Em seu segundo ano no Brasil, FE busca apagar falhas e aumentar base de fãs

Corrida do campeonato de carros elétricos será disputada neste sábado (16), no Anhembi

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São Paulo

De volta ao Brasil para a segunda corrida no país após sua estreia em 2023, a Fórmula E desembarca em São Paulo neste fim de semana pressionada a corrigir as falhas do primeiro evento, realizado no circuito de rua desenhado no entorno do Sambódromo do Anhembi, ao mesmo tempo que trabalha para expandir sua base de fãs.

O cenário deste ano se apresenta mais favorável para a categoria, sobretudo por fatores externos, como a ampliação da oferta de carros elétricos no país, o que, na visão dos pilotos, acaba gerando maior interesse pela FE —a prova deste ano será disputada neste sábado (16), às 14h04 (de Brasília), com transmissão da Band.

"Pela primeira vez, o carro elétrico é uma coisa tangível para o brasileiro", diz à Folha Lucas Di Grassi, um dos dois brasileiros no grid deste ano. "Um carro elétrico agora está na faixa dos R$ 100 mil. Isso também gerar mais interesse sobre a categoria", acrescenta o campeão da temporada 2016-17.

Sérgio Sette Camara é outro piloto brasileiro que também representa o país no campeonato deste ano.

Corrida da Fórmula E no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, neste sábado (25)
Corrida da Fórmula E no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, neste sábado (25) - Danilo Verpa -25.mar.23/Folhapress

Além da presença dos dois no grid, os organizadores da FE acreditam que o mundial tem grande potencial de atrair um público jovem por aqui, pois entendem que os mais novos dão atenção uma maior a questões relacionadas à sustentabilidade do planeta, a principal bandeira da competição de carros elétricos.

Além daqueles que se interessam pela tecnologia promovida pela FE, os organizadores locais também querem melhorar a imagem do campeonato no Brasil. Embora a primeira etapa no país, realizada no ano passado, tenha sido bastante competitiva na pista, o evento teve algumas falhas que a FE promete ter corrigido.

Longas filas para o acesso a serviços de venda de comidas e bebidas, assim com pontos de água para a hidratação para os torcedores, além de problemas nas condições no asfalto do traçado da pista foram os pontos em que a categoria buscou melhorar para 2024.

Guilherme Birello, organizador do ePrix de São Paulo, reconhece que a primeira edição esteve aquém do que a categoria desejava oferecer para os brasileiros, mas valoriza o fato de o país ter, enfim, entrado no calendário da competição. "A FE tenta vir ao Brasil desde sua primeira temporada. O primeiro contrato da categoria, quando ela foi criada [em 2014], foi com o Rio de Janeiro, e mesmo assim não veio para cá", diz ele à Folha.

"Então, o balanço de 2023 é que nós tivemos uma corrida de FE no Brasil", acrescenta. "Mas a experiência para o público, enquanto entretenimento, enquanto experiência mesmo, esse aspecto de ter conteúdo, ela foi ruim. Não para todo mundo, mas para uma boa parte. E não é o que a FE deseja."

De acordo com Birello, todas as pessoas que buscaram os canais de atendimento da categoria para fazer reclamações em relação à corrida de 2023 foram convidadas a voltar ao evento. "Foram 110 pessoas que efetivamente fizeram reclamações em nossos canais. Todas elas foram convidadas a retornar neste ano."

"Para a corrida deste ano, nós encurtamos a distância do portão de acesso até o evento. Aumentamos os postos de hidratação de quatro para dez, com mais de 30 mil copos de água e ampliamos as áreas com os serviços de bebidas e comidas", acrescenta o organizador.

A expectativa dele é que a prova possa superar o público do ano passado, quando 23 mil torcedores estiveram no Anhembi. Segundo Birello, até a última segunda-feira (11), cerca de 19 mil entradas haviam sido vendidas para a corrida. A carga total é de 25 mil.

Para superar o número registrado em 2023, a FE buscou parceiros que pudessem ampliar seu alcance no país. Um dos acordos firmados foi com o Corinthians para que os torcedores do clube pudessem comprar ingressos com desconto de até 10%. O valor da entrada inteira convencional começa na faixa de R$ 300.

"O Brasil é um país muito importante para nós", diz Alberto Longo, co-fundador da FE. "Por isso estamos fazendo um esforço para alcançar um engajamento com os fãs locais que gostam de futebol."

Brasileiro Lucas Di Grassi em ação na pista do Sambódromo do Anhembi
Brasileiro Lucas Di Grassi em ação na pista do Sambódromo do Anhembi - Danilo Verpa -25.mar.23/Folhapress

A categoria tem contrato com São Paulo para realizar uma corrida por ano na cidade até 2027. Em 2025, o Brasil deverá receber a etapa de abertura do campeonato, possivelmente, antes do Carnaval.

Em relação a 2023, também houve um investimento para melhorar as condições da pista. Para Lucas Di Grassi, o grande problema no ano passado foram as ondulações na reta principal, "que já foram solucionadas", afirma. "A questão do grip [a aderência dos pneus] faz parte porque é um circuito de rua", acrescenta.

Além de atrair torcedores para a etapa brasileira, o objetivo da FE é estabelecer um vínculo mais forte com os torcedores, algo que não aconteceu no ano passado. "Tivemos um período de silêncio depois da prova", afirma Guilherme Birello. De acordo com ele, a meta agora é despertar o interesse para a sequência da temporada. "Nosso processo de divulgação não vai parar até o final do campeonato", acrescenta.

Disputado pela primeira vez em 2014, o mundial ainda não é muito conhecido por aqui, embora, desde o ano passado, faça parte da grade da Band. A emissora, que também detém os direitos de transmissão da F1, fechou um acordo em 2023 para exibir todas as etapas da FE no Bandsports, no Bandplay e no site do canal, além de, a partir deste ano, transmitir até nove corridas na TV aberta, incluindo a etapa brasileira.

Em 2023, no entanto, apenas o ePrix São Paulo foi exibido na TV aberta, algo que dificultava a missão de furar a bolha daqueles que são apaixonados por automobilismo mesmo com a presença de dois pilotos do Brasil no grid, Lucas Di Grassi e Sergio Sette Camara.

A etapa da F1 do ano passado, realizada em Interlagos, rendeu à Band uma média de 5,1 pontos de audiência na Grande São Paulo, principal mercado de televisão do país, enquanto o ePrix teve média de 1 ponto —cada ponto equivale a 191 mil telespectadores.


Programação do E-Prix de São Paulo 2024
Sexta-feira, 15 de março
16h30 – 17h: 1º Treino Livre

Sábado, 16 de março
7h30 – 8h: 2º treino livre
9h40 – 11h03: treino classificatório
14h04: Corrida (Transmissão pela Band)

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