Tudo sobre a Folha
80 anos
Folha de S.Paulo
Página inicial
Tempos cruciais
24 horas de ação
Eu e a Folha
O choque editorial
Gosto e não gosto
A renovação cultural
Por dentro dos cadernos
Quem é o leitor
O outro lado
Marcos do jornalismo
Cronologia
Campanhas publicitárias
O Grupo Folha
O futuro

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Patricia Santos/Folha Imagem
O FATO
8h de 6/2/2001 Ônibus no pátio da Viação Vila Formosa, em São Paulo; motoristas e cobradores fazem a primeira greve enfrentada pela prefeitura do PT
24 horas
de ação



Acompanhe um dia da edição do jornal


MOACYR SCLIAR
COLUNISTA DA FOLHA

Sete horas da manhã. Bocejando, você abre a porta do apartamento e ali está, como de costume, o seu exemplar da Folha. Você senta à mesa, xícara de café na mão e, de repente, você está conectado com o mundo, este trepidante mundo em que vivemos. Guerras. Debates políticos. Indicadores econômicos. Descobertas científicas. E uma greve nos transportes.
8h Fotógrafa registra a paralisação; pouco antes, em reunião do jornal, a greve foi considerada assunto prioritário do dia
 
Ainda de madrugada (do último dia 6), esta greve levou às ruas uma repórter da Folha. Nas paradas de ônibus, nas estações de metrô, ela entrevistou pessoas. Gente ansiosa, apreensiva: é preciso chegar ao trabalho, a ameaça do desemprego é constante. Outro colega também está à caça de notícias. Busca o ângulo político, os interesses que podem estar atrás do movimento: investigar é parte do trabalho jornalístico, mesmo que esta investigação encontre resistências.

10h Repórter faz entrevista em ponto de ônibus; desde as 5h ele percorre a cidade e apura as consequências da greve
Terminado o trabalho na rua, os dois voltam à Redação, a esta hora ainda calma: na noite anterior, colegas ficaram até tarde às voltas com a greve. A jornalista consulta suas anotações, conclui: precisa complementar as informações. Ouvirá o sindicato, o comando do policiamento. Há muitas perguntas a serem feitas, perguntas que nascem da lógica, da experiência, da intuição _o faro jornalístico. Que busca, antes de mais nada, descobrir coisas, estabelecer conexões. O que é a essência da informação.

11h De volta à Redação, repórter escreve o seu texto e prepara dados que a editoria de Arte transformará em infográfico
Nove horas da manhã. Reunião, a primeira de muitas que se realizarão na Redação: jornalismo é trabalho coletivo. A secretária de Redação se reúne com os jornalistas que elaboram a pauta, isto é, o conjunto dos assuntos a serem abordados, e que podem dar notícias de interesse _pelo número de pessoas a quem esta notícia possa afetar, pela repercussão, a curto ou longo prazo, do acontecimento em termos sociais, políticos, econômicos. Superfície, mas também profundidade. Presente, mas também futuro.



16h Editores de todos os cadernos diários do jornal, após coversa com suas equipes, reúnem-se com os secretários de Redação para apresentar os principais assuntos do dia, que serão destaque na Primeira Página
 

 

 

 

Decisão: é preciso continuar cobrindo a greve. Três jornalistas dão continuidade ao trabalho. De novo, vão às ruas. De novo, voltam com material. Às 16h, na Redação _um amplo recinto, sem divisórias, onde trabalham 292 pessoas_ reunião de pauta, para exame das notícias. Por sobre as mesas atulhadas de papel, com os computadores ligados, os telefones soando, gente entrando e saindo, os jornalistas examinam a pauta, sempre redigida num tom de imperiosa urgência: temos de fazer isso, precisamos esclarecer tal assunto. Não é uma reunião calma: gente entra e sai o tempo todo. Alguém traz o espelho (o modelo de como ficará a página com os anúncios), o diagramador aparece com os gráficos que vão ilustrar a matéria (e reclama: há gráficos demais).

20h Diagramadora reúne reportagem, já revisada, e foto digital em computador adaptado para a montagem de páginas; depois de pronta, a página é transmitida por fibra ótica para o Centro Tecnológico Gráfico - Folha (CTG-F)
 
Logo depois nova reunião, a da Primeira Página. Em torno a uma grande mesa redonda estão a secretária de Redação e os editores. Sobre a mesa, microfones e alto-falantes: as sucursais do Rio e de Brasília participam da discussão. Nas paredes da austera sala, reproduções de históricas primeiras páginas e suas manchetes. Jânio renunciou. Anunciado o acordo de paz no Vietnã. Polícia federal invade Folha. Impeachment! Acidente mata Ayrton Senna. Brasil é tetra... A História, com H maiúsculo, está ali, há 80 anos.



20h30 No CTG-F, gráfico confere a página convertida em fotolito, feito de material fotográfico e do qual será produzida a chapa de impressão
 

 
As notícias são revisadas, e selecionadas as de maior interesse. O secretário assistente, responsável pela Primeira Página vai examinar, na tela do computador, as fotos. Mais de mil chegam diariamente ao jornal, trazidas pelos fotógrafos, enviadas pelas agências internacionais. Ele selecionará as mais eloquentes, tanto pelo significado jornalístico como pelo ângulo artístico.

Enquanto isso, regressam os jornalistas que foram cobrir a greve. Seus textos agora são entregues aos redatores, que vão adequá-los, acrescentando comentários do tipo ‘para entender o caso‘ e redigindo legendas das fotos e dos gráficos.

20h45 Chapa de alumínio com a página é colocada no cilindro da rotativa
 
O conteúdo do jornal está pronto. O trabalho terá agora outro, e impressionante, cenário. Em Tamboré, bairro do vizinho município de Barueri, a 30 km de distância da Redação, está o Centro Tecnológico Gráfico da Folha, que ocupa mais de 25 mil metros quadrados. Através da fibra óptica, chegam aos servidores deste centro computadorizado os textos, as fotos.


20h52 Funcionário acompanha a impressão do jornal na rotativa Geoman, que tem capacidade para rodar quatro cadernos de 16 páginas simultaneamente; nesse ponto, a máquina dobra as páginas para que elas já adquiram o formato de jornal
Decodificados, serão impressos num fotolito, copiado numa chapa metálica que será colocada na rotativa. A rotativa. Aí está o símbolo do jornalismo moderno. É uma máquina gigantesca: 17 metros de altura, vários andares aos quais se tem acesso por escadas e passadiços de metal. Enormes bobinas de papel (consumo: mais de 200 toneladas a cada dia) são ali colocadas.

Na outra extremidade, o fluxo ininterrupto de cadernos impressos: 70 mil cópias por hora, rodadas com intervalos, das sete da manhã às três da madrugada. Os caminhões já estão esperando para levar os jornais. Logo chegarão às bancas, aos domicílios.

Quando, às sete da manhã, você abrir a porta, a Folha lá estará à sua espera. Nela, o torvelinho e o esplendor da vida.



20h55 Funcionário separa jornais que serão descarregados pela esteira nos caminhões que realizam a entrega nacional
4h de 7/2/2001 Entregador de jornais faz a distribuição da Folha para assinantes, na rua dos Ingleses, em São Paulo


A NOTÍCIA
8h de 7/2/2001 Em São Paulo, leitor da Folha se informa sobre a greve de motoristas e cobradores de ônibus que deixou 1,5 milhão sem transporte público
 

Folha de S.Paulo | Folha Online | Projetos especiais | Assine a Folha

Copyright Folha Online. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha Online.