Marcelo Teixeira volta a presidir o Santos após 13 anos em meio a maior crise do clube

Administrador de empresas e advogado ocupará o cargo de 2024 a 2026

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Santos

Marcelo Teixeira, 59, é o novo presidente do Santos. Após 13 anos, o administrador de empresas e advogado retoma o cargo máximo do clube. Ele já havia cumprido seis mandatos –de 1992 a 1993 e entre 2000 e 2009.

Teixeira superou outros quatro concorrentes. Ele foi eleito neste sábado (9), em um pleito marcado por enorme tensão e confusão na Vila Belmiro.

Marcelo Teixeira após vencer a eleição do Santos
Marcelo Teixeira após vencer a eleição do Santos - @SantosFC no Twitter

O mandato do dirigente que terá a missão de reconstruir o clube após o inédito rebaixamento à Série B será válido pelo próximo triênio –de 2024 a 2026.

Teixeira venceu com 4.762 votos (54,2%), superando Maurício Maruca, 1.378 (15,6%), Rodrigo Marino, 1.073 votos (12,2%), Ricardo Agostinho, 1.011 (11,5%), e Wladimir Mattos, 562 (6,4%). "Os votos são muito expressivos, pois demonstram confiança no nosso trabalho e projeto", disse o presidente eleito.

Em sua primeira entrevista logo após ganhar o pleito, Teixeira disse que o clube não vai usar a camisa 10, eternizada por Pelé (1940-2022), durante a Série B do Brasileiro.

No primeiro ano após a morte do Rei, com o campeonato da Série A inclusive recebendo a alcunha de Brasileirão Rei em homenagem ao ídolo, o time da Vila Belmiro teve uma temporada marcada por fracassos em série dentro e fora de campo, que culminaram com o rebaixamento.

O ano trágico para a equipe do litoral teve eliminações precoces no Campeonato Paulista, na Copa Sul-Americana e na Copa do Brasil. No Brasileiro, o time da Vila Belmiro ainda sofreu uma goleada de 7 a 1 para o Internacional.

A primeira queda da formação praiana para a Série B entra na conta da gestão do presidente Andres Rueda. Na avaliação dos críticos, faltaram critério e planejamento na contratação de jogadores e treinadores. Desde que o dirigente assumiu o clube, em 2021, nove técnicos passaram pelo banco de reservas.

O último balanço financeiro indica ainda que não é apenas dentro das quatro linhas que a equipe praiana tem sofrido com a má administração. O balancete referente ao segundo trimestre de 2023 mostrou que o clube somava uma dívida de aproximadamente R$ 700 milhões em junho, após apresentar um deficit de R$ 10,2 milhões no período.

O último título foi o Paulista de 2016. E a falta de títulos —uma das principais fontes de receita, com as respectivas premiações— impede que o clube consiga elaborar um plano para equacionar as dívidas.

"Inadmissível, vermos tantas crianças, mulheres, pessoas no mundo inteiro sofrendo com o Santos caindo. Vamos reconstruir e reconduzir o Santos", avisou Teixeira.

O presidente eleito prometeu que, em breve, o clube irá ao mercado para reforçar o time, mas não se comprometeu com datas. "Primeiro, eu preciso ver de que forma será feita a transição com a atual gestão."

"Acima de tudo, vamos adotar medidas emergenciais para que o Santos alcance os seus resultados", prosseguiu o cartola.

Teixeira também disse que irá conversar com Alexandre Gallo, responsável pelo futebol do Santos, antes de tomar qualquer decisão.

A vitória do cartola foi consolidada com ampla vantagem de votos no maior colégio eleitoral já registrado na história do clube, superando os 8.154 votantes de 2020, quando Andres Rueda acabou eleito.

Em Santos, na votação presencial, ele venceu em todas as dez urnas apuradas.

Assim como nos últimos anos, houve novo registro uma confusão. Desta vez, protagonizada por integrantes de uma das torcidas organizadas.

O grupo de torcedores arrombou um dos portões de acesso ao ginásio Athiê Jorge Coury, onde ocorria a votação, e iniciou um conflito com trocas de agressões com seguranças contratados pelo clube.

O principal alvo era Celso Jatene, ex-secretário de Esporte de São Paulo e atual presidente do Conselho Deliberativo.

O problema foi controlado com reforço da Tropa de Choque da Polícia Militar. Segundo o delegado seccional de Santos, Rubens Eduardo Barazal, os responsáveis dispersaram rapidamente. Um deles foi detido.

A apuração foi iniciada por volta das 17h20, com um pequeno atraso para compensar a paralisação de quase vinte minutos devido a confusão.

Teixeira terá como vice Fernando Gallotti Bonavides, ex-presidente do Conselho Deliberativo do clube entre 2016 e 2017.

Maior alvo dos concorrentes, o gestor volta ao clube prometendo implementar um "choque de gestão" com cinco pilares de atuação: gestão profissional e futebol vencedor, base formadora, tirar do papel a nova arena, voltar a fazer a marca do Santos forte e futebol feminino.

Segundo o dirigente, ainda não há um nome para definir um novo gestor de futebol e até mesmo um treinador. Ele diz que as decisões "serão precedidas de uma avaliação rigorosa", mas promete enxugar o elenco.

"É inegável que precisaremos reduzir o número atual de atletas que chega a cerca de cinquenta. O critério tem que ser qualidade, não quantidade", explicou.

Teixeira foi o último dos candidatos a formalizar a inscrição de sua chapa e diz que o retorno tem como base um clamor para ajudar o clube, em situação semelhante a que encontrou no início do atual século.

"Se a situação já era difícil, agora ficou dificílima, é fato. Mas vou usar a minha experiência e liderança para reerguer o Santos. Vou renegociar patrocínios e cotas de televisão", prometeu.

Durante os debates, o dirigente foi atacado pelos adversários políticos por uma declaração polêmica dada em 2009, enquanto ocupava o cargo, à Santa Cecília TV, emissora de sua universidade.

Na ocasião, disse que o Santos não teria forças para retornar caso caísse. Ele disse que a frase foi tirada de contexto.

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