A Folha praticamente triplicou o número de colunistas e blogueiros negros em suas plataformas ao longo dos últimos três anos.
Antes de detalhar a expansão, cabe explicar a diferença entre eles. Colunista é quem escreve com regularidade em espaço fixo nas plataformas da Folha, que incluem as versões impressa e online. Blogueiro designa quem escreve na página da internet, com periodicidade indefinida.
Ambos, no entanto, seguem as recomendações indicadas no Manual da Redação.
Em dezembro de 2018, o jornal contava com 174 colunistas e blogueiros, entre os quais só 8 eram negros, um percentual de 4,6%.
Neste dezembro de 2021, a Folha publica textos de 24 colunistas e blogueiros negros de um total de 197, ou seja, 12,2%. O critério de cor é definido pela autodeclaração.
"Atribuo esse crescimento a uma demanda por mais diversidade dos próprios leitores e da sociedade como um todo, mas não só. Há um esforço consciente e organizado do jornal para aumentar a presença de grupos historicamente sub-representados também em suas páginas de opinião –e isso é anterior a esse clamor mais recente, pós-George Floyd", afirma a jornalista Flavia Lima, editora de Diversidade.
"Ter a chance de expor ideias e apresentar argumentos em um espaço como a Folha é algo que não pode mais ser monopolizado por perfis tão homogêneos. Quem ganha com isso é o jornalismo e o leitor", diz ela.
Essa expansão ainda é insatisfatória para a cúpula do jornal. "É um avanço, mas há muito ainda a ser feito. Em 2022, a prioridade segue sendo aumentar a diversidade na Redação, no colunismo e nas reportagens", afirma Sérgio Dávila, diretor de Redação.
O aumento da diversidade não ocorre na velocidade que gostaríamos, mas o jornal sabe disso e tem buscado acelerar esse passo
Houve também um aumento do número de mulheres entre colunistas e blogueiros nesse período de três anos. A variação, porém, é mais modesta.
Em dezembro de 2018, eram 54 mulheres em um total de 174 colunistas e blogueiros, ou seja, 31%. Neste dezembro de 2021, elas são 66 em um grupo de 197, o que significa 33,5%.
A direção do jornal também planeja ampliar a representação feminina na Redação e no colunismo.
"Com relação aos negros, houve sempre, no geral, um pretexto para a quase inexistência dessas pessoas nas Redações, segundo o qual esses profissionais não existiam ou estavam sendo formados. Mas e as mulheres?", questiona Flavia Lima.
"É óbvio que existem bons profissionais entre homens, mulheres, brancos e não brancos (poderia continuar dando outros exemplos de grupos mais ou menos excluídos). A questão é entender que esses grupos encontram mais dificuldade para chegar às Redações e obstáculos ainda maiores para alcançar os espaços de opinião, considerados nobres. É sobre isso que estamos falando, é esse quadro que precisa mudar."
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