Descrição de chapéu carro elétrico

Estreia da Fórmula E em SP tem batidas, abandonos e brasileiro em último

Lucas Di Grassi chega em 13º e Sette Câmara fecha o grid na primeira etapa brasileira

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São Paulo

Na busca por ampliar a sua base de fãs no Brasil, a Fórmula E estreou no país neste sábado (25) com uma corrida de altos e baixos no circuito de rua desenhada no entorno do Sambódromo do Anhembi.

O final emocionante, com os dois neozelandeses Mitch Evans e Nick Cassidy disputando acirradamente a vitória até os metros finais da longa reta de 650 metros —a maior nesta edição do campeonato— contrastrou com outros problemas, dentro e fora da pista, que a categoria deverá dar mais atenção nos próximas anos.

Se o traçado agradou a maioria dos pilotos, o mesmo não se pode dizer sobre as condições do asfalto. O brasileiro Sérgio Sette Câmara, por exemplo, reclamou que havia pouca aderência, o que dificultava a luta por ultrapassagens.

Corrida da Fórmula E no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, neste sábado (25)
Corrida da Fórmula E no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, neste sábado (25) - Danilo Verpa/Folhapress

"Os carros ficavam um atrás do outro, quase como um trenzinho, e deixavam para se arriscar no final da reta, já perto da chicane", afirmou o brasileiro.

Como foi punido na classificação e largou em 16º, foi difícil para ele fazer uma corrida de recuperação. Sette Câmara cruzou a linha de chegada na 17ª e última posição —ao todo, 5 dos 22 pilotos tiveram de abandonar a corrida após batidas durante a prova.

Outro que saiu insatisfeito com a pista e com seu próprio desempenho foi Lucas Di Grassi. Presente na categoria desde a temporada de estreia, em 2014, ele sempre atuou nos bastidores para trazer a FE ao Brasil e foi o garoto-propaganda do E-Prix São Paulo.

Antes da corrida, a expectativa do piloto, que ainda não venceu neste ano, era fazer um bom resultado em casa. Mas, sem o "carro competitivo que foi prometido" por sua equipe e após cometer um erro durante a classificação, ele largou na última posição e terminou apenas em 13º.

"A pista é bem legal, mas as ondulações precisam ser corrigidas", reclamou o campeão da temporada de 2016-2017.

Mesmo com o paulista e o mineiro distantes do pódio, a FE tentou organizar uma festa à moda brasileira. Com o sambódromo como pano de fundo, a entrega dos troféus foi feita em cima de um carro alegórico, decorado com animais da fauna brasileira. Uma bateria de escola de samba e passistas também estavam presentes.

A comemoração ficou por conta dos neozelandeses Evans e Cassidy, respectivamente, primeiro e segundo colocados, além do britânico Sam Bird, que completou o pódio em terceiro.

Brasileiro Lucas Di Grassi em ação na pista do Sambódromo do Anhembi
Brasileiro Lucas Di Grassi em ação na pista do Sambódromo do Anhembi - Danilo Verpa/Folhapress

O bom desempenho deles e o fracasso dos brasileiros foi acompanhado por um bom público. De acordo com a organização do evento, cerca de 23 mil pessoas estiveram no local.

Na véspera da prova, o CEO da categoria, Jamie Reigle, disse à Folha que sua expectativa era alcançar a lotação máxima do Anhembi, com cerca de 25 mil pessoas. No entanto, nem todas as arquibancadas do local ficaram completamente cheias.

Com menos de dez anos de existência, o mundial ainda não é muito conhecido por aqui. Além disso, com exceção à etapa brasileira, transmitida ao vivo pela Band, o campeonato não tem exibição na TV aberta e, por isso, ainda não furou a bolha daqueles que são apaixonados por automobilismo.

Também não ajudou muito o fato de o evento ter sido realizado no mesmo fim de semana dos três dias de shows do Lollapalooza, um festival que atrai muitos jovens, público alvo da FE.

A categoria entende que, em geral, os mais novos dão uma atenção maior a questões de sustentabilidade, a principal característica da competição de carros elétricos, frequentemente comparado à F1.

Embora nunca tenha sido um objetivo rivalizar com a principal categoria do automobilismo, o campeonato de carros elétricos rapidamente se colocou como laboratório para o desenvolvimento de tecnologias, algo em que a F1 sempre foi vanguarda.

"Os carros elétricos são o futuro", reconheceu Emerson Fittipaldi, bicampeão mundial de F1 (1972 e 1974), presente no Anhembi durante o fim de semana da FE.

Para ele, a "F1 sempre será a F1" com carros a combustão, mas caberá à FE desenvolver tecnologias que serão vistas nos carros de rua. "Por ter uma matriz energética limpa, o Brasil tem muita vantagem nisso."

Desde seu primeiro campeonato, a FE teve carros 100% elétricos, enquanto a F1 tem atualmente apenas 25% da potência dos carros gerada pela recuperação de energia cinética.

Além do aspecto sustentável, essa diferença também afeta o som dos veículos. Quem foi ao Anhembi se surpreendeu com o barulho, ou melhor, a ausência dele. O som que vinha da pista era semelhante ao de antigos autoramas, presentes no sambódromo no estande de um patrocinador.

Para quem gosta de automobilismo, fez falta o famoso ronco dos motores. Por outro lado, há quem prefira assim. "O Téo gosta muito de carrinho, mas acho que não o levaria na F1 pelo barulho. Aqui fica mais tranquilo", diz Tatiane Moura, 34, terapeuta, que foi ao Anhembi com o filho de um ano e o marido.

Enquanto falava com a reportagem, o marido dela estava na fila para carregar com dinheiro uma pulseira magnética usada pelo evento para que os torcedores pudessem pagar por bebidas e comidas.

O sistema era simples de ser usado, mas o processo para colocar os créditos gerou algumas filas, o que irritou alguns presentes. "Esperar quase uma hora para gastar R$ 300 não dá", afirma o bancário Leandro Rio, 45, que foi à corrida com o filho Gustavo, 10.

As amigas Giuliana Amarante, 28, e Ana Lopes, 26, encontraram uma saída melhor. "A gente parou para ver os preços em um quiosque e lá mesmo conseguimos carregar, sem filas. Mas não tinha nenhuma placa. A gente que descobriu", conta Giuliana. "Mas tem sido um evento legal. A gente acabou de chegar e estamos curtindo", diz Ana.

Ainda durante o evento, dois notebooks teriam sido furtados da sala da imprensa. Os profissionais não foram encontrados para comentar sobre o caso, e a Fórmula E afirmou que, após receber o relato do furto, "comunicou imediatamente as autoridades policiais presentes no local".

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