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orçamento
22/10/2003
Governo decide aumentar verbas da saúde para 2004

O governo decidiu recompor o orçamento da saúde para 2004, compensando em parte o que foi computado para o setor mas na verdade irá para saneamento e programas de combate à fome. Foi uma decisão pragmática, pois o Planalto avaliou que está sujeito a três derrotas: judicial, política e na opinião pública.

A aplicação de recursos na saúde se transformou na principal polêmica do Orçamento da União. A Constituição determina que o orçamento para o setor seja corrigido, ano a ano, com base na variação nominal do PIB (Produto Interno Bruto). Para fechar essa conta, o governo incluiu como gastos do Ministério da Saúde R$ 3,5 bilhões referentes a obras de saneamento e programas de combate à miséria.

O mais provável é que o governo faça uma recomposição parcial, mantendo saneamento dentro do orçamento, mas compensando a parte dos programas de combate à miséria. Conforme a Folha apurou, esse meio-termo tem apoio no Planalto e no Ministério da Saúde.

Seria uma "solução política" articulada pelo chefe da Casa Civil, José Dirceu, preocupado com a última decisão do Ministério Público a respeito, com o julgamento de uma ação no Supremo Tribunal Federal e com as reações no Congresso e na opinião pública.

A primeira derrota já está ratificada, pois o Ministério Público "recomendou" ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o envio de uma emenda à proposta orçamentária no valor de R$ 4,02 bilhões para 2004, "sem computar nesse montante os recursos provenientes do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza".

O cálculo do MP considera que, além da inclusão de saneamento e da fome, o governo subestimou contabilmente os valores que corresponderiam ao mínimo que a Constituição destina ao setor. O Orçamento do governo prevê R$ 32,481 bilhões para o ano que vem. O MP refez os cálculos para R$ 32,930 bilhões.

A recomendação, em nome do procurador-geral da República, Cláudio Fontelles, foi assinada pelos procuradores Aldenor Moreira Sousa e Mário Lúcio de Avelar, no último dia 16. Trata-se de resposta a um questionamento feito pelo deputado Roberto Gouveia (PT-SP) e pelo ex-deputado e ex-secretário municipal de Saúde de São Paulo Eduardo Jorge.

Há, ainda, uma ação questionando o orçamento da Saúde no Supremo, presidido pelo ministro Maurício Corrêa. Como ele tem criticado Lula publicamente, a expectativa no Planalto é de derrota.

O argumento das "derrotas" está sendo usado, principalmente, junto ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, apontado como o principal responsável pelo orçamento apresentado para a Saúde no próximo ano.

A ação foi protocolada no dia 13 pelo líder do PSDB, Jutahy Júnior (BA), no Supremo Tribunal Federal. Dois dias depois, deputados da Frente Parlamentar de Saúde se reuniram com Corrêa e saíram do tribunal com a impressão de que ele deve acatar o pedido.

A ação é uma "arguição de descumprimento de preceito fundamental", com o argumento de que o governo não cumpre a emenda 29. Ela pede que a Justiça conceda uma liminar suspendendo a tramitação da lei orçamentária.

Para se antecipar a uma eventual decisão judicial que bloqueie o Orçamento, o governo tem duas saídas. A primeira é enviar uma proposta orçamentária substitutiva, antes que ocorra qualquer votação do projeto enviado ao Congresso. A outra é apresentar uma emenda modificando os recursos da Saúde.

Para este ano, porém, o ministro da Saúde, Humberto Costa, garantiu que não haverá problemas: "Não há risco de não cumprir o mínimo constitucional", disse ele ontem à Folha.

Dos cerca de R$ 27,7 bilhões do Orçamento deste ano, ele estima que cerca de R$ 6 bilhões ainda não tenham sido usados, mas diz que serão até 31 de dezembro.

ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Folha de S. Paulo, sucursal de Brasília
OTÁVIO CABRAL
Do Painel, Folha de S. Paulo, em Brasília

   
 
 
 

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