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cidadania
21/10/2003
Idosos não têm a dignidade respeitada, diz pesquisa

Os idosos, principalmente para os moradores do Rio de Janeiro, são os mais desrespeitados em sua dignidade humana. Pelo menos esse é o sentimento da maioria dos 1.725 entrevistados do Relatório sobre a Dignidade Humana e a Paz no Brasil, feito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). A pesquisa, divulgada ontem, ouviu moradores das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.

De acordo com o levantamento, no Rio, 40,8% dos entrevistados consideraram que os idosos são desrespeitados. Em São Paulo, essa percepção foi de 28,2% e, no Recife, de 25,5%. O segundo exemplo onde a dignidade humana é mais atingida, de acordo com o relatório, é o preconceito de raça ou de cor. Esse sentimento foi manifestado por 27,4% dos moradores de São Paulo, 25,5% do Rio, e 21,5% no Recife.

Questões como a pobreza e a fome, no entanto, causam diferentes reações na população. Em São Paulo, 18,2% relacionaram o problema ao desrespeito à dignidade. No Rio, o índice foi de 10,5% e, no Recife, de 6,9%.

Francisco Whitaker, responsável pela elaboração do relatório, disse que o porquê das respostas dos moradores será analisado numa etapa posterior.

O conceito de dignidade utilizado pela pesquisa baseia-se, entre outros, em uma definição do filósofo Immanuel Kant (1724-1804). "Uma coisa que tem preço pode ser substituída por outra que lhe seja equivalente, mas quando está acima de qualquer preço, por não haver outra que lhe seja equivalente, tem dignidade."

A conceituação apóia-se ainda na Declaração Universal dos Direitos do Homem para dimensionar a importância da dignidade. "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos", diz o artigo primeiro.

O relatório aponta que, em São Paulo, 71,2% consideraram que não há respeito à dignidade humana. No Rio, esse percentual foi de 85,6% e, no Recife, 82,1%. Dos entrevistados de São Paulo, 35,7% disseram que somente a dignidade humana da minoria está sendo respeitada. Em 2002, essa resposta foi dada por 18%.

"Se a noção de dignidade não estiver clara para o população, é mais provável que ela seja mais desrespeitada", disse Whitaker. Nesse contexto, 87,9% dos entrevistados em Recife disseram que é preciso fazer alguma coisa em casos de desrespeito. No Rio de Janeiro, 87% disseram a mesma coisa e, em São Paulo, 84,9%.

O professor Carlos Eduardo Meirelles Matheus, titular do Departamento de Filosofia da PUC e responsável pela execução da pesquisa, afirmou que os questionários têm como objetivo aferir o nível de conhecimento sobre a noção de dignidade, a percepção das pessoas sobre o desrespeito, e a capacidade de agir e se indignar.


CHICO DE GOIS
Da Folha de S. Paulo

   
 
 
 

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