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Comentário: Livros trazem histórico da TVE e da rádio Mec no país
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DAYANNE MIKEVIS
da Folha Online
Em um momento em que se discutem temas como TV educativa, concessão de TV, sistema digital e, principalmente, TV pública, o lançamento de dois livros vem muito a calhar, principalmente para que se possa ter uma idéia de parte do embasamento histórico dessas discussões tão atuais. E, apesar da TV ser o centro de algumas discussões, o rádio não fica atrás em importância.
Em "TVE-Brasil - Cenas de Uma História", um livro que vem em uma caixa acompanhado de "Rádio Mec - Herança de Um Sonho", a história destas duas emissoras públicas, que têm em comum o fato de também serem consideradas educativas, é contada.
São duas classificações que aparecem sempre muito relacionadas no Brasil, onde muitas vezes falar em televisão pública é quase como falar em televisão educativa. A confusão é facilmente entendida se for avaliado que os dois conceitos sempre estiveram muito próximos quando o país começou a definir outros padrões de TV que não as comerciais.
Outra idéia comumente associada à TV pública é a ingerência do Estado, algo mostrado no livro da TVE de maneira clara, e mesmo na história recente do país. Além de ter sofrido nos anos de chumbo como outras emissoras, inclusive as comerciais, a TVE ficou à mercê de interferências de governantes depois da redemocratização.
O livro cita, por exemplo, a administração de Leleco Barbosa, indicado pelo então presidente Fernando Collor de Mello. Filho do apresentador Abelardo Barbosa, o Chacrinha, Leleco foi alvo de polêmicas, como transmitir uma partida de futebol entre funcionários do Sindicato dos Rodoviários do Rio de Janeiro. Ele se defendeu na história dizendo que a transmissão era "uma gentileza", que não prejudicava ninguém.
O episódio, além de ser singular, mostra como exemplos já ocorridos em modelos de TV Pública geraram abusos no passado e pode ser utilizado para a discussão de regras para o futuro.
Na questão educativa, os programas infantis, um grande trunfo da TVE e da produção nacional, ganham um capítulo detalhado, falando de projetos e produções criativas.
Tanto no livro da rádio Mec como no da TVE, a figura de Edgard Roquette-Pinto é destacada. Ele foi um ator fundamental na idéia de expandir o alcance da educação por tecnologia. Revolucionária em um momento em que o sistema de ensino ainda era limitado a alguns centros urbanos, a idéia é reaproveitada, com outro viés, pelo ensino à distância via internet e também pelos "telecursos" que surgiram na história da TV brasileira.
As publicações contaram com a pesquisa, organização e edição da jornalista Liana Milanez. Os livros serão distribuídos em bibliotecas públicas, centros de pesquisa e instituições de ensino. Há um projeto de disponibilizá-los também na internet, segundo a assessoria de imprensa da TVE.
Em 2006, a Rádio MEC comemorou 70 anos e a TVE Brasil completa, em 2007, quatro décadas como centro de produção de programas educativos e culturais.
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