Descrição de chapéu Seleção Brasileira Argentina

Briga entre torcedores atrasa início de Brasil x Argentina no Maracanã

Realizado sem divisão de torcidas, jogo começa quase meia hora após o previsto e termina com vitória dos visitantes

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Polícia agride torcedores argentinos durante confusão na arquibancada do Maracanã antes do início do jogo entre Brasil e Argentina Eduardo Anizelli/Folhapress

Rio de Janeiro

Uma briga nas arquibancadas do Maracanã atrasou em quase meia hora o início da partida entre Brasil e Argentina, na noite de terça-feira (21), pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. As cenas de violência foram vistas desde que os times se perfilaram para a execução dos hinos nacionais no Rio de Janeiro.

A confusão foi registrada no setor sul do estádio, atrás de um dos gols, onde havia brasileiros e argentinos. Houve conflito entre torcedores, com intervenção de policiais militares e agentes de segurança que trabalhavam na arena carioca.

Os atletas da Argentina, que começavam a se organizar para uma foto posada, perceberam a movimentação e se dirigiram às proximidades do local do entrevero. Marquinhos, o capitão do Brasil, fez gestos na tentativa de acalmar a situação, o que não ocorreu imediatamente. Seguranças usavam seus cassetetes enquanto assentos arrancados da arquibancada eram atirados.

Briga nas arquibancadas do Maracanã antes do duelo entre Brasil e Argentina
Momento da briga registrada no setor sul do Maracanã - Eduardo Anizelli/Folhapress

Então, o craque Lionel Messi, que se preparava para sua provável última partida como atleta profissional em solo brasileiro, chamou seus companheiros: "Vamos". Eles se dirigiram ao vestiário, e a realização da partida ficou em dúvida. Após cerca de 20 minutos, porém, já com a briga aparentemente controlada, a equipe de arbitragem comunicou que a bola rolaria.

Os jogadores argentinos retornaram ao campo, para novo trabalho de aquecimento, e o apito inicial foi trilado às 21h58, 28 minutos após a programação inicial. Quando o jogo finalmente começou, oito pessoas haviam sido detidas, entre brasileiros e argentinos, e duas haviam sido levadas ao centro médico do Maracanã.

Não havia informação de feridos com gravidade, embora as imagens da transmissão exibissem homens com sangramentos no rosto e escoriações em múltiplas partes do corpo. Nesse cenário, não surpreendeu que o ambiente fosse de tensão também entre os atletas, com entradas duras e discussões ao longo de boa parte do jogo. Joelinton foi expulso.

O Brasil teve bons momentos, com duas chances do atacante Martinelli. Mas a Argentina foi mais precisa em sua melhor oportunidade, aos 18 minutos do segundo tempo, em cobrança de escanteio de Lo Celso. Otamendi subiu mais do que André e Gabriel Magalhães para definir a vitória alviceleste por 1 a 0.

A partida foi realizada com torcedores das duas seleções misturados no estádio. Os argentinos estavam mais concentrados atrás de um dos gols, local em que ocorreu a briga.

De acordo com a Polícia Militar do Rio, não havia divisão por determinação da organização do jogo, responsabilidade da equipe mandante. Questionada, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) informou que contratou para isso o Consórcio Maracanã, que administra a arena.

"A CBF não tem nenhuma pessoa na operação no jogo. A operação é toda do Maracanã. A CBF contratou a operação que faz 70 jogos por ano no estádio. E não tem nenhuma responsabilidade na questão operacional. A gente é como a Argentina, um time que desembarcou aqui para jogar uma partida", disse a entidade, por meio de sua equipe de comunicação.

"O mando de campo é nosso, mas a operação não é nossa, é do Maracanã, que foi contratado por nós. Em relação à questão do isolamento, é uma questão de polícia. A CBF não é polícia para definir a estratégia de isolamento, a gente não tem estrutura nem competência para isso", acrescentou.

A reportagem procurou o Consórcio Maracanã, operado desde 2019 pelos clubes Flamengo e Fluminense, e não teve resposta até a atualização deste texto.

"Cabe ressaltar que não havia divisão entre torcidas nos setores do estádio do Maracanã por conta da venda de ingressos sem diferença entre as torcidas, o que foi definido pela organização do evento", afirmou, em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Segundo a PM, em casos de distúrbio, a prioridade de atuação é da equipe de segurança privada. Ainda de acordo com a corporação, é quando os seguranças particulares não dão conta da situação que são deslocados homens do Bepe (Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios). Nesta terça, demorou bastante para que fosse restabelecido algo próximo à normalidade.

Chamou a atenção a decisão de não haver divisão pelo histórico recente problemático. A final da última Copa Libertadores, realizada no último dia 4, entre o brasileiro Fluminense e o argentino Boca Juniors, também no Maracanã, foi antecedida de múltiplos casos de violência entre torcedores no Rio.

Encontro anterior entre as seleções de Brasil e Argentina também foi acidentado e teve apenas seis minutos de bola rolando, embora a questão não tenha sido de torcidas. Na ocasião, em 2021, quando ainda havia maiores restrições ligadas à pandemia de Covid-19, agentes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) entraram no gramado parando o confronto.

Eles informaram que jogadores argentinos tinham descumprido regras de quarentena para entrar no Brasil e avisaram que eles precisariam ser isolados. Posteriormente, como as Eliminatórias para o Mundial de 2022 já estavam definidas, houve acordo para a não realização do jogo. A CBF foi multada pela Fifa (Federação Internacional de Futebol) em 300 mil francos suíços (R$ 1,6 milhão na cotação da época).

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