Descrição de chapéu Olimpíadas 2024 Judô

Bia Souza é recebida com festa em volta ao Brasil, mas diz que encurtará férias por mais títulos

Plano da judoca é voltar a treinar já nesta segunda-feira (12) de olho no Grand Prix de Zagreb

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Santos

Beatriz Souza, 26, chegou ainda na madrugada da última terça-feira (6) ao Brasil, mas logo se deparou com uma nova agenda recheada por compromissos com patrocinadores e entrevistas após as duas medalhas conquistadas nos Jogos de Paris –ouro no individual acima dos 78 kg e bronze na competição de equipes mistas.

A judoca só conseguiu comemorar neste sábado (10), no lugar que chama de casa, em Peruíbe, no litoral sul paulista, o histórico feito recente.

"Minha mãe mal conseguiu abraçá-la. Ela chegou ao Brasil e avisou que precisaria cumprir compromissos. Hoje já foi direto para a carreata. Faremos um churrasco em família agora para comemorar. Pedido especial dela", disse à Folha a irmã, Simone Souza.

A imagem mostra um grupo de pessoas em um carro, acenando e sorrindo. Eles estão cercados por uma vegetação verde e há uma bandeira do Brasil em primeiro plano, desfocada. Os indivíduos parecem estar celebrando, possivelmente em um evento público ou desfile.
Judoca Bia Souza desfila em carreata pelas ruas de Peruíbe - Adriano Vizoni/Folhapress

A judoca desfruta de um merecido descanso que será curto. A intenção é encurtar as férias até este domingo (11) e já retornar aos treinamentos na segunda (12) visando o calendário de competições.

"Não tem férias. Eu já cortei, me dei hoje e amanhã para respirar, mas ainda tem competições importantes por vir. Até queria ficar, ir na praia do Guaraú, mas o tempo não ajuda. Férias só depois", conta.

De acordo com o calendário da IJF (Federação Internacional de Judô), o próximo torneio será o Grand Prix de Zagreb, entre 13 e 15 de setembro. Depois, etapas do Grand Slam em Abu Dhabi e Tóquio nos meses de outubro e dezembro, respectivamente.

Nascida em Itariri, município vizinho, mas criada em Peruíbe, a vitória na capital francesa foi a primeira dos três ouros conquistados pelo país na competição.

Além de Bia, também faturou o posto mais alto no pódio com ginasta Rebeca Andrade e a dupla Ana Patrícia e Duda no vôlei de praia.

Recepcionada pelo prefeito da cidade, Luiz Maurício (PSD), ela desfilou com as medalhas penduradas no pescoço na parte de cima do carro do corpo de bombeiros ao longo principal avenida do município. Diversos presentes gritavam seu nome.

Ao chegar na praça da matriz, recepcionada pela banda municipal, parou para cantar o hino nacional. Foram cerca de oito mil presentes, de acordo com informações da Secretaria Municipal de Defesa Social.

Ainda distribuiu autógrafos em faixas, camisas e adereços arremessados pelos presentes. Ela esteve acompanhada do marido, Daniel Souza, e do pai, Poscedônio José de Souza, o seu Pelé.

"Tive que dar uma ordem para o meu pai subir", brincou com ele, pouco afeito a holofotes. "Hoje o dia era dela, nem discuti", respondeu sorrindo.

A parada final aconteceu no ginásio da escola municipal Maria Amélia Ribas Campilongo onde foi recepcionada por antigos senseis, alunos e ex-alunos da Associação Bundokan, a ONG que a apresentou e formou no judô até os 14 anos. A judoca discursou emocionada.

"Isso tudo aqui esquenta o meu coração. Digo que Peruíbe é uma fábrica de campeões: da vida e dos tatames. Sejam gratas a esses anjos [técnicos], acreditem no processo, entreguem a Deus os sonhos e coisas assim podem acontecer", iniciou dizendo.

"Tem sido incrível tudo isso. Valeu cada momento de superação onde até eu mesmo desacreditei. A cada obstáculo que passei, vi que não havia nada mais. A dor de não ter ido para Tóquio me ensinou muito", completou.

Bia agora tem como esperança mais investimentos para o projeto que a formou, fundado em 1984 e que neste mês completa 40 anos.

No momento, a associação possui um centro de treinamentos no centro de Peruíbe, além de outros núcleos de apoio em bairros como Caraguava, Vila Romar, Guaraú e dos Prados. Atende cerca de 500 alunos.

De acordo com a prefeitura, cerca de R$ 300 mil são destinados anualmente ao trabalho. Eles recentemente cederam um microonibus em definitivo para transporte dos atletas.

"Agora esperamos que a medalha possa nos ajudar a viabilizar o nosso sonho de ampliação do centro de treinamentos. Um projeto mais completo, com dois andares, alojamento porque aqui é muito deslocado... nosso trabalho tem como base a inclusão. Fizemos uma campeã, mas tiramos crianças das ruas", explicou o sensei Samuel Lopes, primeiro treinador de Bia e fundador da associação.

"É importante sonharmos com mais agora. Acompanho pelas redes sociais cada novo passo, gostaria muito de ver esse crescimento", concluiu a atleta.

Em casa, ela agora teve a festa que tanto aguardou, mas ainda quer mais.

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