Programa ajuda mulheres a se reconhecerem como donas de seus negócios

Coca-Cola Brasil abre inscrições para capacitar gratuitamente 6.000 empreendedoras do varejo alimentício

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São Paulo

"Montei meu negócio depois de uma separação traumática, na garagem de casa", conta Carmem Virgínia, 46. Era 2014. Conhecida por vender caranguejos e acarajés em Recife, a cozinheira passou oito meses buscando investimento para seu restaurante. Só conseguiu R$ 15 mil de um amigo.

"Mas assim que abri as portas, tinham quase cem pessoas esperando a comida de Dona Carmem. Eu não podia voltar atrás."

A carismática criadora do Altar Cozinha Ancestral é hoje influenciadora e jurada de reality shows culinários.

A pernambucana Dona Carmem Virgínia é dona do restaurante Altar Cozinha Ancestral
A pernambucana Dona Carmem Virgínia é dona do restaurante Altar Cozinha Ancestral e jurada de programas culinários - Aivan Moura/Divulgação.

Em 2022, se tornou embaixadora da Coca-Cola Brasil no programa "Empreenda Como uma Mulher", que capacita pequenas empreendedoras do varejo alimentício.

"Empreender parece fácil, temos o impulso, mas você entra nas dificuldades. Faltava alguma coisa que minha comida não supria, e era capacitação", diz a chef. "Hoje digo que sou empresária."

Ter a imagem da chef recifense como referência de sucesso, ao invés de um executivo da Coca-Cola, foi uma virada de chave para a marca de bebidas, que lança a segunda edição do programa gratuito voltado a 6.000 mulheres.

"Aprendemos a falar através de quem tem lugar de fala", diz Silmara Olivio, diretora de Relações Corporativas Cone Sul na Coca-Cola América Latina.

Na nova fase do "Empreenda Como uma Mulher", que privilegia encontros presenciais, há aulas sobre liderança e gestão, autoconhecimento e aspectos comportamentais, além de incentivo à formação de redes de apoio.

Silmara Olivio, diretora de Relações Corporativas Cone Sul na Coca-Cola América Latina, apresenta nova edição de programa para empreendedoras
Silmara Olivio, diretora de Relações Corporativas Cone Sul na Coca-Cola América Latina, apresenta nova edição de programa para empreendedoras - Midori De Lucca

Ao final do curso, 10% das participantes são aceleradas e ganham capital semente. A iniciativa faz parte da plataforma "Coca-Cola Dá um Gás no Seu Negócio", que conta com R$ 200 milhões investidos por ano pela marca.

"No começo do curso, falávamos sobre digitalizar serviço, ter delivery, cardápio, receita, saber fazer conta, mas daí demos conta da importância da habilidade socioemocional", diz Silmara Olivio.

A capacitação ajuda as mulheres a se reconhecerem como empreendedoras. "Mais de 40% dos pontos de vendas que atendemos são liderados por mulheres, mas em uma condição de ‘estou ajudando meu marido’ ou ‘é um bico’."

Levantamento recente do Sebrae, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE, aponta que o Brasil nunca teve tantas mulheres à frente de negócios.

Dados do segundo trimestre de 2022 mostram 10,3 milhões de empreendedoras, recorde de uma série histórica iniciada em 2016.

"É um enorme potencial, mas temos muito o que avançar para a equidade de gênero", afirma Marco Vinholi, diretor técnico do Sebrae SP.

"É preciso seguir junto delas para que esses negócios prosperem, tem que buscar mentoria, crédito, abertura de mercado."

A entidade oferece sua metodologia no programa, que tem conteúdo adaptado pela Aliança Empreendedora e entrada no ponto de venda via Abrasel - Associação Brasileira de Bares e Restaurantes. Em São Paulo, tem a Coca-Cola Femsa Brasil como parceira.

"Nossa intenção é trabalhar em ações concretas para melhorar as condições socioeconômicas das mulheres que vivem nas regiões em que atuamos", afirma Camila Amaral, VP Jurídica e de Assuntos Corporativos da Coca-Cola Femsa Brasil.

Na primeira edição do programa, 1.300 mulheres foram beneficiadas com 110 horas de conteúdo —e 95% delas saíram satisfeitas, segundo avaliação na plataforma.

Mulheres como Isabel Oliveira, dona de uma mercearia que comercializa produtos de agricultura familiar e camponesa em uma periferia de Porto Alegre. Ela foi uma das aceleradas, ao final do processo, e recebeu equipamentos e um balcão refrigerado.

"O mais bacana foi a troca de experiências, pois se formou uma rede de mulheres e até hoje trocamos informações e produtos", diz ela.

As 6.000 vagas novas são distribuídas pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas, Minas Gerais e Pernambuco.

"São editais regionais, com processo de seleção a partir de características como perfil da empreendedora e receita do negócio", diz Katielle Haffner, gerente sênior de Relações Corporativas e ESG da Coca-Cola Brasil.

"Temos um filtro voltado para a base da pirâmide, que é de mulheres pretas e arrimos de família, que fazem a economia girar", completa.

Caso de Dona Carmem e de mais da metade das empreendedoras brasileiras (51%) que, segundo a pesquisa do Sebrae, desempenham posição de "chefe de domicílio".

"É só teimar que vocês conseguem", diz a chef pernambucana.

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