major da PM e presidente do Vila Nova (GO)

É com esse estilo direto que descarta a possibilidade de outros dirigentes do futebol nacional terem ficado surpresos com o tamanho da Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público goiano, para investigar esquemas de apostas.

"Todo o mundo que está no meio do futebol sabe o que está acontecendo. Quem falar que não ouviu isso em corredores está mentindo. Todo mundo escuta isso faz tempo", completa.

Bravo diz que, ao saber que o volante Romário havia recebido oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti em partida da Série B de 2022, começou a reunir provas do caso. A experiência de 13 anos como policial lhe serviu nesse momento. Quando juntou elementos que julgou suficientes, apresentou denúncia no Ministério Público. Foi o que detonou a Penalidade Máxima, em fevereiro deste ano.

A segunda fase da investigação foi deflagrada na última segunda-feira (8), quando promotores apresentaram novos nomes de jogadores que supostamente teriam embolsado entre R$ 50 mil e R$ 500 mil para receber cartões amarelos e vermelhos ou cometer pênaltis. Isso foi possível após a análise do conteúdo de computadores e celulares apreendidos em fase anterior da operação.

Todo mundo que está no meio do futebol sabe o que está acontecendo. Quem falar que não ouviu isso em corredores, está mentindo. Todo mundo escuta isso faz tempo

Hugo Jorge Bravo

major da PM e presidente do Vila Nova (GO)

Para o MP, o líder da quadrilha de apostadores é Bruno Lopez de Moura, um atleta de futsal. Segundo o promotor Fernando Cesconetto, outras pessoas ainda podem se tornar réus.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino, ordenou que a Polícia Federal também investigue a manipulação de apostas esportivas.

Nesta quinta-feira (11), líderes do Senado decidiram criar uma nova comissão temática, a de Esporte, que vai discutir o esquema. O nome mais contado para assumir a presidência do grupo é do ex-atacante Romário (PL-RJ). O governo federal também prepara uma Medida Provisória para regulamentar o setor e proibir jogadores e dirigentes de apostar.

Nove atletas já foram afastados por suas equipes devido a suposto envolvimento em manipulação de oito partidas das Séries A e B do ano passado. Eles podem ser suspensos por até dois anos e, em caso de reincidência, ser banidos do futebol. O que, para o presidente do Vila Nova, já aconteceu.

"Penso que um atleta desses está banido. Vai demandar muita confiança para um clube contratá-lo. Você sempre vai ficar com dúvida", afirma Bravo.

Com críticas pesadas a Romário –o volante de seu time–, algumas impublicáveis, ele afirma não ter ficado surpreso com a dimensão que o caso tomou. E diz que não ficará surpresose novas denúncias surgirem. Com o pensamento de que os casos se referem apenas ao Brasileiro de 2022, a CBF não considera a possibilidade de paralisar o torneio atualmente em disputa.

"Fica um sentimento de decepção. O cara pode ganhar bem e fazer isso. Caráter não está associado a sexo, raça, condição social. Caráter é algo que você tem ou não tem. É algo que coloca em xeque o trabalho de muita gente do clube, desde o dirigente até o porteiro, a cozinheira...", analisa.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, Romário confirmou ter recebido oferta de apostadores. Ele já prestou depoimento ao Ministério Público.

Para Hugo Jorge Bravo, o "recado" aos atletas envolvidos e para os que pensem em se envolver deve ser a punição.

"Determinados campeonatos não deveriam ter nenhum tipo de aposta. Torneios como de segunda divisão, sub-20… Não podem existir também apostas em ações individuais, como em lateral, escanteio. Isso facilita a manipulação."

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