Descrição de chapéu F1

Mercedes tem carro repaginado para tentar voltar ao topo no adeus de Hamilton

Equipe abandona completamente o conceito que a fez comer poeira da Red Bull nos últimos anos

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São Paulo

Toto Wolff, chefe da Mercedes, costuma fazer uma analogia sobre escalar o monte Everest para descrever o esforço de sua equipe nos últimos dois anos para alcançar o desempenho da Red Bull e, principalmente, de Max Verstappen. Ele fez isso novamente na semana passada quando a escuderia alemã revelou o carro de Lewis Hamilton e George Russell para a temporada de 2024 da F1.

"Se uma equipe estiver muito à frente, como a Red Bull esteve no ano passado, não vai ser fácil", afirmou o austríaco. "É uma grande montanha para escalar", ele acrescentou.

O abismo atual já é grande. Ficou evidente quando a temporada de 2023 chegou ao fim, confirmando com números fechados aquilo que se viu ao longo do ano todo: um domínio quase absoluto da Red Bull.

Foram 21 vitórias, em 22 corridas —sendo 19 de Verstappen; mais da metade das poles, com 14, sendo 12 delas também com o holandês; e 87% de todas as voltas do ano na liderança (1.149), sendo 75%, ou 1.003, com o atual tricampeão, só para citar alguns dos principais números do ano.

Lewis Hamilton, Toto Wolff e George Russell na apresentação do carro de 2024 da Mercedes
Lewis Hamilton, Toto Wolff e George Russell na apresentação do carro de 2024 da Mercedes - 14.fev.24/AFP

Abalar de alguma forma essa hegemonia é o grande plano da Mercedes para 2024. Mas o desafio ganhou um significado extra por se tratar do último ano de Lewis Hamilton na equipe antes da mudança do heptacampeão para a Ferrari, em 2025.

Mais do que continuar escalando o monte, Wolff passou a desejar que a última dança do britânico com a equipe com a qual ele ganhou seis de seus sete títulos seja novamente uma temporada vitoriosa.

"Estamos motivados para fazer um carro realmente rápido, trabalhando duro na fábrica para entregar um grande produto", afirmou o austríaco.

A apresentação do novo modelo da Mercedes deu algumas pistas do caminho que a escuderia optou por seguir. Além da pintura, agora uma mescla do prata, com o qual a equipe ficou marcada nos anos em que esteve na dianteira da categoria, com o preto, adotado desde 2020 a pedido de Hamilton como símbolo na luta contra o racismo, o novo carro apresentou um novo conceito aerodinâmico.

A equipe enterrou de vez os chamados "sipodes zero", com as laterais bem estreitas, deixando as bordas do assoalho salientes, que nunca provaram nas pistas o desempenho que era visto no túnel de vento. Em vez disso, desenvolveu um chassi mais tradicional, com novas suspensões dianteira e traseira, mudou a posição dos pilotos, trouxe uma nova caixa de câmbio, além de detalhes aerodinâmicos quase impossíveis de detectar, como a altura do assoalho para o solo, mas que podem fazer grande diferença nas corridas.

De acordo com o diretor-técnico James Allison, a traseira do carro também recebeu uma atenção especial depois de ser descrita por Hamilton e por George Russell como "imprevisível" e "rancorosa". Os pilotos não tinham segurança para fazer curvas de alta velocidade ao longo de 2023. Além disso, o carro se mostrava arrastado em linha reta, o que prejudicava o efeito do DRS (a abertura da asa móvel), um dos pontos mais fortes da Red Bull.

"Trabalhamos para tentar criar um carro reconfortante para os pilotos", disse Allison. "Fizemos mudanças mecânicas que esperamos que se traduzam em mais desempenho, previsibilidade, e um carro que eles [os pilotos] possam realmente impulsionar", acrescentou Wolff.

O primeiro teste da nova Mercedes será nesta quarta-feira (21), quando se inicia a pré-temporada da F1 no circuito do Bahrein. Serão três dias de atividades na pista do Oriente Médio.

Em cada um dos dias, as equipes terão oito horas de tempo de pista, divididas em duas sessões de quatro horas. As atividades começam às 10h no horário local (4h de Brasília). O canal Bandsports vai transmitir. A primeira etapa do ano será disputada no dia 2 de março, também no Bahrein, às 12h (de Brasília).

Em 2023, logo nos testes, Hamilton já percebeu que o ano seria difícil com o carro que a Mercedes tinha. A falta de confiança dele de que a equipe pudesse dar um grande salto neste ano é um dos motivos apontados pela imprensa inglesa para a transferência para a Ferrari a partir do ano que vem.

No lançamento do novo carro da Mercedes, Hamilton reconheceu que vive um "período emocional" desde o anúncio de sua mudança, afinal são 11 anos na escuderia alemã, mas que vai fazer de tudo para ter um último grande ano com a equipe.

Embora o sonho de consumo seja a conquista do oitavo título de sua carreira, ele tem expectativas mais modestas para este ano, como voltar a vencer uma corrida para dar fim ao maior hiato de vitórias de sua carreira. O último triunfo dele —o 103º de sua trajetória na F1— foi no GP da Arábia Saudita, em 2021.

Depois disso, a Mercedes só conseguiu vencer uma única corrida, em 2022, com George Russel, no GP de São Paulo. Mesmo sem vencer na temporada de 2023, a equipe terminou como vice-campeã, três pontos à frente da Ferrari (409 a 406), rival com a qual conseguiu travar boas disputas, uma vez que a Red Bull teve um Mundial à parte, com 860 pontos, mais do que as duas rivais juntas.

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