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12/02/2004
Fraude trabalhista é investigada

Empresas de ônibus que venceram a licitação do novo sistema de transportes de São Paulo no ano passado têm aplicado um golpe trabalhista, com o apoio do sindicato de motoristas e cobradores, para zerar as suas dívidas.

Quando participaram da licitação -que só permitia a contratação de empresas sem dívidas trabalhistas-, as viações mudaram de nome, mas os donos eram os mesmos. Para limpar as contas das novas companhias, os empresários demitem os funcionários, pagam menos do que deviam por lei e depois os recontratam.

Segundo denúncias de motoristas e cobradores, as viações não pagam o aviso prévio nem a multa de 40% por demissão e ainda parcelam em até sete vezes as verbas de rescisão. Quem não concordar em fazer o acordo não é recontratado e perde o emprego -tudo com o apoio do sindicato da categoria, que deveria defender os direitos dos trabalhadores.

Por fim, segundo as denúncias, as empresas ainda fecham os acordos com os funcionários com base no saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) que está na conta -sem contabilizar os valores atrasados que deveriam ter sido depositados pelas empresas e não foram.

Investigação
Segundo a Folha apurou, cerca de 7.000 trabalhadores de quatro empresas já podem ter fechado esses acordos. Essas viações formam hoje o consórcio Sambaíba, que explora a área dois, na zona norte da cidade.

As irregularidades são alvo de uma investigação do procurador Sergio Suiama, do Ministério Público Federal. Segundo ele, "se isso [os acordos trabalhistas ilegais] for levado adiante, serão 50 mil trabalhadores prejudicados".

A Procuradoria da República vai verificar que acertos já foram firmados e propor a abertura de ação penal contra os responsáveis. O Ministério Público do Trabalho e a Delegacia Regional do Trabalho vão apurar o caso.

O sindicato das empresas de ônibus respondeu, por meio de nota, que os acordos não ferem a legislação trabalhista. A Secretaria dos Transportes, que organizou a licitação que escolheu as empresas, informou que não iria se manifestar. A Folha não conseguiu conversar com o dono da Sambaíba, o empresário Belarmino Marta. O sindicato dos trabalhadores não respondeu às ligações.

Mesmos envolvidos
O sindicato dos cobradores e motoristas é controlado pelo mesmo grupo de Edivaldo Santiago Silva, o ex-presidente da entidade que chegou a ficar preso em 2003 sob a acusação de homicídio e formação de quadrilha.

No ano passado, os empresários de ônibus de São Paulo já foram acusados por sindicalistas que representam os motoristas e cobradores de participar de um esquema de pagamento de propina a diretores da entidade.

Ao todo, 17 sindicalistas foram presos em maio, acusados de formação de quadrilha e de conluio com os empresários para alimentar greves em benefício próprio.

Após prisão, o acordo
Desses, dois -José Ilton Marçal Pereira e Geraldo Diniz da Costa- assinam a ata de uma reunião realizada no dia 19 de julho do ano passado para fechar os acordos trabalhistas agora investigados. As datas mostram que eles conduziram o encontro dias depois de terem sido soltos.

Em agosto do ano passado, a Folha revelou também que a licitação dos transportes teve as regras alteradas, com mudanças que não estavam previstas no edital original. Na época, especialistas ouvidos pelo jornal questionaram a legalidade das modificações. Os contratos firmados depois da licitação têm um prazo de dez anos e valor total de R$ 12,3 bilhões -mais que todo o Orçamento paulistano de 2003.


As informações são da Folha de S. Paulo.

 
 
 

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