A treinadora holandesa da seleção indiana de hóquei, Janneke Schopman, denunciou as desigualdades de gênero existentes no país, tanto no esporte quanto na sociedade em geral, informou o jornal Indian Express nesta segunda-feira (19).
Primeira mulher a treinar uma seleção indiana de hóquei sobre grama, Schopman lamentou, entre lágrimas, os privilégios dos quais a equipe masculina se beneficia.
"Venho de uma cultura onde a mulher é respeitada e valorizada. Não sinto isso aqui", lamentou a antiga campeã olímpica, de 46 anos, citada pelo Indian Express, após a vitória da Índia sobre os Estados Unidos em um jogo decisivo da FIH Pro League disputado em Odisha, no leste do país asiático.
Desde salários mínimos até a falta de campos de treinamento ou cobertura midiática, as atletas indianas frequentemente enfrentam desigualdades de tratamento, especialmente nos esportes dominados pelos homens, como o hóquei e o críquete.
Schopman admitiu ter se sentido "sozinha nos últimos dois anos" e disse que não se sente "considerada ou valorizada" pela federação de hóquei do país asiático.
"Vejo a diferença de tratamento em relação aos treinadores masculinos (...), entre as meninas e a equipe masculina, de uma maneira geral", insistiu.
"Pessoalmente, vindo dos Países Baixos e tendo trabalhado nos Estados Unidos, este país é extremamente difícil para uma mulher, vindo de uma cultura onde, sim, (a mulher) pode ter uma opinião que seja valorizada. É realmente difícil".
Schopman assumiu a seleção feminina da Índia após os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021, depois de ter atuado como analista da equipe.
"Quando era treinadora assistente, algumas pessoas nem mesmo me olhavam ou não me reconheciam (...) e ao me tornar treinadora principal de repente as pessoas começam a se interessar por mim. Sofri muito com essa situação", acrescentou.
Schopman tem contrato até os Jogos de Paris, para os quais a Índia não se classificou.
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