Federação Espanhola troca técnico por mulher e pede desculpa por Rubiales

Comando interino da entidade critica presidente afastado e tira Jorge Vilda do comando da seleção feminina

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São Paulo

A RFEF (Real Federação Espanhola de Futebol) publicou três comunicados em movimentada terça-feira (5). No primeiro, pediu desculpa pelo comportamento "inaceitável" de seu presidente afastado, Luis Rubiales, que deu beijo forçado em jogadora da seleção feminina. Em seguida, anunciou a demissão do técnico do time, Jorge Vilda. Por fim, divulgou que uma mulher, Montse Tomé, será a substituta.

As medidas foram apresentadas pelo presidente interino da associação, Pedro Rocha. Ele assumiu o comando da entidade após o afastamento por 90 dias de Rubiales, determinado pela Fifa (Federação Internacional de Futebol), justamente por causa do episódio na decisão da Copa do Mundo feminina.

Terminada a partida final, com vitória por 1 a 0 da Espanha sobre a Inglaterra, Rubiales segurou a cabeça da meia Jenni Hermoso e lhe beijou a boca. O dirigente disse que o gesto foi "consensual", mas a versão da jogadora foi diferente, e, mesmo com o título mundial, instalou-se uma crise na federação.

Luis Rubiales está suspenso pela Fifa por 90 dias - Kim Hong-Ji - 1º.dez.22/Reuters

A carta assinada por Pedro Rocha diz que a RFEF "considera imprescindível pedir as mais sinceras desculpas ao futebol mundial como um todo, às instituições do futebol, aos/às jogadores(as) de futebol, especialmente às jogadoras da seleção pelo comportamento totalmente inaceitável de seu mais alto representante institucional durante a final".

Segundo o presidente interino da federação, "o dano causado ao futebol espanhol, ao esporte espanhol, à sociedade espanhola e ao conjunto de valores do futebol e do esporte foi enorme". Ele ainda apontou que "as ações do Sr. Rubiales não representam os valores defendidos pela Federação Espanhola, nem os valores da sociedade espanhola como um todo".

No segundo comunicado no dia, a RFEF avisou, "em uma das primeiras medidas de renovação anunciadas pelo presidente Pedro Rocha, que decidiu prescindir dos serviços de Jorge Vilda como diretor esportivo e selecionador nacional feminino". O texto, diferentemente do anterior, é elogioso ao trabalho do treinador.

Jorge Vilda, mesmo com o título mundial, está fora da seleção - Franck Fife - 20.ago.23/AFP

Mas a relação de Vilda, 42, com as jogadoras da seleção era bastante complicada. Após a eliminação na Eurocopa do ano passado, 15 delas assinaram um manifesto contra os métodos do técnico e a estrutura oferecida pela Real Federação Espanhola. Outras não assinaram o papel, mas disseram apoiar o que ele dizia. E a federação, então presidida por Luis Rubiales, bateu o pé.

Só três das signatárias do protesto retornaram ao time, e o clima de tensão foi constante. As jogadoras não comemoraram com o comandante seus muitos gols marcados no Mundial, realizado na Austrália e na Nova Zelândia. Nem a taça mitigou essas questões, e o novo comando da federação decidiu fazer mudanças.

Ele será substituído pela ex-atleta Montse Tomé, 41, que desde 2018 trabalhava como auxiliar na própria comissão de Vilda. Segundo a RFEF, ela "conhece muito bem o vestiário e também tem amplo conhecimento do futebol nacional". A asturiana se torna a primeira mulher a dirigir a seleção espanhola.

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