Descrição de chapéu yanomami

ONG prepara hospital de campanha para atender yanomamis

Estrutura vai ficar a menos de cem metros de aldeias em Surucucu (RR) e contará com profissionais de saúde voluntários

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São Paulo

Expedições voluntárias de médicos para a região amazônica e montagem de enfermarias na floresta são rotina da ONG Expedicionários da Saúde (EDS) há 20 anos. Agora, em resposta à crise humanitária dos yanomamis, a organização erguerá um hospital de campanha na região de Surucucu, em Roraima.

A proposta é desafogar unidades de saúde de Boa Vista, lotadas de indígenas com casos de malária, verminoses, infecções respiratórias e desnutrição.

"Teremos sala de triagem, urgência, consultórios, leitos de semi-intensiva, espaço para casos mais graves e um laboratório de análises rápidas", afirma Ricardo Affonso Ferreira, presidente da EDS.

Mapa visual da implantação de hospital de campanha desenvolvido pela ONG Expedicionários da Saúde em Surucucu (RR)
Mapa visual da implantação de hospital de campanha desenvolvido pela ONG Expedicionários da Saúde em Surucucu (RR) - Divulgação/Expedicionários da Saúde

O Complexo Hospitalar Móvel ficará a menos de cem metros das aldeias e deve contar com revezamento de profissionais e telemedicina para casos mais delicados.

"A ideia é que voluntários possam se comunicar com equipes de plantão na Unicamp, à semelhança do que temos feito em São Gabriel da Cachoeira", diz Affonso, que é ortopedista, sobre a experiência recente no Amazonas.

Idealizado a partir de conversas com o Centro de Operação de Emergências em Saúde, do Ministério da Saúde, o complexo deve ser o primeiro hospital de campanha em Surucucu, região isolada e de difícil acesso.

Profissional de saúde voluntária da EDS na Terra Indígena Yanomami
Profissional de saúde voluntária da ONG Expedicionários da Saúde atua na Terra Indígena Yanomami - Divulgação/Expedicionários da Saúde

Segundo o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, o governo contava com a saída dos garimpeiros para implantar pelo menos dois hospitais de campanha no território.

A capital Boa Vista conta com uma unidade, montada pela Força Aérea Brasileira, próxima à Casa de Saúde Indígena Yanomami (Casai-Y) e ao Hospital da Criança Santo Antônio.

"Erguê-lo será um desafio porque a pista de pouso só recebe aviões pequenos", diz Affonso. "Mas vamos fazer e, em um mês, queremos ter a primeira equipe prestando atendimento."

A ONG foi a campo levantar as demandas para a estrutura. Serão necessários, segundo Ricado Affonso, em torno de R$ 5 milhões. Parte do recurso já foi mobilizada junto a empresas apoiadoras da organização.

"Temos que arrumar tudo, de A a Z, desde água, energia, esgoto e comunicação às barracas, equipamentos e medicamentos."

Parcerias com órgãos públicos estão sendo negociadas para apoio logístico. Uma campanha mobiliza pessoas e empresas a doarem para a EDS, que não aceita dinheiro público, pelo site eds.org.br/doacoes e Pix pix@eds.org.br.

Destaque no Prêmio Empreendedor Social 2020, quando instalou 262 enfermarias de campanha para enfrentar a Covid-19 entre indígenas, a EDS liderou quatro missões voluntárias para a Terra Indígena Yanomami em 2022. O quadro humanitário que veio a público não foi novidade.

"Vimos ano a ano a quantidade de garimpeiros aumentando e afetando a vida desses indígenas", diz o ortopedista. "A gente voava e via os rios amarelos, poluídos, e lá embaixo o povo abatido."

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