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09/10/2006 - 09h48

Para ministro da Defesa, críticas são "levianas"

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da Folha de S.Paulo

Para o ministro da Defesa, Waldir Pires, os índices de acidentes aéreos no Brasil, baixos em relação à média mundial, são a melhor resposta à polêmica gerada pelas declarações do jornalista americano Joe Sharkey, que afirmou que o controle aéreo brasileiro é "péssimo". Pires classificou o colunista do "The New York Times", que estava no Legacy que se chocou com o Boeing, como "leviano". Ele diz que as críticas feitas ao monitoramento aéreo, à pesada carga horária dos controladores de tráfego e aos investimentos em segurança de vôo "não são pertinentes ".

Folha - Pelos dados da ONG Contas Abertas, o Brasil poderia gastar mais em segurança de vôo. O fundo aeronáutico tem uma disponibilidade de R$ 1,8 bilhão, que vem crescendo. Por que o governo não gasta mais nessa área?
Waldir Pires -
Eu tenho números que não me dizem isso. No exercício de 2003, a dotação autorizada [para o programa de proteção ao vôo] foi de R$ 327,318 milhões, um crédito contingenciado de R$ 18,6 milhões e executado de R$ 308,6 milhões [os dados do Ministério da Defesa incluem os restos a pagar, ou seja, despesas de orçamentos de exercícios anteriores contabilizadas posteriormente]. No exercício de 2004, a dotação autorizada foi de R$ 468,7 milhões, e o crédito executado foi de R$ 464 milhões. Em 2005, a dotação autorizada foi de R$ 495 milhões, o crédito executado de R$ 435 milhões, e foram contingenciados R$ 59 milhões. Em 2006, a dotação autorizada é de R$ 530 milhões, não há crédito contingenciado, há um crédito executado de R$ 284,6 milhões e o crédito disponível é de R$ 245,6 milhões. Minha impressão é de que não há problemas.

Alan Marques/Folha Imagem
O ministro da Defesa, Waldir Pires, com aeronave e militares da Aeronáutica
O ministro da Defesa, Waldir Pires, com aeronave e militares da Aeronáutica
Folha - Controladores de tráfego e pilotos fazem relatos de carga de trabalho pesada e deficiência no monitoramento do espaço aéreo. Não falta mais investimento?
Pires -
Minha impressão, claro que vamos verificar isso, é que quase o pessoal todo que executa esse trabalho no Cindacta [centro de controle] é formado por sargentos e cabos que têm salários e são treinados para isso. Trabalham as horas que são compatíveis com a natureza desse trabalho.

Folha - A informação é que os controladores raramente trabalham em turnos alternados de duas horas, o que seria o mais indicado.
Pires -
Mas veja bem, a verdade é que os nossos números, os episódios de acidentes, estão entre os melhores do mundo. Rivalizamos em nível de acidente com a Europa, com os Estados Unidos. Vou examinar isso, mas não creio que essas críticas sejam pertinentes, não. Na realidade, o êxito é extraordinário, nós temos índices admiráveis, competitivos com os índices dos EUA e da Europa.

Folha - Mas não são assustadores os relatos de pilotos que dizem que há áreas do espaço aéreo brasileiro em que a comunicação é deficiente?
Pires -
Não é o que me dizem as autoridades atualmente. Mas vamos fazer um inquérito que tenha a garantia de uma investigação completa. Não posso antecipar testemunhos que sejam dados, por exemplo, por esse rapaz lá nos Estados Unidos [o colunista do "The New York Times", Joe Sharkey, que estava no Legacy]. É evidente que a mim me parece que ele tem uma personalidade um pouco leviana, porque com os índices que nós temos e as afirmações que ele faz, é algo absolutamente inadequado. De qualquer forma o que é importante agora é verificar tudo o que se diga e chegar à posição da investigação desse acidente como um exemplo, para verificar realmente o que aconteceu. Se foi falha humana, se foi falha do equipamento, se foi o transponder que não funcionou, porque não funcionaram os aparelhos que integravam os equipamentos dos dois.

Folha - O sr. acha que até agora tudo indica que aconteceu o quê?
Pires -
Não sei. O que aconteceu é que houve o choque. Agora, o sistema de controle informa: não autorizamos nenhuma modificação no plano de vôo. Os dois aparelhos estavam dotados de equipamentos que impediriam o choque. Mesmo que houvesse uma falha humana, os aparelhos, por eles mesmos, estariam impedindo o choque, um sairia por um lado, o outro sairia pelo outro. Eles existem para isso. Vamos apurar.

Folha - O sr. está acompanhando de perto as investigações?
Pires -
Confesso que eu fujo enormemente ao debate técnico, porque a mim me parece que se eu fizer isso fica parecendo que eu estou interferindo no inquérito técnico, administrativo, aeronáutico que deve ser feito. Eu quero isso com total liberdade e com eficácia, com zelo. Estamos fazendo grande esforço na parte de atenção às famílias, de identificação e resgate das vítimas.

Folha - O sr. citou as declarações do jornalista Joe Sharkey, que criticou o controle do espaço aéreo brasileiro. A imagem de segurança de vôo no Brasil lá fora fica afetada?
Pires -
A melhor forma de dizer dessa imagem são nossos índices de acidente. É até uma forma de responder, pois esse rapaz é um leviano. Não há nem como ainda saber. A caixa-preta do Boeing não foi aberta. Por cautela não abrimos, e mandamos essa caixa-preta, que estava danificada, para o Canadá, que é o que os tratados internacionais de aviação civil presumem. Esse rapaz me parece uma dessas personalidades razoavelmente irresponsáveis por ficar antecipando as coisas.

Folha - Os pilotos do Legacy, que estão no Brasil, estão manifestando uma irritação grande por não poderem sair do país.
Pires -
O que posso fazer? Estão sob ordem judicial. Se o juiz determina alguma coisa, nenhuma autoridade executiva pode interferir.

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