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Tragédia
no
Vôo 402
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Caixas-pretas
chegam aos EUA
Ainda não há certeza sobre o que o piloto disse
na queda. TAM começa a indenizar vítimas
Brasil Online 4/11/96 19h30
De São Paulo
As caixas-pretas do Fokker-100 da
TAM que caiu na quinta-feira passada, em São Paulo,
chegaram nesta segunda-feira (4) aos EUA. Elas estão em
Remond, subúrbio de Seattle, no Estado de Washington,
para a análise de seus conteúdos.
Existiam duas caixas pretas no
avião da TAM. Uma delas, chamada Cockpit Voice
Recorder, grava sempre os últimos 30 minutos de
diálogos da tripulação na cabina de comando; a outra,
a Flight Data Record, grava 76 informações
técnicas do vôo. Em princípio, ambas seriam analisadas
pela AlliedSignal, a fabricante das caixas, mas a empresa
deverá apurar apenas o conteúdo a caixa-preta com
informações técnicas.
O problema é que o equipamente de
gravação de voz usado no Fokker era antigo e
AlliedSignal não possui mais os instrumentos
necessários para o trabalho. O destino mais provável da
caixa da cabina são os laboratórios da National Transportation
and Safety Board (NTSB), em Washington.
A caixa com os diálogos entres os
tripulantes foi aberta quando ainda estava no Brasil, na
noite de sexta-feira passada, mas as gravações estavam
quase inaudíveis. O que já se sabe é que os momentos
anteriores ao desastre foram de horror. 'Os sons estavam
com muitos ruídos, mas nós, que somos pilotos, conseguimos
compreender algumas coisas que o comandante do vôo
falou. É uma coisa horrível, pois ele sabe que vai
morrer e não quer morrer', disse o tenente-coronel
Flávio Lucio Sganzerla, do 4º Comando Aéreo Regional.
Ele não revelou o teor das frases. Luiz Eduardo Falco,
vice-presidente da TAM, que também ouviu a gravação,
afirma que José
Antônio Moreno 'foi um
grande comandante até o chão'.
Na noite de sexta-feira, o programa Globo
Repórter, da Rede Globo, divulgou que o piloto
avisou à torre que o avião estava em pane e teria dito:
"Vou retornar". Segundos depois, o piloto teria
avisado: "Estou livrando a escola". Essas
informações não foram confirmadas pela Aeronáutica
nem pela TAM. Segundo informações também não-oficiais
as últimas palavras do piloto teriam sido "meu
Deus" e não "estou livrando a escola".
Veja o resumo
do noticiário de domingo
As causas
da queda
A comissão da Aeronáutica que
investiga o acidente praticamente descarta a
possibilidade de uma falha provocada por aparelho
celular. 'Esse acidente não foi parte eletrônica, foi de
motor', disse Sganzerla. Apesar disso, o presidente Fernando
Henrique Cardoso quer proibir os telefones celulares em
aviões. A medida pode ser posta em prática por meio de portaria
do DAC (Departamento de Avião Civil), do Ministério da
Aeronáutica. A idéia é que os aparelhos eletrônicos
tenham o mesmo tratamento hoje dado às armas.
A suposta falha mecânica que
causou a tragédia no vôo 402 da TAM vai virar objeto de
estudo de todos os pilotos de Fokker-100 dentro de três
meses. A informação é do comandante da TAM Mário
Roberto Gnecco, piloto comercial com 17 mil horas de
vôo. Dentro de três meses, afirmou, a FAB (Força
Aérea Brasileira) deverá emitir um vasto relatório/auditoria
sobre as causas do acidente no vôo 402.
A identificação
dos corpos
O IML (Instituto Médico Legal)
não conseguiu concluir nesta segunda-feira (4) a
identificação dos corpos das 98 vítimas do acidente
com o Fokker da TAM. Até agora, 93 corpos já foram identificados
e a maioria já foi entregue aos familiares. Os corpos de
Flávia Stalti, Flávio Araújo Filho, Gilberto Aquino Júnior,
Luiz Lauro Romero e Maria Silvaneti Lima já passaram por
uma bateria de exames (impressão digital, radiografias e outros),
mas não foram reconhecidos por estarem totalmente queimados
e mutilados.
Os parentes das vítimas que ainda
não haviam sido reconhecidas na noite desta segunda se
reuniram com a direção do IML para decidir o próximo
passo na identificação. Segundo o diretor do IML,
Francisco Claro, 55, os médicos legistas vão insistir
na técnica utilizada até agora. 'Esperamos identificar
os corpos restantes com novas radiografias e outros indícios
trazidos por parentes das vítimas', afirmou. Segundo ele,
o teste comparativo de DNA só ser feito em última
hipótese.
Vendedor continua
em estado grave
O vendedor Dirceu Barbosa Geraldo,
39 anos, continua internado em estado grave na UTI do
Hospital Albert Einstein, no Morumbi, com queimaduras em
75% do corpo. Em companhia do professor Marco Antonio
Oliveira, Dirceu descarregava
peças da caminhonete quando o avião em chamas derrubou
combustível sobre os dois. "Dirceu morreria carbonizado
como o professor Marco. Quem salvou sua vida foi uma
vizinha, chamada Conceição. Ele era uma tocha humana quando
ela o enrolou num cobertor e apagou o fogo", disse Araci
Geraldo de Melo, irmã de Dirceu.
Até a noite de sábado, o vendedor
estava internado no Hospital do Jabaquara. A remoção
para o Albert Einstein, um dos melhores hospitais da
cidade, foi providenciada pela TAM na madrugada de
domingo. "Os médicos nos disseram que ele tem 40%
de chances de não se recuperar. O período crítico ainda
não passou", disse Araci.
Pagamento de indenização
a vítimas começa na terça
As primeiras indenizações às
famílias das vítimas do acidente com o Fokker 100 da
TAM começam a ser pagas na terça-feira (5). Segundo a
Unibanco Seguros, responsável pelo pagamento, serão
pagas as apólices referentes aos seguros de vida
pessoais de oito funcionários do próprio Unibanco,
outros cinco passageiros e três tripulantes. Os donos
dos 23 carros que foram avariados no acidente também
começarão a receber suas indenizações.
De acordo com o Unibanco, deverão
ser pagos no total 160 mil reais de indenizações aos
proprietários dos veículos. Segundo o presidente da
Unibanco Seguros, José Rudge, as famílias que tiveram
suas casas danificadas começarão a receber suas indenizações
na quarta-feira.
Rudge afirma que a empresa ainda
está aguardando orientação da TAM para efetuar o
pagamento do seguro obrigatório, determinado por lei. 'A
lei determina um valor mínimo, de 17 mil reais a 18 mil
reais por pessoa', afirma Rudge. Segundo ele, técnicos
da Unibanco, da TAM e de seguradoras internacionais
começaram nesta segunda-feira a fazer a perícia para
determinar os valores a serem pagos.
Para Rudge, os montantes a serem
pagos não devem atingir o teto de 400 milhões de reais
dos seguros que a TAM possui para o pagamento de
indenizações. Segundo ele, a Unibanco deve arcar
somente com 2 milhões de reais deste total. O restante
foi repassado a um pool de resseguradores liderados pelo
Lloyds de Londres.
Com informações de Agência
Folha e AJB
Informações na
Internet
- TAM - Site oficial da empresa
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