Jovens
continuam inseguros sobre escolha profissional
Rodrigo
Zavala
Especial para o GD
Você
vai prestar para o quê? A típica pergunta feita
aos alunos do Ensino Médio está cada vez mais
difícil de ser respondida. Pelo menos, esta é
a conclusão do estudo elaborado pelo DataTeen, setor
de pesquisas do Instituto Paulista de Adolescência (IPA).
Segundo o relatório, quase metade (42%) dos estudantes
que vão prestar vestibular não se sentem seguros
sobre sua escolha profissional.
"Isso
responde, em parte, porque existe uma grande taxa de abandono
dos cursos universitários", explica o diretor
do instituto, Eugênio Chipkevitch. Para se ter uma idéia,
só na Universidade de São Paulo (USP) as taxas
de evasão chegam a 40% em alguns cursos.
A explicação
para o comportamento indeciso do jovem é uma combinação
de vários fatores. Primeiramente, a escola que não
dá base para as decisões do aluno. Apenas 10%
dos entrevistados conseguem informações em suas
escolas. Já a TV influencia 42,9%. "Os jovens
são bombardeados por informações como
saturação de algumas áreas e mudanças
em outras, o que leva a uma certa confusão mental",
afirma.
O amadurecimento tardio das novas gerações também
é uma das possíveis razões apontadas
por Chipkevitch. Para ele, a adolescência se esticou.
Não só ela se tornou mais precoce, como também
avançou até um pouco mais dos vinte anos. "Os
jovens entram nessa fase mais novos e saem dela bem mais velhos
em comparação às gerações
dos pais."
Para o pedagogo Silvio Bock, do Instituto de Orientação
Vocacional e Redução, a taxa de convicção
dos estudantes do Ensino Médio (58%) registrada pelo
IPA precisa de um adendo. "É preciso saber qual
é a qualidade das respostas afirmativas", questiona.
Para ele, existe apenas uma impressão de convicção.
Há
anos trabalhando com estudantes, Bock percebeu que alguns
adolescentes não conseguem responder o porquê
de sua escolha. "São jovens que têm certeza
do que querem. No entanto, quando se questiona os motivos
da escolha profissional, não sabem". Por isso,
o pedagogo acredita que o número de indecisos pode
ser bem maior do que o apresentado na pesquisa do instituto.
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