REFLEXÃO

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RADAR DO MUNDO
13/08/2007

Projeto social venezuelano vê ex-aluno se tornar diretor musical da Filarmônica de Los Angeles

  Raquel Ferreira Beer


O aclamado ex-aluno do projeto venezuelano mais conhecido como “El Sistema”, Gustavo Dudamel, se consagra ao tornar-se diretor musical de uma das mais importantes filarmônicas do mundo. Com apenas 26 anos, o originário de Borquisimeto, cidade localizada no noroeste da Venezuela, foi anunciado o sucessor de Esa-Pekka Salonen, maestro finlandês que já está há quase duas décadas na filarmônica e que continuará em seu cargo até 2009, quando Dudamel assumirá por pelo menos cinco anos, segundo seu contrato.

Em sua carreira Gustavo Dumadel já conquistou sucesso mundial, sendo primeiramente reconhecido ao ganhar a “Bamberger Symphoniker Gustav Mahlerregendo Conducting Competition” em 2004. O talentoso maestro já regeu orquestras em Israel, Viena, Nova York, Boston, Chicago, Londres, Berlim (onde já tinha atraído olhares por ser o baixista mais novo que já tocara na Filarmônica) e em Los Angeles, há dois anos na sua estréia nos Estados Unidos. Além disso, ganhou o “Premio de la Latinidad”, uma honraria dada pela União Latina a pessoas que contribuíram de forma importante com a vida cultural latina. Porém as coisas não foram sempre fáceis para Dumadel, que teve seu talento desenvolvido em um programa social do governo venezulano.

“A Fundação do Estado para o Sistema de Orquestra Juvenil e Infantil da Venezuela”, ou como é conhecido popularmente, “El Sistema”, é na realidade um projeto que visa tirar as crianças e jovens das ruas, onde correm risco de ser levados para o mundo da violência e das drogas, e trazê-los para os palcos, para o mundo da música, plantando neles um gosto pela música clássica. Mas ao contrário do que alguns podem pensar, o programa não é recente. Desde 1975 o fundador Jose Antonio Abreu luta para dar uma chance a jovens que, muitas vezes, nem sabem o que é ter esperança.

Com tanto esforço e empenho o resultado do programa não podia ser outro: sucesso. As onze crianças que participavam inicialmente do “El Sistema” hoje são 250.000, sendo que quase a totalidade delas não tinham as condições financeiras necessárias para ter esse tipo de educação. Outro dado estarrecedor é que o primeiro centro se transformou em 136 espalhados pelo país, contando, no total, com 200 orquestras. Com tanta dedicação de professores e instrutores voluntários, o talento das crianças é aprimorado e de lá saem verdadeiras lendas da música, como o próprio Gustavo Dudamenl, Edicson Ruiz (viola), Lennar Acosta (clarineta), entre vários outros. Esse êxito, como já era esperado, inspirou outros países a ajudar suas crianças especialmente os sul-americanos.


No Brasil
O Brasil, tendo seu povo conhecido por seu “coração mole”, não podia fugir à regra. Criado em 1995 o Projeto Guri é um programa do Estado de São Paulo que tem como o objetivo a inclusão das crianças advindas de famílias pobres à sociedade através da música. Através de cursos oferecidos por professores de qualidade o Projeto Guri já ganhou o Prêmio Multicultural Estadão em 2000, além de ter representado o país em diversas reuniões internacionais, como o ocorrido na Suíça chamado “Encontro Internacional da Rede Global de Educação para a Paz”; no “Simpósio Internacional Ruídos e Palavras” em Nápoles, no ano de 2001, e até na Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas, representando o Brasil oficialmente em Nova York.

Com todo o sucesso obtido, o grupo se sente motivado para melhorar ainda mais o programa feito para os jovens brasileiros. A equipe do “Projeto Guri” deseja criar mais pólos no Estado de São Paulo, sendo que já são 31 só na capital. Outra meta que os membros possuem é aumentar o número de eventos que ocorrem, juntando membros de mais de um centro, o que promove amizade entre as crianças e professores; e também o número de apresentações de pequeno, médio e grande porte, as quais ajudam na divulgação do projeto e gratificam as crianças por seu empenho.

Todo esse trabalho em equipe resulta em vários talentos descobertos. Como se viu na única apresentação feita por um grupo de meninas participantes do projeto no Festival de Inverno de Campos do Jordão. A apresentação lotou a Praça Capivari, no centro da cidade e fez com que todos lá presentes apaludissem de pé, não só as garotas e a equipe, que fizeram uma apresentação incrível, mas a iniciativa do projeto de tentar devolver o sorriso ao rosto das crianças.
Raquel Ferreira Beer, aluna do 2º ano do ensino médio, do Colégio Bandeirantes - raquelfbeer@hotmail.com

   
Apresentação

O Radar do Mundo é produzido pelo projeto Idade Mídia do ensino médio do Colégio Bandeirantes, de São Paulo, desenvolvido pelos jornalistas Alexandre Sayad e Gilberto Dimenstein, que mistura o mundo da educação ao da comunicação (a chamada educomunicação). Em uma sociedade em que a informação está presente na vida dos jovens durante todo o tempo, a educação tem a necessidade de acompanhar essas novas demandas.

 
 
 

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