Descrição de chapéu atletismo

Tratamentos para lesões em atletas amadores vão de gelo a ondas de choque

Traumas relacionados ao impacto contra o solo são os mais comuns no esporte, indicam especialistas

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São Paulo

As férias de verão e a virada de ano são datas em que muitas pessoas dão início a alguma atividade física para tentar perder peso e ter uma vida mais saudável. A empolgação causada pelos primeiros dias de prática esportiva, contudo, em muitos casos também vem acompanhada das lesões.

Sem o mesmo preparo e infraestrutura que os atletas profissionais, os corredores de finais de semana ficam mais sujeitos a uma série de contusões, segundo os especialistas, seja em decorrência do excesso de esforço após um longo período de inatividade ou por uma prática realizada de maneira inadequada.

Entre os tratamentos disponíveis, há desde ondas de choque para estimular a cicatrização até infiltrações para regeneração de tecidos, passando por métodos ainda em caráter experimental no país.

Atletas amadores durante a 98º edição da Corrida Internacional de São Silvestre, em São Paulo
Atletas amadores durante a 98º edição da Corrida Internacional de São Silvestre, em São Paulo - Adriano Vizoni - 31.dez.2023/Folhapress

Segundo Sérgio Maurício, ortopedista especialista em joelho e membro titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, as lesões mais comuns relacionadas à corrida são as que envolvem o amortecimento do impacto do corpo contra o solo.

"Quando aterrissamos contra o solo, a gente vai bater o pé, vai alongar a nossa musculatura da panturrilha, vai alongar o tendão de Aquiles", assinala o ortopedista.

Ele acrescenta que um atleta amador que participa de uma prova de corrida de rua com duração de cerca de uma hora dá uma média de 10 mil passos ao longo do percurso. "Ou seja, serão cinco mil ciclos de encurtamento e alongamento dessas estruturas, de cada lado. Por isso as lesões se dão por movimentos repetitivos".

São mais comuns as lesões nos músculos, nos ossos e nos tendões, diz o especialista. São casos como a síndrome do estresse medial da tíbia, popularmente conhecida como canelite, e a fascite plantar, inflamação de uma membrana na planta do pé causada por esforço excessivo.

Luciano da Rocha Loures Pacheco, ortopedista especialista em joelho e quadril, afirma que o tratamento das lesões pode ser dividido entre os modos conservador e cirúrgico.

No modo conservador, a recomendação é fazer compressas de gelo, repouso do membro afetado e medicação analgésica e anti-inflamatória. Passada a fase mais aguda da lesão, então deve ser iniciado um processo de reabilitação com um fisioterapeuta, que vai fazer a orientação adequada para recuperação dos movimentos articulares e fortalecimento da musculatura afetada.

Sérgio Maurício afirma que, ao iniciar o processo de tratamento das lesões, é recorrente na medicina do esporte tentar manter o atleta fazendo alguma atividade que não agrave o problema, de modo a preservar o condicionamento físico.

"Se o paciente tem uma lesão na perna e sente dor para correr, mas não para pedalar ou correr na areia fofa, diminuímos o volume de treino da pessoa e variamos o estímulo", diz o ortopedista.

Entre os tratamentos de recuperação aos atletas amadores, Maurício cita a terapia por ondas de choque, que tem como objetivo estimular a cicatrização, muito usado em fraturas por estresse e lesões no tendão; e a proloterapia, método que se vale de infiltrações de ácido hialurônico para regenerar tecidos lesionados.

O especialista afirma que há ainda uma série de estudos promissores em curso, que se valem, por exemplo, do uso de células tronco e plasma rico em plaquetas do próprio paciente.

Alguns desses métodos inovadores, no entanto, ainda não possuem as devidas aprovações do CFM (Conselho Federal de Medicina) e têm o uso restrito no país. "São tratamentos amplamente difundidos nos Estados Unidos e na Europa", diz Maurício, que também é maratonista e faz parte da equipe de especialistas da Maratona do Rio.

Pacheco acrescenta que, independentemente do esporte praticado, todos necessitam de uma mínima preparação antes de iniciar a sua prática.

Segundo ele, o ideal é gastar pelo menos entre cinco a dez minutos antes de iniciar a atividade esportiva fazendo um aquecimento muscular —se for um esporte que use mais os membros superiores, com o aquecimento dos ombros, braços, punhos e cintura. Já se a atividade em questão exigir mais dos membros inferiores, é recomendado o aquecimento dos músculos das coxas, panturrilhas e tornozelos e da musculatura da coluna lombar.

Pacheco diz ainda que não devem ser feitos alongamentos musculares antes da atividade esportiva, mas sim após o seu término. Isso porque a atividade com os músculos já aquecidos reduz o risco de uma contratura ou até de uma lesão mais grave.

"O importante é o atleta amador respeitar o limite do seu corpo, procurar informações com médicos do esporte, educadores físicos, fisioterapeutas nutricionistas, manter uma alimentação saudável, evitar o excesso de peso e sempre fazer aquecimento antes e alongamento muscular depois da atividade física", afirma o especialista.

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