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09/12/2006 - 09h22

Após ordem de Lula, FAB recebe os controladores

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LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Logo depois de receber ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para negociar com os controladores de tráfego aéreo, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, convocou os líderes da categoria para uma conversa que, segundo relatos, foi áspera e inconclusiva.

A reunião foi anteontem à tarde, antes da entrevista na qual Bueno elogiou os controladores publicamente pela primeira vez. Porém, a portas fechadas, a atitude do brigadeiro teria sido de exasperação e cobrança, em tom de voz elevado.

Os diretores da ABCTA (Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo) teriam sido questionados por Bueno sobre suas reivindicações, especialmente na questão de aumento salarial. Num momento mais tenso, Bueno teria culpado os sargentos pela possibilidade de "perda do poder", alusão ao estudo do governo sobre a desmilitarização do controle aéreo civil.

A Aeronáutica confirmou a reunião de quarta-feira, realizada na presença do comandante do Cindacta-1, Carlos de Aquino, mas não comentou o teor da conversa. Antes da audiência com Bueno, a ABCTA tinha sido recebida só pelo ministro Waldir Pires (Defesa), o que irritou o comandante da FAB e foi tratado internamente como quebra de hierarquia.

A mudança de postura, para o presidente do sindicatos de controladores (que representa a minoria civil do setor), Jorge Carlos Botelho, só ocorreu devido à ordem de Lula. "Essa nova atitude de concórdia e humildade só pode ser explicada assim", disse.

Atrito

De acordo com relatos sobre a reunião, algumas questões pontuais viraram motivo de atrito, como as viagens de Bueno para o Rio de Janeiro, onde ele mora. Segundo os controladores, os vôos do comandante nos finais de semana são perigosos porque têm prioridade e controle independentes das regras seguidas para o resto da aviação, o que causa conflitos no ar.

Também teria sido discutida uma provável nova evasão de sargentos controladores, que poderiam decidir prestar o concurso para controlador civil e ganhar um salário mais vantajoso que o do setor militar.

Relatório técnico

Em relatório enviado ao Ministério da Defesa, o técnico da empresa italiana responsável pelo sistema de rádio do Cindacta-1 (centro de controle de tráfego aéreo de Brasília) concluiu que não houve sabotagem, mas falha humana na pane que praticamente parou os aeroportos de todo o país na última terça-feira.

Esse relatório confirma os resultados preliminares da investigação conduzida pela Aeronáutica. "É correto excluir a possibilidade de sabotagem", escreveu o técnico, em relatório de oito parágrafos sobre a pane, explicando que tudo começou com uma interferência (os "zumbidos estranhos", segundo oficiais da Aeronáutica) e que a queda geral do sistema foi resultado da tentativa de correção.

No texto, o italiano diz que os funcionários da manutenção chegaram à conclusão de que havia problemas técnicos e tentaram fazer uma troca. Foi justamente nessa troca que o problema se intensificou, porque houve um conflito de números que "derrubou o link de comunicação entre as centrais". Essa, enfim, foi a verdadeira pane.

Colaborou ELIANE CANTANHÊDE, colunista da Folha

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