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Olimpíadas 2024 ginástica artística

Quedas, no desempenho e literal, impedem prata da ginástica de bronze

Nota na trave de Julia Soares, caçula da equipe, caiu vertiginosamente da classificação para a final; até Rebeca Andrade piorou nesse aparelho

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São Paulo

O bronze olímpico conquistado pela equipe feminina de ginástica artística em Paris nesta terça-feira (30) foi muito comemorado, pelas atletas e pelo Brasil.

E tinha que ser mesmo, pois o feito é inédito em Olimpíadas.

O que poucos se atentaram é que esse bronze, por muito pouco, deixou de ser uma prata.

A diferença na pontuação final entre o Brasil e a Itália, segunda colocada, foi de apenas 0.997 ponto (165.494 x 164.497).

A brasileira Julia Soares, que caiu em sua apresentação na trave na final por equipes da ginástica artística nas Olimpíadas, baixa a cabeça diante do aparelho, que traz a inscrição "Paris 2024"
A brasileira Julia Soares, que caiu em sua apresentação na trave na final por equipes da ginástica artística nas Olimpíadas de Paris - Amanda Perobelli - 30.jul.2024/Reuters

Uma façanha ainda maior só não foi alcançada porque ginastas brasileiras pioraram a performance na final em alguns aparelhos –três delas em todos– na comparação com a etapa classificatória.

A pontuação do Brasil poderia ter sido de 167.331, bem acima da obtida pela Itália (mas ainda longe da dos EUA de Simone Biles, ouro com 171.296), caso as ginastas repetissem as notas anteriores.

O caso mais gritante é o de Julia Soares, 18, a caçula do time.

Na classificação da trave, ela ganhou nota 13.800. Na apresentação decisiva, porém, ela literalmente caiu do aparelho (considerado o mais difícil da modalidade), que tem 10 cm de largura, 5 de comprimento e 1,25 m de altura.

A queda na nota foi vertiginosa. O 12.400 foi a segunda pior pontuação entre as 98 dadas pelos avaliadores na final por equipes, na qual competiram 37 ginastas de oito países –a chinesa Yaqin Zhou, 18 anos como Julia, recebeu 12.300, também na trave.

Se tivesse conseguido 13.400, abaixo, mas não tanto, da nota 13.800 que registrara antes, o Brasil seria prata.

O caso de Julia não é isolado. Ela mesma teve queda no desempenho no solo (13.500 na classificação, 13.233 na final).

Também pioraram a veterana Jade Barbosa, no salto (13.733 para 13.366, após um desequilíbrio na finalização), Lorrane Oliveira, nas barras paralelas assimétricas (13.233 para 13.000), Flávia Saraiva, no salto (14.100 para 13.900) e nas barras (13.800 para 13.666), e até a estrela Rebeca Andrade, na trave (14.500 para 14.133).

Com tanta redução de nota –os jurados avaliam em cada série a dificuldade e a execução–, como o Brasil chegou ao pódio?

Porque tanto Rebeca como Flávia, as únicas da equipe que se apresentaram nos quatro aparelhos, melhoraram suas atuações na série decisiva em três e em dois deles, respectivamente, na comparação com o classificatório.

Rebeca, inclusive, registrou a maior nota de todas, um 15.100 no salto, aparelho em que ganhou o ouro em Tóquio-2000. Ela também obteve notas altas nas barras e no solo.

Flávia, que competiu com um corte no supercílio depois de um acidente no aquecimento, teve seu brilho na trave e no solo.

No final, medalha é medalha, porém é inegável a diferença de status entre os metais. E a equipe feminina esteve pertíssimo de ficar um degrau acima.

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