Descrição de chapéu Judô

Projeto que leva judô a jovens de baixa renda e revelou campeã olímpica chega a São Paulo

Instituto Reação, do ex-judoca Flávio Canto, terá uma sede na Freguesia do Ó

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São Paulo

Aos 20 anos de existência, o Instituto Reação, criado pelo ex-judoca Flávio Canto e que dá aulas de judô para jovens de comunidades de baixa renda, inaugura sua primeira sede em São Paulo, na região da Freguesia do Ó. O lançamento será neste sábado (28), dia internacional do judô.

Hoje são cerca de 4.500 alunos em cinco estados atendidos pelo programa. A maior expoente do projeto é a judoca Rafaela Silva, campeã olímpica nas Olimpíadas do Rio em 2016, nascida na favela da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, e que hoje defende o Flamengo.

Aula de judô no Instituto Roldão, na região da Freguesia do Ó, em São Paulo, que firmou parceira com o Reação, de Flávio Canto. Na foto, há um tatame amarelo e crianças e adolescentes de kimono branco treinando judô
Aula de judô no Instituto Roldão, na região da Freguesia do Ó, em São Paulo, que firmou parceira com o Reação, de Flávio Canto - Eduardo Knapp - 23.out.2023/Folhapress

Segundo Flávio Canto, o Reação busca servir como porta de entrada para que os jovens tenham a oportunidade de se desenvolver não só no esporte, mas também nos estudos e profissionalmente.

"Quando começamos o Reação dando aulas na Rocinha [favela no Rio de Janeiro], fiquei impressionado com a sensação de pertencimento e a transformação causada na vida daquela garotada", diz o ex-atleta.

Além de oferecer aulas de judô e de jiu-jitsu, o projeto oferece reforço escolar e auxilia os alunos a conseguir bolsas de estudo e vagas de emprego via empresas parceiras.

O financiamento do Reação se dá principalmente por meio de doações via Lei de Incentivo ao Esporte, que oferece às empresas dedução no IR (Imposto de Renda) de valores gastos com doação a projetos esportivos.

Medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004, Canto afirma que, quando o projeto começou, entendia que não era necessário expandir as operações para além do Rio de Janeiro, diante da falta de oportunidade para os jovens da cidade.

Ao se dar conta de projetos tocados por outros judocas espalhados pelo Brasil que poderiam se fortalecer mutuamente junto ao Reação, percebeu a oportunidade que havia em expandir as fronteiras.

No polo de Belo Horizonte, o programa tem como parceiro Luciano Corrêa, campeão mundial em 2007. Em Cuiabá, ele é liderado por David Moura, que foi campeão nos Jogos Pan-Americanos de 2015, em Toronto. Em Tibau do Sul, no Rio Grande do Norte, o Reação fica sob os cuidados de Geraldo Bernardes, que foi treinador de Flávio Canto e Rafaela Silva e é também um dos idealizadores do projeto.

A chegada a São Paulo se deu por meio de uma parceria com o Instituto Roldão, liderado pelos voluntários Diogo Castilho e Diuly Stival e que, desde 2017, também oferece aulas de judô e de informática e reforço escolar para jovens da região. Atualmente são cerca de 150 alunos atendidos. O número deve mais do que dobrar com o Reação, que chega agregando um grupo com cerca de dez profissionais formado por treinadores, assistentes sociais e psicólogos.

Crianças a partir de 3 a 4 anos e demais interessados podem se inscrever diretamente na sede do projeto ou pelo site para participar. Diante do tamanho da demanda esperada, Canto prevê que será preciso aguardar em uma fila de espera até a chamada para começar a participar das aulas. Não há limite de faixa etária. Há alunos de até 50 anos participando do projeto. "O pagamento é a seriedade e o comprometimento dos alunos".

Esperanças de medalha no Pan-Americano

O Reação conta ainda com um grupo de alto rendimento, de atletas com potencial para se destacarem em competições nacionais e no exterior. Cerca de 250 lutadores compõem o grupo. Dois deles —Samanta Soares e Gabriel Falcão— foram convocados para a seleção brasileira para a disputa dos Jogos Pan-Americanos em Santiago, no Chile.

Conhecido nos tempos de atleta pela habilidade acima da média na luta de chão, Canto diz que busca passar aos alunos um repertório completo de treinamento, para que eles estejam preparados para se destacar em todos os torneios que disputam. As aulas complementares de jiu-jitsu contribuem para a formação de lutadores competitivos na luta em pé e no chão, diz o ex-judoca.

Mais do que formar futuros campeões, Canto assinala que o Reação tem como grande mérito permitir a integração entre grupos de pessoas que normalmente não teriam cruzado os caminhos se não fosse pelo judô. "Queremos formar faixas-pretas dentro e fora dos tatames".

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