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02/09/2006 - 12h00

Artistas aproveitam notoriedade para conseguir votos

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JAMES CIMINO
da Folha Online

Há artistas que declaram ser impossível fazer política sem se envolver em esquemas de corrupção. Outros preferem investir na fama como estratégia de conseguir votos e se candidatam a cargos nas Assembléias Legislativas dos Estados e no Congresso.

No último caso estão o cantor de forró, Frank Aguiar, candidato a deputado federal pelo PTB de São Paulo, e a ex-BBB Marielza de Souza, candidata a deputada estadual pelo PSB do Rio de Janeiro.

Divulgação
Alan do Polegar é médico oftalmologista, ex-tenente da Aeronáutica e pai de dois filhos
Alan do Polegar é médico oftalmologista, ex-tenente da Aeronáutica e pai de dois filhos
Também estão no páreo, neste ano, o estilista Clodovil Hernandes, na disputa por uma vaga na Câmara pelo PTC, e a drag queen Salete Campari, que quer chegar à Assembléia de São Paulo pelo PDT.

Até ícones dos anos 80, como o ex-tecladista Alan da "boy band" Polegar e o cantor Paulo Ricardo (ex-RPM), resolveram se aventurar na política, O primeiro é candidatos a deputado estadual. Paulo Ricardo era candidato a deputado federal, contudo, renunciou.

Alan do Polegar (nome na urna eletrônica), candidato pelo PP, está firme na campanha. Médico oftalmologista, ex-tenente da Aeronáutica e pai de dois filhos, como faz questão de frisar, diz que a fama o tem ajudado a "fazer uma campanha barata e limpa". "O Polegar é bastante conhecido. Temos fã-clubes até hoje, com mais de dez mil integrantes", afirma.

O médico diz que se candidatou porque não agüentava mais ver tanta corrupção na TV. Além disso, diz que, em seu trabalho na rede pública de saúde, presencia muitos casos tristes, como de pessoas que ficam cegas acometidas de glaucoma (um doença degenerativa) por não terem dinheiro para comprar medicamentos que reverteriam o quadro.

"Além de ser uma desumanidade, é uma estupidez do governo não tratar essas doenças, pois a pessoa que fica cega deixa de produzir e passa a viver de benefícios públicos", diz. Sobre o preconceito por seu passado artístico, Alan frisa: "As pessoas esquecem que aquele garotinho cresceu. Sou um homem, pai de dois filhos e que quer fazer algo de bom pelo seu país."

Já o irreverente Clodovil Hernandes, que deu entrevista tomando champanhe, diz que sua candidatura surgiu de um "estalo". "Acho que as pessoas olham para mim e pensam: 'Quem é esse viado para se meter com política?' Ora, viver é um ato político e eu posso legislar simplesmente porque sou uma pessoa que fala direito e se expressa bem", declarou o estilista, que fez duras críticas à, segundo ele, pouca cultura do atual presidente da República.

Divulgação
Clodovil afirma gostar de Heloísa Helena, mas diz considerar seu partido uma "seita"
Clodovil afirma gostar de Heloísa Helena, mas diz considerar seu partido uma "seita"
Dono de uma estratégia de divulgação bastante irônica ("Vocês acham que eu sou passivo? Pisa no meu calo para você ver...") diz que continuará a tomar champanhe depois de eleito. "As pessoas sabem que eu bebo champanhe e que nunca precisei roubar ninguém para isso."

Clodovil precisa de 250 mil votos para garantir uma vaga na Câmara, mas, sem nenhuma modéstia, como lhe é peculiar, espera receber três milhões. "As pessoas me dão crédito porque tenho talento e sei usá-lo. Não vou prometer o que não posso cumprir. Possivelmente eu erre, mas não gosto de coisas escusas e não sou feliz com a infelicidade alheia", declarou o candidato, que, sobre a afirmação do ator Paulo Betti (de que não é possível fazer política "sem colocar a mão na merda"), desdenhou: "Ele disse isso porque não passa de um pretensioso com dentes muito bonitos."

Montada

Tão irreverente quanto o estilista, mas dona de uma modéstia insuspeita, é a drag queen e militante assídua da causa gay Salete Campari. Seu nome de batismo é Francisco Sales Rodrigues, 37, ex-professor de matemática, que abandonou a profissão por falta de aptidão e baixo salário. Originária do Estado da Paraíba, Salete brinca: "sou mulher macho sim senhor".

A drag queen afirma que, caso eleita, irá para a Assembléia "montada" (jargão do mundo gay que significa vestida de mulher). "As pessoas vão votar na Salete, que é quem aparece na propaganda e também é quem os eleitores vão querer ver lá."

Eduardo Knapp/Folha Imagem
A drag queen Salete Campari diz que pretende ir "montada" para a Assembléia de São Paulo
A drag queen Salete Campari diz que pretende ir "montada" para a Assembléia de São Paulo
"Já vivo esse personagem há 19 anos e sinto que as pessoas me respeitam mais quando estou montada. O Francisco é tímido, fraco. A Salete é decidida e forte, e é de gente assim que a política precisa. Você não é obrigado a gostar de mim, mas tem obrigação de me respeitar. Temos de aprender a conviver com o diferente", declarou a candidata, que afirma não querer apenas representar o público GLBT.

"Quero trabalhar pela causa gay, porque não tem ninguém que nos represente, mas, também, pela melhoria da educação. Fui professor e sei que essa é a classe que deveria ser mais valorizada."

Salete Campari afirma que vai votar para presidente em Cristovam Buarque "não apenas pela fidelidade partidária", já que ambos são do PDT, mas por acreditar em seu projeto de governo e porque este foi "o único partido que me aceitou como sou".

Nem todos declararam seu voto para o cargo mais importante do país. Alan do Polegar, diz que ainda não decidiu em que votar para presidente.

Clodovil Hernandes, diz que admira Heloísa Helena como pessoa, mas não gosta "daquela seita" da qual ela faz parte que, segundo ele, é "pior que o PT".

"Ela me visitou uma vez em Ubatuba quando eu estava sozinho. Chegou de táxi. Achei isso de uma doçura. Talvez eu me lembre disso na hora de votar", pondera o estilista.

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