O aclamado ex-aluno do projeto venezuelano mais conhecido
como “El Sistema”, Gustavo Dudamel, se consagra
ao tornar-se diretor musical de uma das mais importantes filarmônicas
do mundo. Com apenas 26 anos, o originário de Borquisimeto,
cidade localizada no noroeste da Venezuela, foi anunciado
o sucessor de Esa-Pekka Salonen, maestro finlandês que
já está há quase duas décadas
na filarmônica e que continuará em seu cargo
até 2009, quando Dudamel assumirá por pelo menos
cinco anos, segundo seu contrato.
Em sua carreira Gustavo Dumadel já conquistou sucesso
mundial, sendo primeiramente reconhecido ao ganhar a “Bamberger
Symphoniker Gustav Mahlerregendo Conducting Competition”
em 2004. O talentoso maestro já regeu orquestras em
Israel, Viena, Nova York, Boston, Chicago, Londres, Berlim
(onde já tinha atraído olhares por ser o baixista
mais novo que já tocara na Filarmônica) e em
Los Angeles, há dois anos na sua estréia nos
Estados Unidos. Além disso, ganhou o “Premio
de la Latinidad”, uma honraria dada pela União
Latina a pessoas que contribuíram de forma importante
com a vida cultural latina. Porém as coisas não
foram sempre fáceis para Dumadel, que teve seu talento
desenvolvido em um programa social do governo venezulano.
“A Fundação do Estado para o Sistema
de Orquestra Juvenil e Infantil da Venezuela”, ou como
é conhecido popularmente, “El Sistema”,
é na realidade um projeto que visa tirar as crianças
e jovens das ruas, onde correm risco de ser levados para o
mundo da violência e das drogas, e trazê-los para
os palcos, para o mundo da música, plantando neles
um gosto pela música clássica. Mas ao contrário
do que alguns podem pensar, o programa não é
recente. Desde 1975 o fundador Jose Antonio Abreu luta para
dar uma chance a jovens que, muitas vezes, nem sabem o que
é ter esperança.
Com tanto esforço e empenho o resultado do programa
não podia ser outro: sucesso. As onze crianças
que participavam inicialmente do “El Sistema”
hoje são 250.000, sendo que quase a totalidade delas
não tinham as condições financeiras necessárias
para ter esse tipo de educação. Outro dado estarrecedor
é que o primeiro centro se transformou em 136 espalhados
pelo país, contando, no total, com 200 orquestras.
Com tanta dedicação de professores e instrutores
voluntários, o talento das crianças é
aprimorado e de lá saem verdadeiras lendas da música,
como o próprio Gustavo Dudamenl, Edicson Ruiz (viola),
Lennar Acosta (clarineta), entre vários outros. Esse
êxito, como já era esperado, inspirou outros
países a ajudar suas crianças especialmente
os sul-americanos.
No Brasil
O Brasil, tendo seu povo conhecido por seu “coração
mole”, não podia fugir à regra. Criado
em 1995 o Projeto Guri é um programa do Estado de São
Paulo que tem como o objetivo a inclusão das crianças
advindas de famílias pobres à sociedade através
da música. Através de cursos oferecidos por
professores de qualidade o Projeto Guri já ganhou o
Prêmio Multicultural Estadão em 2000, além
de ter representado o país em diversas reuniões
internacionais, como o ocorrido na Suíça chamado
“Encontro Internacional da Rede Global de Educação
para a Paz”; no “Simpósio Internacional
Ruídos e Palavras” em Nápoles, no ano
de 2001, e até na Sessão Especial da Assembléia
Geral das Nações Unidas, representando o Brasil
oficialmente em Nova York.
Com todo o sucesso obtido, o grupo se sente motivado para
melhorar ainda mais o programa feito para os jovens brasileiros.
A equipe do “Projeto Guri” deseja criar mais pólos
no Estado de São Paulo, sendo que já são
31 só na capital. Outra meta que os membros possuem
é aumentar o número de eventos que ocorrem,
juntando membros de mais de um centro, o que promove amizade
entre as crianças e professores; e também o
número de apresentações de pequeno, médio
e grande porte, as quais ajudam na divulgação
do projeto e gratificam as crianças por seu empenho.
Todo esse trabalho em equipe resulta em vários talentos
descobertos. Como se viu na única apresentação
feita por um grupo de meninas participantes do projeto no
Festival de Inverno de Campos do Jordão. A apresentação
lotou a Praça Capivari, no centro da cidade e fez com
que todos lá presentes apaludissem de pé, não
só as garotas e a equipe, que fizeram uma apresentação
incrível, mas a iniciativa do projeto de tentar devolver
o sorriso ao rosto das crianças.
Raquel Ferreira Beer,
aluna do 2º ano do ensino
médio, do Colégio Bandeirantes -
raquelfbeer@hotmail.com
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