Capacitação
profissional não garante primeiro emprego
Raquel
Souza
Especial GD
Sem uma
política governamental para criar empregos, a capacitação
para o mercado de trabalho e a qualificação
profissional efetuada por ONGs e outras entidades em todo
o Brasil é ineficaz. A conclusão é fruto
da pesquisa da assistente social Maria Fernanda Salgueiro,
divulgada no último dia 26, na PUC-RJ (Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro).
Segundo
a pesquisa, o esforço das instituições
não é suficiente para inverter o quadro de exclusão
dos jovens de baixa renda que buscam o primeiro emprego. "Como
não há políticas públicas que
criem novos postos, as pessoas da periferia conseguem apenas
trabalhos precários", diz Maria Fernanda.
Ela conta
que, na maioria das vezes, os jovens, por falta de oportunidade,
criam cooperativas de trabalho, o que garante um desenvolvimento
comunitário no bairro, ou favela em que estão
inseridos. Em outros casos, os jovens trabalham informalmente
como cabeleireiros, manicures, eletricistas e carpinteiro,
sem que lhe sejam garantidos qualquer benefício trabalhista.
O problema
dessas atividades, segundo Maria Fernanda é que elas
não garantem a saída dessa população
da categoria de excluídos e muito menos desenvolve
algum tipo de projeto de carreira. "As ações
das entidades acabam se tornando assistenciais já que
não tiram os jovens do nível precarizado de
vida que levam", afirma.
Mesmo
assim, o trabalho das ONGs, segundo a assistente social, dá
a população juvenil uma maior consciência
política e organização comunitária.
"As entidades se tornam um espaço de discussão
sobre as problemáticas sociais".
Os coordenadores
dos programas de capacitação também começam
a se despertar para o problema maior: "eles percebem
que além da capacitação, são necessárias
vagas e oportunidades de trabalho", conclui Maria Fernanda.
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