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Dia 02.10.01 às 17h55min
 

 

Política para juventude deve ir além do esporte e lazer, diz especialista

Raquel Souza
Especial para o GD

Após sete anos no poder, o governo do estado de São Paulo descobriu que adolescentes e jovens necessitam de políticas específicas. Coincidindo com a aproximação das eleições, começou a funcionar, nesta semana, a Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer, ainda sem orçamento definido.

O ex-vereador Gabriel Chalita assumiu hoje a nova secretaria afirmando que pretende focar os programas oficiais nas áreas de esporte e lazer, e combatendo, assim, o ócio, a violência e o uso de drogas.

Segundo Marilia Sposito, professora da Faculdade de Educação da USP, a nova secretaria precisa fazer mais. "As demandas dos jovens são globais. Não adianta segmentar ações como se o jovem precisasse apenas de campos de futebol", diz.

A professora afirma que valoriza qualquer iniciativa destinada à juventude, mas faz uma crítica à política adotada pelo governo estadual, que atrela as necessidades dos jovens apenas ao esporte e lazer.

Nesse caso, o fato do novo órgão ocupar o espaço da extinta Secretaria de Esportes e Turismo é sintomático.

Para Marília, iniciativas de promoção da saúde e programas de âmbito cultural (que ofereçam acesso a bens culturais e valorizem a produção juvenil) são alguns itens básicos de uma política pública voltada para este segmento.

No que diz respeito à geração de trabalho e renda, a professora conta que o governo precisa ir além da tradicional capacitação. "Na Europa, há uma intervenção do poder público junto às empresas que proporciona a entrada dos jovens no mundo do trabalho. Nosso país pode ter ações semelhantes", conclui.

Leia mais:

- Nova secretaria comandará Febem
-
Jovens propõem prioridades para uma política voltada para eles
- Programas oficiais priorizam esportes e lazer
- São Paulo aposta no trabalho voluntário de universitários

 

 
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Jovens propõem prioridades para uma política voltada para eles


"O Capão Redondo [zona sul de São Paulo] tem mais de 230 mil habitantes, é maior do que várias capitais de países do mundo e não tem nenhum clube poliesportivo, nenhum teatro, nenhum cinema e nenhum fórum. Para ter acesso a essas coisas, é preciso se deslocar dez quilômetros para chegar a Santo Amaro ou 30 para chegar ao Centro", diz o monitor de aulas de dança de salão Rogério Nascimento Campos, 18.

Ele participa de um levantamento, feito pelo Instituto Sou da Paz e pela Associação Chico Mendes, para mapear politicas voltadas aos jovens e analisar o grau de desrespeito aos direitos humanos em seu bairro.

A sua receita política para transformar o cotidiano do Capão Redondo vai ao encontro do discurso de políticos e do que outros jovens imaginam ser importante para a juventude.

"Falta lazer e cultura, é preciso ter mais campos de futebol, piscinas, clubes de graça, mais escolas, cinemas de graça ou baratos, cursos para aprimorar talentos. O espaço existe, falta investimento", diz Rogério.

Para Marcileide Maria da Silva, 25, que participa do mesmo levantamento e mora na Chácara Bandeirantes [zona sul de São Paulo" ainda existe um longo caminho a ser percorrido pelo poder público para atingir o jovem. "No meu bairro falta tudo, posto de saúde, asfalto, água encanada. Só tem duas escolas na região e elas não comportam todos os jovens", diz.

Segundo ela, as políticas têm de passar pela educação, pela construção de escolas e por programas que gerem renda e mantenham o jovem nas salas de aula. "Aqui, neste mês, chegou o Bolsa Trabalho [programa da Prefeitura de São Paulo que dá ao jovens a oportunidade de fazer oficinas profissionalizantes e de ser remunerado nesse período", mas ninguém começou a receber o dinheiro nem a fazer curso ainda. É um projeto interessante, mas dura só seis meses e é para jovens de 16 a 20 anos. Tinha de ser para gente mais velha também, até uns 25 anos."

Para a secretária Ana Paula Assunção, 18, que mora no Jardim Ângela, além da falta de lazer e da falta de oportunidades de trabalho, também é importante que políticas de combate à violência sejam traçadas. Mas com cautela. "Se tiver demais, a violência pode até aumentar. Quem está do lado violento vai pensar assim: "Esses boyzinhos querem vir aqui falar da violência, eu vou mostrar para eles o que é violência". Muita gente pensa assim aqui", conta.

Ana Paula diz também que as informações sobre saúde, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e Aids não chegam até ela pela ação governamental. "Eu sei disso tudo porque eu vou atrás, porque eu tenho internet no trabalho e sou bem informada", diz.

Mas não é só na periferia que há falta de diálogo e informação e que as pessoas não se sentem atingidas pelas políticas públicas. Para a estudante de desenho industrial Alice Abramo, 18, a falta de espaços públicos e de áreas de lazer é um dos principais problemas que os jovens de uma cidade como São Paulo enfrentam. Para ela, é preciso traçar uma política que contemple aspectos culturais, ambientais e de educação.

Eduardo Lagoa, 18, estudante de jornalismo, atenta para o problema da eficácia da comunicação para os jovens, principalmente em relação às campanhas de saúde e de trânsito. "É preciso falar a língua do jovem. Na maior parte das campanhas antidrogas, por exemplo, o governo consegue chocar crianças e pais, mas não atinge os adolescentes", diz.

Já para o estudante Rafael Chaves, 15, que já foi voluntário distribuindo preservativos e quer participar da ONG Attac, as campanhas de saúde são importantes, mas mais importante é diminuir a desigualdade entre os jovens.

