Descrição de chapéu The New York Times basquete

Morre Jerry West, 86, lenda do basquete que inspirou o logo da NBA

Integrante do Hall da Fama, ex-atleta do Lakers foi também executivo da equipe; sua silhueta batendo bola virou símbolo da liga americana

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The New York Times

Jerry West, um dos maiores jogadores de basquete, figura emblemática na história do Los Angeles Lakers e um ícone literal do esporte –sua silhueta é o logotipo da NBA–, morreu nesta quarta-feira (12). Ele tinha 86 anos.

O Los Angeles Clippers anunciaram sua morte, mas não forneceram outros detalhes. West foi consultor da equipe nos últimos anos.

Por quatro décadas, primeiro como jogador e depois como olheiro, treinador e executivo, West desempenhou um papel relevante na evolução da NBA em geral e dos Lakers em particular, começando em 1960, quando a equipe se mudou de Minneapolis para Los Angeles, e ele foi sua primeira escolha no draft.

Ele conquistou campeonatos com várias gerações de equipes e estrelas dos Lakers e foi um all-star em cada uma de suas 14 temporadas. Fora o grande ala Elgin Baylor, que se aposentou sem um campeonato, pode nunca ter havido um jogador maior que bateu tantas vezes na trave quanto West.

Jerry West com a bola encara Walt Frazier, do New York Knicks, em partida de 1972 - NYT

Durante seu tempo, os Lakers quase sempre estiveram perto do campeonato, mas West teve a infelicidade de jogar enquanto o Boston Celtics, com Bill Russell no comando, estava no auge –eles venceram os Lakers nas finais seis vezes.

Só depois que os Lakers adquiriram seu próprio gigante, Wilt Chamberlain, que eles triunfaram, mas mesmo assim levou quatro temporadas –e uma sétima derrota nas finais, para o New York Knicks em 1970.

Os Lakers de 1971-72 venceram 69 jogos, um recorde na época, incluindo uma sequência ainda não igualada de 33 seguidas. Quando eles vingaram sua derrota para os Knicks, vencendo o campeonato de 1972, West falou após o último jogo com um colossal senso de alívio, lembrando que sua sede pela vitória final começou antes de entrar para os profissionais. Em 1958, seu terceiro ano na Universidade da Virgínia Ocidental, sua equipe chegou às finais nacionais contra a Califórnia, apenas para perder por um ponto.

"A última vez que ganhei um campeonato foi no 12º ano", disse West depois de marcar 23 pontos quando os Lakers venceram os Knicks por 114-100 para capturar a série em cinco jogos. Ele acrescentou: "Esta é uma sensação fantástica. Este é um verão que eu realmente vou aproveitar."

Como gerente geral dos Lakers, West teve mais sucesso. Ele liderou uma equipe que incluía Kareem Abdul-Jabbar, Magic Johnson e James Worthy para um campeonato em 1985 –finalmente uma doce vingança contra os Celtics– e novamente em 1987 e 1988.

Jerry West durante partida da NBA; ele é integrante do Hall da Fama do esporte - Ethan Miller - 7.jun.22/Getty Images/AFP

Em 2000, como vice-presidente executivo (seu papel era como um super gerente-geral, com autoridade sobre pessoal), ele venceu novamente, tendo trazido Kobe Bryant e Shaquille O'Neal a bordo. West deixou os Lakers após aquela temporada, mas a equipe construída em grande parte sob sua supervisão conquistou mais dois campeonatos seguidos.

Como um armador de braços longos e arremessador afiado, West, que jogou de 1960 a 1974, está na lista de qualquer pessoa dos melhores jogadores de perímetro na história do jogo. Com 1,88 m ou 1,90 m e bem menos de 90 kg, ele não era especialmente grande, mesmo para os padrões da época: seus grandes contemporâneos Oscar Robertson, John Havlicek e, um pouco mais tarde, Walt Frazier eram mais altos, mais fortes e habilidosos em postar-se contra armadores adversários.

Símbolo da NBA é baseado em Jerry West, astro do Lakers - Adam Glanzman - 6.jun.24/Getty Images via AFP

Mas West, que rotineiramente jogava mesmo com lesões –seu nariz foi supostamente quebrado nove vezes– era um saltador rápido e poderoso, com um lançamento de mão direita relâmpago. Tudo isso permitia que ele arremessasse contra defensores mais altos e mais fortes.

Ele não era o melhor driblador da liga, mas estava entre os melhores passadores, com média de quase sete assistências por jogo, e seus quase seis rebotes por jogo eram melhores que a média para um armador. Ele tinha mãos rápidas na defesa, enorme resistência, uma presença ativa e incansável na quadra –uma qualidade frequentemente descrita como um grande motor– e um sentido superior de quadra.

No entanto, ele era provavelmente mais conhecido por se destacar em situações difíceis e grandes jogos, por querer a bola quando o jogo estava em equilíbrio e por fazer arremessos sob pressão.

Nas finais de 1970 contra os Knicks, West fez um dos arremessos mais memoráveis da história da liga. Com os Lakers perdendo por dois pontos e o relógio se esgotando, seu arremesso de buzina de além da metade da quadra empatou o jogo. O arremesso de três pontos não estava em vigor –a NBA só adotou em 1979– e os Lakers perderam na prorrogação.

"Se o jogo se resume a um arremesso", disse West uma vez, "eu gosto de arremessar a bola. Não me preocupo com isso. Se não entrar, não entra."

West liderou a NBA em pontuação em 1969-70 com 31,2 pontos por jogo, marcou mais de 30 pontos por jogo em quatro temporadas e teve média de 27 pontos durante a temporada regular de sua carreira, a sexta maior marca de todos os tempos na NBA - a terceira maior na época de sua aposentadoria (atrás de Chamberlain e Baylor).Mas ele foi ainda melhor nos playoffs, quando teve uma média de mais de 30 pontos por jogo sete vezes, incluindo 40,6 em 1964.

Nas finais de 1969 contra os Celtics, ele teve uma média de 37,9 pontos, incluindo 42 no jogo final, no qual também teve 13 rebotes e 12 assistências e liderou uma recuperação no quarto quarto que, de forma desoladora, ficou a um cesto de distância. Ele foi nomeado o MVP da série, ainda sendo a única vez em que um jogador perdedor foi o MVP das finais. Depois, os Celtics estavam cheios de elogios.

Bill Russell chamou West de "o maior jogador do jogo".

"O cara por quem eu senti pena nesses playoffs foi Jerry West", disse John Havlicek ao escritor Terry Pluto para seu livro de 2000 "Tall Tales: The Glory Years of the NBA". "Ele foi tão incrível, e ele estava absolutamente devastado. Quando saímos da quadra, fui até Jerry e disse: 'Eu te amo e espero que você consiga um campeonato. Você merece tanto quanto qualquer pessoa que já jogou esse jogo'. Ele estava emocionalmente esgotado demais para dizer qualquer coisa, mas você podia sentir sua absoluta e total desilusão por perder."

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