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07/07/2004
-
13h11
ELAINE COTTA
da Folha Online, em Brasília
O Brasil pretende negociar com a Argentina uma saída amigável para a última disputa comercial entre os dois países. A Argentina, depois do embargo à carne suína e das dificuldades impostas à entrada de produtos têxteis e de calçados, decidiu dificultar a importação de eletrodomésticos do Brasil.
A medida já foi publicada pelo "Diário Oficial" do governo argentino e prevê a cobrança de uma alíquota de 21% para as importações de televisores fabricados na Zona Franca de Manaus. Segundo o governo argentino, a medida visa proteger os fabricantes locais. O Brasil contesta essa justificativa.
As restrições passarão a valer também para os eletroeletrônicos brasileiros que pertencem à chamada linha branca --geladeiras, fogão e máquina de lavar roupa. Segundo o secretário da Indústria da Argentina, Alberto Dumont, 62% dos refrigeradores vendidos no país são de origem brasileira. No caso das máquinas de lavar, o percentual é de 51%.
De acordo com a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), a medida poderá levar à demissão de 1.000 trabalhadores no Brasil. A associação divulgou ontem nota repudiando a medida argentina e cobrando uma posição firme do governo brasileiro sobre o caso.
"[Roberto] Lavagna nos deu a oportunidade de estimular as negociações entre os setores privados", disse Furlan. Segundo o ministro, os técnicos das empresas privadas já estão próximos de um acordo para as importações de geladeiras e para o caso dos televisores.
Não é a primeira vez que o Brasil enfrenta problemas para exportar para a Argentina. Desde que a economia do país vizinho começou a sair da crise --no final de 2002-- a demanda por produtos brasileiros cresceu. Em 2003, por exemplo, quando a economia brasileira teve retração de 0,2%, a argentina cresceu mais de 8%.
Como o país vizinho viveu uma crise sem precedentes entre 1999 e 2002 --o PIB (Produto Interno Bruto) recuou quase 20% no período-- as empresas locais perderam competitividade e escala de produção. Com isso, a retomada do consumo interno não pôde ser suprida com produtos argentinos, daí a necessidade de aumentar as importações do Brasil.
Têxteis e carne
No final do mês passado, os dois países já tinham enfrentado um pequeno "atrito" comercial quando a Argentina vetou a entrada de carne suína brasileira no país por conta do foco de febre aftosa descoberto no Estado do Pará. No último dia 2, a Argentina voltou a liberar a importação da carne brasileira.
O setor têxtil brasileiro também foi acusado de "invadir" o mercado argentino. As negociações para se chegar a uma solução nessa área duraram meses e foram concluídas somente no início deste ano. As primeiras barreiras foram impostas no primeiro semestre de 2003. Na negociação, os brasileiros concordaram em reduzir em 5 milhões de metros lineares as exportações brasileiras do tecido "denim".
No primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou US$ 3,281 bilhões para a Argentina e importou US$ 2,553 bilhões. Ou seja, terminou o período com superávit de US$ 728 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria.
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O Brasil pretende negociar com a Argentina uma saída amigável para a última disputa comercial entre os dois países. A Argentina, depois do embargo à carne suína e das dificuldades impostas à entrada de produtos têxteis e de calçados, decidiu dificultar a importação de eletrodomésticos do Brasil.
A medida já foi publicada pelo "Diário Oficial" do governo argentino e prevê a cobrança de uma alíquota de 21% para as importações de televisores fabricados na Zona Franca de Manaus. Segundo o governo argentino, a medida visa proteger os fabricantes locais. O Brasil contesta essa justificativa.
As restrições passarão a valer também para os eletroeletrônicos brasileiros que pertencem à chamada linha branca --geladeiras, fogão e máquina de lavar roupa. Segundo o secretário da Indústria da Argentina, Alberto Dumont, 62% dos refrigeradores vendidos no país são de origem brasileira. No caso das máquinas de lavar, o percentual é de 51%.
De acordo com a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), a medida poderá levar à demissão de 1.000 trabalhadores no Brasil. A associação divulgou ontem nota repudiando a medida argentina e cobrando uma posição firme do governo brasileiro sobre o caso.
"[Roberto] Lavagna nos deu a oportunidade de estimular as negociações entre os setores privados", disse Furlan. Segundo o ministro, os técnicos das empresas privadas já estão próximos de um acordo para as importações de geladeiras e para o caso dos televisores.
Não é a primeira vez que o Brasil enfrenta problemas para exportar para a Argentina. Desde que a economia do país vizinho começou a sair da crise --no final de 2002-- a demanda por produtos brasileiros cresceu. Em 2003, por exemplo, quando a economia brasileira teve retração de 0,2%, a argentina cresceu mais de 8%.
Como o país vizinho viveu uma crise sem precedentes entre 1999 e 2002 --o PIB (Produto Interno Bruto) recuou quase 20% no período-- as empresas locais perderam competitividade e escala de produção. Com isso, a retomada do consumo interno não pôde ser suprida com produtos argentinos, daí a necessidade de aumentar as importações do Brasil.
Têxteis e carne
No final do mês passado, os dois países já tinham enfrentado um pequeno "atrito" comercial quando a Argentina vetou a entrada de carne suína brasileira no país por conta do foco de febre aftosa descoberto no Estado do Pará. No último dia 2, a Argentina voltou a liberar a importação da carne brasileira.
O setor têxtil brasileiro também foi acusado de "invadir" o mercado argentino. As negociações para se chegar a uma solução nessa área duraram meses e foram concluídas somente no início deste ano. As primeiras barreiras foram impostas no primeiro semestre de 2003. Na negociação, os brasileiros concordaram em reduzir em 5 milhões de metros lineares as exportações brasileiras do tecido "denim".
No primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou US$ 3,281 bilhões para a Argentina e importou US$ 2,553 bilhões. Ou seja, terminou o período com superávit de US$ 728 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria.
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