O judoca Tohar Butbul experimentou nesta segunda-feira (29), mais uma vez, a frustração de ser alvo do que ele diz acreditar ser um boicote. Em sua estreia nos Jogos Olímpicos de Paris na categoria até 73 kg, o israelense subiu no tatame da Arena Champ de Mars, cumprimentou o juiz e, em seguida, foi declarado vencedor por ippon, devido à desclassificação de seu oponente, o argelino Dris Messaoud Redouane.
Na véspera do duelo, o atleta da Argélia acabou desclassificado durante a pesagem oficial. Ele apareceu com 73,4 kg, cerca de 400 g acima do permitido para sua categoria. Acredita-se, no entanto, que o motivo real para isso seja político, motivado pelas divergências entre Israel e Argélia.
O Comitê Olímpico Argelino, que não reconhece o estado de Israel como a maioria das nações árabes e muçulmanas, porém, não quis comentar o caso. Redouane pode ser punido pela Federação Internacional de Judô caso seja provado que ele se desclassificou intencionalmente.
Butbul, porém, evitou polemizar diretamente com o oponente, a quem ele diz que "respeita".
"Não o odeio. Gostaria de ter lutado. Não aconteceu. Às vezes a política atrapalha [o esporte]. Pode ser que ele quisesse lutar, mas seu governo não o permitiu. Acredito que os atletas argelinos e a maioria dos atletas muçulmanos não possam lutar contra os israelenses. Acho que são vítimas", disse o israelense logo após sua eliminação na luta seguinte, diante de Hidayat Heydarov, do Azerbaijão, o atual campeão mundial e número um do mundo.
"Eu realmente queria lutar com ele [Dris], e isso não aconteceu. Talvez nas próximas Olimpíadas nos encontremos novamente, e possamos fazer isso", acrescentou.
Nos Jogos de Tóquio-2020, Tohar Butbul viveu situação semelhante, quando Fethi Nourine, também da Argélia, desistiu de competir com o israelense. Na ocasião, o treinador de Nourine, Amar Benikhlef, sofreu uma dura punição, com uma suspensão por 10 anos.
"Acontece muitas vezes, comigo três no total contando o Mundial de 2019, no Japão. E acho que todos contra atletas argelinos. É complicado. Eu sou atleta, esse é meu trabalho e vim lutar. Ele também se esforçou muito para estar nos Jogos Olímpicos, mas acredito que seu governo o forçou. Eu acredito nessa situação", contou o israelense.
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