Escola pública destruída por temporal ganha arquitetura futurista

Reconstrução foi concluída quase um ano após tragédia em São Sebastião (SP)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo (SP)

A Escola Estadual Plinio Gonçalves de Oliveira Santos, em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo (SP), foi reerguida depois que chuvas históricas devastaram a região, deixando 65 mortos, em fevereiro de 2023. Com inauguração prevista para esta quinta-feira (15), o projeto do arquiteto Fernando Brandão deu ares futuristas ao ginásio do colégio, única estrutura que resistiu aos temporais.

No local, foram construídas 12 novas salas de aula, coloridas, com lousas digitais, aparelhos de TV e conectadas entre si sem corredores.

O prédio, que atenderá 255 alunos de turmas do ensino médio e da EJA (Educação de Jovens e Adultos) da rede estadual paulista, será alimentado por energia solar e outras fontes renováveis. Outros 380 estudantes do município serão atendidos excepcionalmente neste ano.

Estrutura com salas coloridas
Salas de aula com cores vibrantes foram construídas utilizando materiais renováveis na Escola Estadual Plinio Gonçalves de Oliveira Santos, em São Sebastião - Divulgação

Estimado em R$ 13 milhões, o projeto teve início em maio de 2023 e foi financiado pelo Governo do Estado de São Paulo. Segundo a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), a intenção é que a Escola Plinio seja modelo para outras escolas do estado.

"Apesar dos desafios, corremos contra o tempo e garantimos a volta às aulas para mais de 600 crianças em uma escola nova, linda e equipada com o que há de mais moderno para que esse almejado recomeço se realize", afirma Jean Pierre Neto, presidente da FDE.

O órgão vinculado à Secretaria de Educação de São Paulo também informou que o conceito está sendo empregado em uma escola e uma creche municipal em Juquehy.

Para o arquiteto Fernando Brandão, que encabeçou a obra, a proposta era humanizar o espaço após a tragédia. "No Brasil, temos 'escolas-cadeia', com atmosfera de ensino negativa e que faz com que o aluno se sinta preso. A Escola Plinio tem design aberto, é mais fluida e criativa", afirma.

A ideia é que o professor fique no centro da sala e ajuste o ambiente, que tem móveis com rodinhas e quatro portas diferentes, de acordo com as necessidades do momento.

"Queremos criar inúmeras possibilidades. Qualquer tipo de aula poderá ser dada, dependendo da criatividade do professor", completa.

Construídas com materiais reciclados e sustentáveis, as salas têm iluminação adaptável, painéis acústicos e recursos de acessibilidade, como rampas para cadeiras de rodas. Todos os alunos receberão laptops. "Será uma escola digital", enfatiza.

Retorno às aulas

Nesta manhã (15), a escola foi aberta para a comunidade, com participação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

"A escola reconstruída é um grande equipamento que vai deixar um grande legado", disse o governador durante a inauguração, após parabenizar a equipe. "O que a gente quer é que a educação seja instrumento de transformação para fazer a diferença."

As aulas iniciam na próxima semana, mas professores e alunos estiveram na escola hoje. "Ficou tudo muito lindo. As salas são incrivelmente tecnológicas", diz a professora Thamie Russo. "Isso vai ajudar a despertar o interesse dos estudantes e fazê-los ter vontade de estudar, de voltar a acreditar".

Sala de aula destruída
Escola Estadual Plinio Gonçalves de Oliveira Santos destruída após temporais de 2023 - Divulgação

Após os temporais, a instituição ficou interditada e não pôde servir de alojamento. Como está em uma área suscetível a deslizamentos, foi construído um cinturão de pedras a fim de evitar novos acidentes.

Posteriormente, parte da estrutura remanescente da escola foi adaptada para que as aulas retornassem. "A lama demorou para ser retirada. Quando chovia, ela escorria, e as crianças se desesperavam. Foi só por volta de julho que tiraram a lama e as madeiras caídas. Depois disso, começou a ficar um pouco menos dolorido", relata Thamie.

O estudante Eduardo Pereira, 16, foi um dos alunos que perderam suas casas na tragédia de 2023. Ele conta que ficou impressionado ao ver a obra finalizada.

"Pensei que ia ser uma escola normal, como qualquer outra. Agora vi que ficou muito bom. As salas foram o que mais chamou mais a atenção. Elas são espaçosas e têm ar-condicionado, lousa digital e duas TVs."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.