Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Zé Roberto me trouxe de volta à vida, diz Thaisa

Estrela e técnico da seleção de vôlei choram o fim de parceria bicampeã olímpica

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Paris

A pergunta a ser feita é se ele vai continuar na seleção. O problema é que José Roberto Guimarães está chorando depois de um longo depoimento de Thaisa, 37, sua "jogadora de referência", "uma das melhores centrais do mundo", que minutos antes decretou a própria aposentadoria da seleção. A pergunta que sai é: "Zé, você consegue falar ainda?".

Sim, ele consegue segurar o choro para falar sobre sua jogadora. "A única coisa é que, sem ela, a gente não teria conquistado essa medalha. Ela foi extremamente importante em todos os momentos, a volta dela, quando ela aceitou estar na seleção, a representatividade dela, o respeito das meninas para com ela, o respeito dos adversários, o que ela representa para o voleibol do mundo, não é só para o voleibol brasileiro. Quando ela aceitou, eu disse, nós estamos no caminho, nós temos chance."

Zé Roberto fala de Thaisa como se fosse preciso convencer alguém da importância da central, peça-chave da seleção feminina que foi bicampeã olímpica sob sua supervisão. Após várias tentativas, ele acha uma formulação que lhe parece eficiente: "A gente só ganhou o tempo inteiro com ela".

Thaisa também procura a frase definitiva. "Ali, no fim, eu agradeci muito ao Zé por ele ter me chamado de volta, ter acreditado em mim, que eu poderia ajudar. A nossa história já saiu em vários lugares, contando de tudo que aconteceu, eu, ele e a família dele. Não fossem eles, eu provavelmente não teria voltado a jogar."

A atleta sofreu uma contusão séria no joelho esquerdo, em 2017, e só não deixou o esporte por causa do treinador, que a internou em seu clube, em Barueri, para um longo período de recuperação.

Duas lutadoras se abraçam após uma competição. Uma delas está vestindo uma camisa amarela com o nome 'ROBERTA' nas costas. Ambas parecem emocionadas, com expressões de apoio e camaradagem.
Thaisa abraça Roberta após o Brasil conquistar a medalha de bronze - Natalia Kolesnikova/AFP

"Foi o momento mais triste da minha vida, e todo mundo virou as costas para mim, e eles estavam lá me dando a mão. Ele me pegou pela mão de verdade, e falou assim, cara, isso não vai acontecer com você, eu estou contigo." Thaisa também encontra a formulação perfeita: "Ele me trouxe de volta à vida, depois ele me trouxe de volta para a seleção. E, depois de tudo isso, conseguimos uma medalha, nós conseguimos uma medalha."

Zé Roberto, 70, enfim responde sobre o futuro. Quer dizer, não responde. "A gente tem uma reunião marcada, precisamos conversar. Quem manda em mim é a Alcione", diz, citando sua mulher. O tamanho do problema, devolver o vôlei nacional ao lugar mais alto do pódio, porém, já tem diagnóstico: renovação. "Essas meninas têm quatro anos para se desenvolverem. O planejamento vai ter que ser diferente, vai ter que jogar mais, porque elas são muito jovens. A Gabi já tem que se preparar para isso, vai ter que ser poupada, vai ter que deixar as mais jovens ralarem mais."

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