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Fortaleza perde duelo com LDU em sua primeira final internacional

Equipe tricolor é derrotada nos pênaltis na Sul-Americana, mas luta para que aparição em decisão não tenha sido a única

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São Paulo

Primeiro time do Nordeste do Brasil a obter classificação para a final da Copa Sul-Americana, o Fortaleza não conseguiu concluir sua boa campanha com vitória. A formação tricolor caiu neste sábado (28) diante da LDU, do Equador, em empate por 1 a 1 seguido de derrota por 4 a 3 nos pênaltis, e ficou com o vice-campeonato do torneio continental.

A disputa teve seu desfecho em uma decisão de jogo único, realizada no estádio Domingo Burgueño, na cidade de Maldonado, no Uruguai.

Gonzalez (esq.) e Guilherme, do Fortaleza, durante a final da Copa Sul-Americana - Alejandro Aparicio/AFP

Os uruguaios curiosos e os torcedores equatorianos e brasileiros que foram ao campo viram uma partida que começou pouco inspirada, com dificuldades de criação de jogadas de ambas as equipes.

O ritmo da decisão mudou completamente no segundo tempo, com a abertura do placar, pelo Fortaleza, aos três minutos e o empate da LDU em seguida. O clube equatoriano teve mais fôlego na prorrogação, mas a partida permaneceu empatada.

Prevaleceu a LDU, que não chega a ser uma potência continental, mas apresenta um histórico mais robusto que o Fortaleza em disputas desse nível. Não é uma novidade para a equipe de Quito castigar adversários do Brasil em confrontos decisivos.

Sua grande glória é a conquista da Copa Libertadores de 2008, com vitória nos pênaltis sobre o Fluminense, no Maracanã. Também no Maracanã, em 2009, a agremiação equatoriana voltou a derrubar o Fluminense: perdeu por 3 a 0 na final da Copa Sul-Americana, mas levantou o troféu por ter feito 5 a 1 em casa.

A LDU tem também dois títulos da Recopa Sul-Americana, disputada entre o vencedor da Copa Libertadores (torneio sul-americano de elite) e o da Copa Sul-Americana (torneio sul-americano de segundo escalão). Em 2009, derrotou o Internacional com um placar agregado de 4 a 0. No ano seguinte, foi a vez de um argentino, o Estudiantes, ser superado.

Já fazia tempo que o time não vencia além dos limites do Equador. Desta vez, como nas anteriores, soube usar a altitude de 2.850 metros de Quito, desconfortável para a maior parte dos adversários. Na fase de grupos, venceu suas três partidas como mandante, empatou as três como visitante e avançou em primeiro na chave do Botafogo.

Seu único tropeço dentro dos próprios domínios foi no jogo de volta das oitavas de final. Derrotado por 3 a 2 pelo Ñublense, precisou dos pênaltis para sobreviver —havia vencido por 1 a 0 no Chile. Na sequência, fez 2 a 1 sobre o São Paulo em Quito. Derrotado por 1 a 0 no Morumbi, voltou a levar a melhor no desempate, nos tiros da marca penal.

Mais tranquila foi sua passagem pelas semifinais, encaminhada com vitória por 3 a 0 sobre o Defensa y Justicia e concretizada em empate sem gols na Argentina. Na final, em Maldonado, nos arredores de Punta del Este, não havia altitude. Mas os atletas da LDU não precisaram dela no jogo derradeiro.

Na decisão deste sábado (28), o Fortaleza pressionou e manteve a LDU sem espaço no primeiro tempo, mas a equipe brasileira tampouco conseguiu se impor. Foram poucas finalizações de cada lado —Marinho, aos 17 minutos, chegou mais perto do gol, mas hesitou com a bola na área.

Na volta do intervalo, Lucero marcou para o Fortaleza em seguida a um cruzamento rasteiro de Pochettino. Pouco minutos depois, Alzugaray empatou o jogo. O atleta passou por dois jogadores do Fortaleza e chutou sem dar chances de defesa do goleiro João Ricardo. O segundo tempo foi disputado, mas o título só foi decidido nos pênaltis.

Apesar do fracasso no sábado, os jogadores do Fortaleza se mostraram orgulhosos da campanha. Agora, a luta é para que a primeira decisão internacional da história do clube não seja a única.

A presença na decisão já representou bastante para um clube que passou oito temporadas seguidas na terceira divisão do Campeonato Brasileiro e só conseguiu subir para a segunda em 2017. Com o título da Série B em 2018, entrou em 2019 na elite do futebol nacional e nela fincou os pés, crescendo temporada a temporada.

Tem seu nome nessa história o técnico Rogério Ceni, que comandou a conquista da segunda divisão. Àquela altura, o clube já tinha como presidente Marcelo Paz, que assumiu o posto em 2017, está nele até hoje e é elogiado pela reestruturação que liderou.

Se Paz não está imune a críticas e tomou decisões questionáveis, a mudança é notória. O Fortaleza adotou um modelo de administração com diretores remunerados e fez investimentos certeiros, como o estabelecimento de uma estrutura moderna no centro de treinamento.

Outra aposta sagaz foi o acerto em 2021 com o técnico argentino Juan Pablo Vojvoda, hoje com 48 anos, que vinha de trabalhos satisfatórios em clubes menores da América do Sul, como o argentino Talleres e o chileno Unión La Calera.

Vojvoda desenvolveu uma base sólida e, diferentemente de Ceni, resistiu às investidas de times do Sudeste —nas semifinais da Sul-Americana, castigou o Corinthians, cuja proposta havia recusado. Teve momentos difíceis, é verdade, saindo da zona de rebaixamento do último Brasileiro para a zona de classificação à fase prévia da Copa Libertadores deste ano.

A caminhada na pré-Libertadores esbarrou no paraguaio Cerro Porteño, porém o Fortaleza construiu campanha firme na Sul-Americana. Uma campanha que ajuda a manter o clube saudável financeiramente, com prêmio de US$ 5,35 milhões (R$ 26,5 milhões) pelo vice-campeonato.

São cifras que contribuirão para que o balanço de 2023 seja ainda melhor do que o de 2022. Um ciclo virtuoso que permite mais investimentos no futebol e tem trazido também mais retorno —esportivo e financeiro.

No ano passado, segundo números divulgados pela agremiação, a receita bruta foi de R$ 267,9 milhões, um recorde para equipes do Nordeste, o que tornou bem manejável a dívida de R$ 33,1 milhões ao fim do último exercício.

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