Doações para organizações sociais sofrem queda de quase 70% em 2023

Levantamento do Monitor de Doações, da ABCR e Gife, indica diminuição em volume doado e também no número de doadores no país no ano passado

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Captar recursos foi um desafio para as OSCs (organizações da sociedade civil) no ano de 2023.

A conclusão é do levantamento do Monitor das Doações, ferramenta mantida pela ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos), em parceria com o Gife (Grupo de Institutos Fundações e Empresas).

Atualizado diariamente, o monitor registra doações individuais acima de R$ 3.000 divulgadas publicamente. No ano passado, foi constatada uma redução de 67% nas contribuições. Até o dia 31 de dezembro, o valor total havia sido de aproximadamente R$ 475 milhões.

A quantia representa apenas 33% do montante de 2022, de R$ 1,4 bilhão. O número de doadores também sofreu queda de 60%, passando de 397 para 158.

"É preocupante a diminuição nos valores doados", afirma Fernando Nogueira, diretor-executivo da ABCR . Segundo ele, esse cenário prejudica o trabalho e o potencial de impacto das organizações. "Também sinaliza menor disposição por parte de doadores de revelarem que doam e em qual volume."

Organizações sem fins lucrativos promovem ações solidárias para pessoas em situação de rua - Danilo Verpa/Folhapress

De acordo com o Mapa das OSCs, atualmente existem mais de 800 mil organizações sem fins lucrativos no Brasil, que precisam de doações para atuar em diferentes causas.

As OSCs são instituições privadas, sem fins lucrativos, autoadministradas, com personalidade jurídica própria e que desenvolvem ações de interesse público em áreas como meio ambiente, saúde, educação e cultura.

Segundo pesquisa realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o terceiro setor, formado por OSCs e fundações filantrópicas, responde por 4,27% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e gera mais de 6 milhões de empregos.

Quem mais doou em 2023

Dentre as causas mais apoiadas em 2023 estão saúde, meio ambiente, assistência social, educação e fortalecimento da filantropia. Empresas e indivíduos demonstraram interesses diversificados, contribuindo para diferentes áreas ao longo do ano. O mês com o maior volume de doações foi outubro, com R$ 163 milhões.

A maior doação do ano resultou da parceria entre BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Embaixada da Alemanha, que destinou R$ 115 milhões ao Fundo Amazônia para auxiliar vítimas de desastre climático na Região Norte do país.

Os maiores doadores de 2023 incluíram empresas, organizações e personalidades. Depois do BNDES e da Embaixada da Alemanha, a Sigma Lithium, produtora de lítio do Vale do Jequitinhonha (MG), foi a segunda maior doadora, com R$ 76,9 milhões repassados para a causa ambiental.

Também houve doações de pessoas físicas. A advogada e empresária Nora Teixeira destinou R$ 36 milhões para uma instituição que leva seu nome, o Hospital Nora Teixeira, de Porto Alegre (RS).

Na sequência, Fundo de Bolsas do Programa de Apoio à Educação Judaica, Movimento Bem Maior, Instituto CPFL Energia, Instituto Phi e B3 aparecem com as maiores doações do ano.

"O Monitor das Doações acompanha o que foi publicado na internet como fonte para a soma das doações, simbolizando não só o que foi doado, mas o interesse do próprio doador em compartilhar o bom exemplo", diz Carolina Farias, líder do Dia de Doar e do Monitor das Doações.

"Incentivamos sempre que as doações sejam públicas para que inspirem outros doadores a fazerem o mesmo."

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