Estrelas se apagam, e Copa do Mundo tem sucesso de times com brilho coletivo

Oceania é palco de adeus melancólico de Marta, Sinclair e Rapinoe e surgimento de novas forças

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São Paulo

Quando a australiana Sam Kerr, 29, estreou na Copa do Mundo feminina, aos 29 minutos da etapa final do duelo com a Dinamarca, nesta segunda-feira (7), as anfitriãs já estavam com a vitória nas mãos.

A maioria dos mais de 75 mil torcedores que estiveram no Accor Stadium, em Sydney, ficou de pé e vibrou ao ver a camisa 20 entrar em campo, mas, muito antes de ela ser chamada pelo técnico Tony Gustavsson, Caitlin Foord e Hayley Raso já haviam construído o 2 a 0 que levou as donas da casa às quartas de final.

Assim como nos três jogos da primeira fase, em que Kerr se viu obrigada a ficar no banco de reservas por causa de uma lesão na panturrilha esquerda, a seleção da Oceania fez uso da força de seu conjunto.

A Austrália tem uma característica comum nas principais seleções que sobreviveram à fase de grupos e à primeira rodada do mata-mata. Não há nesses times a dependência de uma jogadora específica. Não ocorreu com eles, portanto, a decepção observada no Brasil, de Marta, no Canadá, de Christine Sinclair, e nos Estados Unidos, de Megan Rapinoe.

Caitlin foord desloca a goleira Lene Christensen para marcar o primeiro gol da Austrália
Caitlin Foord marca pela Austrália no Mundial da Oceania - David Gray/AFP

Também houve dúvidas sobre a seleção australiana, justamente por causa da lesão de Kerr às vésperas da Copa, mas sua ausência desde o primeiro jogo abriu espaço para a distribuição dos gols australianos. Seis atletas já foram às redes nesta Copa. Hayley Raso, com três gols, tornou-se a artilheira da equipe.

Para o técnico Gustavsson, a volta de Kerr será importante para a sequência da competição, mas, mesmo sem ela, a equipe "está muito madura", ele observou após a vitória sobre a Dinamarca.

A certa altura da partida desta segunda, mesmo com o placar já apontando 2 a 0, chamava a atenção a aplicação tática da Austrália, sobretudo no sistema defensivo. As dinamarquesas se deparavam repetidas vezes com as 11 adversárias na defesa. E as donas da casa ameaçavam nos contra-ataques.

Nesse aspecto, destaca-se ainda mais o Japão. Após o triunfo por 3 a 1 sobre a Noruega nas oitavas de final, Carolina Graham Hansen, estrela norueguesa, afirmou que as japonesas têm o melhor time do Mundial porque "são muito disciplinadas e muito estruturadas na forma como jogam no ataque e na defesa".

Única campeã mundial ainda viva no torneio, a formação asiática tem o melhor ataque, com 14 gols, anotados por sete jogadoras diferentes. Sofreu somente um gol e exibe, até aqui, 100% de aproveitamento.

Ainda que as vitórias sobre a Zâmbia (5 a 0) e a Costa Rica (2 a 0) fossem esperadas, a goleada por 4 a 0 sobre a Espanha na última rodada da fase de grupos credenciou o Japão ao posto de favorito ao título.

O país aproveita o vácuo deixado, sobretudo, por Alemanha e Estados Unidos, que decepcionaram nesta edição. As alemãs não passaram da primeira fase, e as norte-americanas caíram nas oitavas, diante da Suécia, nos pênaltis.

Além da força coletiva, a formação japonesa tem em seu plantel a artilheira da Copa, Hinata Miyazawa, que marcou cinco vezes na competição. Talento que reforça o favoritismo.

A jogadora do Japão Risa Shimizu é parabenizada pelas colegas de equipe após marcar um gol
Risa Shimizu celebra gol com suas companheiras de Japão - Amanda Perobelli/Reuters

Das seleções que viajaram para a Austrália e para a Nova Zelândia incluídas na maioria das listas de favoritas, apenas a Inglaterra, a Espanha e a França ainda estão no páreo. Nesta terça-feira (8), as francesas fecham a disputa das oitavas de final contra Marrocos.

Nesta segunda-feira, a Inglaterra sofreu para não se juntar ao grupo que falhou na missão de buscar o título. Depois de um empate sem gols com a Nigéria que se arrastou até o fim da prorrogação, a equipe inglesa avançou nos pênaltis.

Sem fazer um bom jogo coletivo, como costuma ser a marca das atuais campeãs da Eurocopa, a seleção inglesa ainda viu sua principal jogadora, Lauren James, ser expulsa após ter pisado em Michelle Alozie.

Para a técnica Sarina Wiegman, o lance foi um "momento de descontrole que aconteceu em uma fração de segundo", mas sua equipe soube lidar com a situação. "Estou orgulhosa delas", disse a treinadora.

A Espanha também mostrou poder de reação coletivo nesta Copa. Depois de encerrar a primeira fase sendo goleada pelo Japão, por 4 a 0, a equipe se recuperou no sábado (5) com uma vitória por 5 a 1 sobre a Suíça.

O triunfo que garantiu a Espanha nas quartas de final teve quatro jogadoras diferentes balançando as redes: Jennifer Hermoso, Laia Codina, Alba Redondo e Aitana Bonmatí (2).

Ainda não marcou a craque Alexia Putellas. Apontada como melhor do mundo nas duas últimas eleições da Fifa (Federação Internacional de Futebol), a meia-atacante de 29 anos vem de uma lesão séria no joelho e, com problemas físicos, ainda não marcou no Mundial da Oceania.

Para a sorte das espanholas, o plantel dirigido por Jorge Vilda tem mantido vivo o sonho do inédito título.

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