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16/11/2006 - 19h29

Relatório mostra que queda do Boeing da Gol durou um minuto

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PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília

A queda do Boeing da Gol, que matou 154 pessoas no último dia 29 de setembro, durou cerca de um minuto, após a colisão com o jato Legacy --registrada às 16h56m54s. A informação é do presidente da comissão de investigação da Aeronáutica, coronel Rufino da Silva Ferreira, que divulgou nesta quinta-feira o relatório preliminar sobre o acidente.

Após o choque --provavelmente entre as asas esquerdas das duas aeronaves--, o avião da Gol ficou incontrolável aos pilotos, iniciando imediato mergulho até o solo. O coronel explicou que o Boeing teria entrado em movimento rotacional (pirueta), e excedido "vários limites estruturais", o que fez com que ele se despedaçasse antes mesmo de tocar o solo.

Os gravadores de dados do Boeing tiveram o seu funcionamento interrompido 54 segundos depois da colisão, quando já estariam a 7.887 pés de altitude. Os destroços da aeronave teriam caído 6,2 quilômetros distantes do ponto onde houve o choque.

Um segundo

Um segundo antes da colisão no ar com o Boeing --às 16h56m53--, o jato Legacy da empresa de táxi aéreo ExcelAire, tentou pela sétima vez fazer contato com o centro de controle de tráfego aéreo de Brasília. As tentativas de contato haviam sido feitas para entender a orientação do centro de Brasília, para que a aeronave chamasse o centro Amazônico fornecendo duas freqüências, que os pilotos do Legacy não teriam conseguido "copiar".

Antes disso, o jato executivo fez 12 chamadas ao Centro Brasília, entre as 16h48m16s e às 16h52m42s, também sem resposta.

Segundo Ferreira, o plano de vôo do Legacy, que partiu de São José dos Campos (SP) com destino a Manaus, previa uma altitude de 37 mil pés (cerca de 12 km de altura) até Brasília, 36 mil pés entre Brasília e o ponto Teres, e 38 mil pés daí até Manaus.

Entretanto, o Legacy, que decolou às 14h51 (horário de Brasília), atingiu o nível de 37 mil pés às 15h33, e manteve essa altitude até o momento da colisão.

O Boeing da Gol decolou em Manaus às 15h35 (horário de Brasília), solicitou o nível de vôo de 37 mil pés, condição mantida a partir das 15h58, até a colisão.

O último contato bilateral do Legacy com o centro de Brasília ocorreu às 15h51. Quatro minutos depois, quando o jato executivo sobrevoou a vertical de Brasília, manteve o nível de vôo a 37 mil pés sem solicitar ou receber qualquer instrução do centro de controle, seguindo em direção a Manaus sem mudar de altitude, diferente do que previa o plano de vôo original.

Ferreira evitou atribuir a causa do acidente à mudança no plano de vôo do Legacy, que acabou seguindo na "contra-mão" para Manaus. Segundo ele, é preciso avaliar o ambiente e as informações disponíveis para os pilotos e os controladores naquele momento para saber que procedimentos podem não ter sido realizados, os que podem ter sido incompletos ou insuficientes.

"Buraco negro"

O centro de Brasília perdeu as informações do radar secundário (equipamento que apresenta com precisão a informação de altitude da aeronave ao controlador) com o Legacy às 16h02. Entretanto, até as 16h26, não houve qualquer tentativa de contato nem por parte do jato executivo nem pelo centro de controle.

A partir das 16h26, o centro de Brasília fez sete chamadas, sem obter resposta, sendo a última, às cegas (já que o centro de Brasília perdeu definitivamente o contato radar primário com o Legacy às 16h38m00s). Nessa última tentativa (16h53m39), o Legacy foi orientado a chamar o centro Amazônico. Nesse intervalo de tempo, houve ainda uma perda momentânea --por dois minutos-- do radar primário com o Legacy.

Ferreira admitiu que a dificuldade de comunicação no local de transição do controle do centro Brasília com o centro Amazônico será analisada profundamente. O presidente da comissão de investigação afirmou que os equipamentos que atuam na região serão analisados, assim como os relatos sobre eventuais falhas de comunicação na região, tratada como um "buraco
negro" de comunicação.

"Um "ponto cego" pode ser momentâneo ou não. Para isso, vamos analisar o alcance dos equipamentos para o controle naquela área", disse Ferreira, após explicar que a comunicação pode sofrer influências diversas, inclusive atmosféricas.

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