(Folha de S. Paulo)

 

 
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Programas oficiais priorizam esportes e lazer

Demorou para o jovem tornar-se objeto de políticas públicas, mas, agora, a quase um ano das eleições para a Presidência da República e para o governo do Estado, temas ligados à juventude parecem ter entrado definitivamente nas agendas oficiais. Coincidência? É muito pouco provável.

Todas essas políticas, nos âmbitos federal, estadual e municipal, têm pontos comuns. O mais evidente é que, sem parcerias, elas não sobrevivem. Em quase todos os programas em desenvolvimento, a participação de empresas, organizações não-governamentais, associações de bairro e universidades não é apenas bem-vinda, é necessária.

Outro ponto é o enfoque no esporte e no lazer, principalmente em espaços públicos, visando ao combate às drogas, à ociosidade e à criminalidade.

Assim como a Prefeitura de São Paulo criou a Coordenadoria da Juventude para integrar e centralizar políticas públicas voltadas para o jovem, a partir de hoje, passa a funcionar uma nova secretaria de Estado com a mesma finalidade. É a Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer, que terá como secretário o ex-vereador de Cachoeira Paulista Gabriel Chalita, 32.

A secretaria, criada após sete anos do PSBD no poder, ainda não tem o Orçamento definido. Chalita diz que deve receber as verbas que eram destinadas à extinta Secretaria de Esportes e Turismo e também as destinadas à Febem.

Mesmo sem saber o quanto vai ter de dinheiro para gastar, Chalita já definiu suas prioridades (veja quadro acima). Para tanto, haverá uma articulação com diferentes secretarias e com a iniciativa privada. Um exemplo é o Projeto Guri, que fornece instrumentos musicais para 7.000 jovens e deve ser ampliado. "Também vou tratar de áreas públicas. Devo cuidar do parque que será criado após a implosão do complexo do Carandiru, no ano que vem."

Com a iniciativa privada, Chalita quer implantar centros de juventude, que seriam espaços de lazer e capacitação profissional, que contariam com o apoio de empresas. "Um supermercado quer empregar empacotadores? Nós usaremos esses centros para dar um treinamento técnico e humanista para que, depois, esse jovem possa ser absorvido pela empresa", diz.

Centros de referência de lazer e de cultura e ajuda para a entrada no mercado de trabalho, também são políticas adotadas pela Prefeitura de São Paulo -como é o caso do Bolsa Trabalho, em que jovens fazem oficinas profissionalizantes e são remunerados. Com pautas comuns, tanto a prefeitura quanto o governo dizem estar abertos para conversas e atuação conjunta.

O governo federal não tem tanta integração nas políticas para os jovens quanto o Estado e o município. Uma das exceções é o Ministério da Saúde que, por meio da área técnica de saúde do adolescente e do jovem, coordenada por Guilbert Nobre, 33, tem realizado trabalhos em conjunto com outros ministérios, em projetos que vão desde a prevenção à gravidez na adolescência até o combate aos principais motivos de mortes por causas externas (homicídio, suicídio e acidentes de trânsito).

Os resultados desses trabalhos devem aparecer no ano que vem. Segundo Nobre, o governo federal não deu ênfase à juventude antes porque estava concentrado nas questões da infância.

(Folha de S. Paulo)

 

 
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São Paulo aposta no trabalho voluntário de universitários

"Eles podem esperar muito trabalho." Assim o novo secretário da Juventude, Gabriel Chalita, definiu o papel que os jovens das classes média e alta terão de desempenhar para que as políticas traçadas pela secretaria sejam eficazes.

A partir de hoje, a secretaria encampa o projeto Universidade Cidadã, desenvolvido pela primeira-dama Maria Lúcia Alckmin, no qual Chalita trabalhava como conselheiro.

"Quando a dona Lu [a primeira-dama" assumiu o fundo, a gente começou a fazer um trabalho junto aos jovens universitários. Porque temos uma soma muito grande de universidades no Estado e um potencial enorme para desenvolver um trabalho social", diz Chalita.

O projeto, já em curso em 60 das 69 faculdades de direito do Estado, faz com que o jovem universitário vá trabalhar como voluntário em uma comunidade próxima à universidade.

No caso dos estudantes de direito, o trabalho consiste no auxílio para a formação de associações e de cooperativas para que a comunidade consiga criar projetos de geração de renda e de trabalho. "Embora haja pessoas participando de outras formas, como em adoção", diz.

Chalita pretende estender esses programas para as áreas de saúde e de educação. Em saúde, os focos serão a gravidez na adolescência e sexualidade. Em educação, vai-se explorar o contato com problemas sociais.

A idéia é que haja uma troca entre as diferentes classes sociais e que isso tenha um impacto tanto na auto-estima do jovem quanto em sua visão de mundo. "A gente quer que isso conste dos currículos, para que faça uma diferença também no mercado de trabalho."

Os universitários Alice Abramo e Eduardo Lagoa disseram que acham interessante estreitar esse contato com jovens que têm outras experiências de vida. "É mais fácil falar com alguém da nossa idade do que com gente da geração dos nossos pais", comenta Eduardo.

Por outro lado, Rogério Nascimento Campos, que mora no Capão Redondo (zona sul de São Paulo) diz acreditar que esse contato com os universitários pode ser improdutivo, pois as realidades que eles vivem é muito distante daquela da periferia e isso poderia trazer problemas de comunicação.

(Folha de S. Paulo)

 

 
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