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Olimpíadas 2024 ginástica artística

Em duas horas, Rebeca Andrade muda estratégia e vai da frustração à glória

Quarta na trave, ginasta eleva nível no solo e se torna, na qualidade e na quantidade, maior atleta olímpica do Brasil

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São Paulo

Eram 8h23 no Brasil nesta segunda-feira (5) quando a ginasta Rebeca Andrade recebeu sua nota na final da trave e soube que, por uma diferença de 0.067 ponto, ficou fora do pódio olímpico.

Última a se apresentar no aparelho em Paris-2024, ela optou por uma série conservadora, com nota de partida mais baixa (5.700) da que escolheu na fase classificatória (6.100), e apostou em uma ótima exibição para chegar ao topo.

Não deu certo. Com dois desequilíbrios e uma evolução não tão fluida, ficou com 13.933, atrás da italiana Alice D’Amato, ouro (14.366), da chinesa Zhou Yaqin, prata (14.100) e da italiana Manila Esposito, bronze (14.000).

Rebeca estava visivelmente surpresa e frustrada, porém precisava se concentrar porque ainda haveria o que conquistar pela frente na Arena Bercy, e logo.

A ginasta brasileira Rebeca Andrade se exibe na final da trave nas Olimpíadas de Paris, na Arena Bercy; ela terminou na quarta colocação
A ginasta Rebeca Andrade se exibe na final da trave nas Olimpíadas de Paris, na Arena Bercy; ela terminou na quarta colocação - Mathilde Missioneiro - 5.ago.2024/Folhapress

Eram 10h32 no Brasil nesta mesma segunda-feira quando Rebeca Andrade se tornou, incontestavelmente, do alto de seu 1,55 m, o maior esportista olímpico do Brasil.

Depois de uma espera de 2min40s, o tempo que os juízes levaram para emitir a nota de Jordan Chiles, dos EUA, a última a se apresentar na prova de solo na Arena Bercy, em Paris, a brasileira soube que ganhou o ouro.

Com essa medalha dourada, Rebeca, 25, passava a ser, tanto na qualidade como na quantidade, a atleta mais vitoriosa do Brasil, com dois ouros, três pratas e um bronze.

Só ela, entre os brasileiros, soma seis pódios olímpicos –dois em Tóquio-2020 (ouro no salto, prata no individual geral) e quatro em Paris-2024 (ouro no solo, pratas no individual geral e no salto e bronze por equipes).

Há outros esportistas do Brasil que ganharam dois ouros, como os velejadores Robert Scheidt, Torben Grael e, o primeiro deles, Adhemar Ferreira da Silva, do salto triplo (em 1952 e em 1956).

Só que nenhum se equivale a Rebeca, que fica à frente dos compatriotas com suas pratas e seu bronze.

Qualitativamente, há uma atleta que pode se colocar à frente de Rebeca. É Thaísa, do vôlei. A meio de rede ganhou dois ouros olímpicos (Pequim-2008 e Londres-2012) e joga agora pelo terceiro. A seleção feminina está nas quartas de final.

"Terminei com chave de ouro, estou quase explodindo", resumiu Rebeca, orgulhosa, já com a medalha no peito.

A brasileira Rebeca Andrade mostra a medalha de ouro na Arena Bercy depois de triunfar no solo da ginástica artística nas Olimpíadas de Paris-2024
Rebeca Andrade mostra a medalha de ouro na Arena Bercy depois de triunfar no solo da ginástica artística em Paris-2024 - Gabriel Bouys - 5.ago.2024/AFP

Na final do solo na ginástica, a lógica foi driblada, o que contribuiu decisivamente para Rebeca triunfar.

Favoritíssima, a norte-americana Simone Biles, 27, errou duas vezes na execução de piruetas. Pisou fora do tablado e perdeu 0.6 em penalizações. Foi um raro dia ruim para a melhor ginasta do mundo, que já tinha caído na trave, ficando sem medalha.

Em se tratando de Biles, devido à grande diferença de categoria para as concorrentes, menos que o ouro pode ser considerado ruim.

O 14.133 dela no solo foi suficiente para a prata. Rebeca, que se apresentou antes e fez uma série menos difícil (dificuldade 5.900 ante 6.900 da norte-americana), conseguiu 14.166, com uma execução "limpa", bem superior à de Biles (8.266 x 7.833), sem erros e, determinante, sem penalidades.

O bronze ficou com Chiles (13.766), que superou duas romenas que receberam nota 13.700.

"Fiz o meu melhor tanto no solo quanto na trave", sentenciou Rebeca ao comentar a performance desta segunda-feira em Paris-2024.

Na trave, certamente não foi o melhor que ela podia fazer. Faltou ousadia para chegar à medalha.

No solo, não faltou. A nota de partida foi alta (abaixo somente da de Biles) e, por seu mérito (e por demérito de Biles), Rebeca tornou-se a melhor do Brasil em Olimpíadas.

MAIORES MEDALHISTAS DO BRASIL (QUANTIDADE)

  1. Rebeca Andrade, ginástica artística - 6 medalhas (2 ouros, 3 pratas, 1 bronze)
  2. Robert Scheidt, vela - 5 medalhas (2 ouros, 2 pratas, 1 bronze)
  3. Torben Grael, vela - 5 medalhas (2 ouros, 1 prata, 2 bronzes)
  4. Serginho, vôlei - 4 medalhas (2 ouros, 2 pratas)
  5. Isaquias Queiroz, canoagem velocidade - 4 medalhas (1 ouro, 2 pratas, 1 bronze)
  6. Gustavo Borges, natação - 4 medalhas (2 pratas, 2 bronzes)

MAIORES MEDALHISTAS DO BRASIL (QUALIDADE)

  1. Rebeca Andrade (ginástica artística) - 2 ouros, 3 pratas, 1 bronze
  2. Robert Scheidt (vela) - 2 ouros, 2 pratas, 1 bronze
  3. Torben Grael (vela) - 2 ouros, 1 prata, 2 bronzes
  4. Serginho, vôlei (vôlei) - 2 ouros, 2 pratas
  5. Marcelo Ferreira (vela) - 2 ouros, 1 bronze
  6. Adhemar Ferreira da Silva (atletismo), Martine Grael, Kahena Kunze (vela), Maurício, Giovane, Fabi, Fabiana, Jaqueline, Paula Pequeno, Sheilla e Thaísa (vôlei) - 2 ouros
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