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12/04/2007 - 00h00

Ataque mata 8 no Parlamento do Iraque; EUA defendem ação no país

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da Folha Online

Um ataque suicida contra o restaurante do Parlamento iraquiano matou ao menos oito pessoas --duas delas parlamentares-- e feriu outras dez nesta quinta-feira. O ataque, um dos piores já cometidos dentro da Zona Verde, lança novas dúvidas sobre a capacidade dos EUA de trazerem segurança e estabilidade ao país. A Zona Verde é uma área de segurança máxima que abriga, além do governo iraquiano, representações diplomáticas, além da Embaixada dos Estados Unidos.

AP
Imagem de TV mostra iraquianos em fuga em meio à fumaça após explosão no Parlamento
Imagem de TV mostra iraquianos em fuga em meio à fumaça após explosão no Parlamento

O presidente dos EUA, George W. Bush, condenou o ataque de hoje e disse que seu país precisa continuar a ajudar o governo iraquiano a promover a reconciliação nacional. Para Bush, o ataque foi feito contra um símbolo da democracia, que representa milhões de iraquianos. "É de nosso interesse ajudar esta jovem democracia a conseguir se sustentar, governar e proteger sozinha contra esses radicais e extremistas", disse o presidente.

O atentado ocorreu perto da caixa registradora do café do Parlamento, em um momento em que legisladores, que estava em sessão hoje, almoçavam no local. A ação contra o Parlamento foi uma das mais ousadas contra a área ultraprotegida --e controlada pelos americanos-- em Bagdá desde que os EUA invadiram o Iraque, em março de 2003. Não ficou claro como o suicida conseguiu furar os postos de controle da região.

Segundo o porta-voz do Exército dos EUA, William Caldwell, relatos iniciais dão conta de que oito pessoas morreram e outras 20 ficaram feridas na explosão. Ele afirmou que o atentado traz todas as marcas das ações da rede terrorista Al Qaeda no Iraque, mas lembrou que o caso está sendo investigado.

Vítimas

Mohammed Awad, membro da Frente Sunita pelo Diálogo Nacional, morreu na explosão, de acordo com Saleh al Mutlaq, líder do partido, que possui 11 cadeiras no Parlamento. Um segundo parlamentar, membro de um partido xiita, também morreu no atentado. Ao menos três legisladores estariam entre os feridos.

Al Hurra/Reuters
Imagens mostram reação de legislador após explosão de bomba no Parlamento do Iraque
Imagens mostram reação de legislador após explosão de bomba no Parlamento do Iraque

Após a explosão na cafeteria, mais explosivos foram encontrados perto da sala de reuniões do Parlamento e desativados, segundo o legislador Iman al Asadi.

De acordo com Hadi al Amiri, chefe do comitê de segurança e defesa do Parlamento, a explosão atingiu o prédio pouco depois do encerramento da principal reunião dos legisladores. "Alguns colegas estavam na cafeteria no momento do ataque", disse Al Amiri à rede de TV Al Arabiya. "Mas se ela ocorresse na sala de reuniões, seria uma catástrofe", afirmou ele.

O porta-voz do Parlamento, Mahmoud al Mashhadani, convocou uma reunião de emergência para a manhã desta sexta-feira para demonstrar que o ataque "não irá deter os legisladores".

Nos EUA

Os efeitos do atentado foram sentidos também na política americana. Democratas no Congresso afirmaram que o ataque é mais uma prova de que o governo Bush não está conseguindo obter progressos na guerra.

"Como o presidente e as pessoas em torno dele conseguem dizer que as coisas estão indo bem no Iraque é algo difícil de compreender", disse o senador democrata Harry Reid, líder da maioria.

O senador democrata John Kerry se uniu aos críticos. "Este é o progresso do qual estamos ouvindo falar? Me diga, como mais soldados americanos poderão impedir um único fanático com explosivos amarrados em seu peito?", questionou.

O novo plano de segurança de Bush para o Iraque prevê o envio de até 30 mil novos soldados americanos para o país árabe. Ontem, o Pentágono anunciou ainda que os prazos de permanência dos soldados no Iraque foram estendidos de 12 para 15 meses, em um indício de que não há tropas suficientes para manter os quadros que o Exército deseja no combate.

Falha de segurança

A entrada para o centro de conferências do Parlamento iraquiano é permitida apenas para funcionários, legisladores, guardas de segurança e jornalistas. Apenas os membros do Parlamento, policiais e funcionários da cozinha podem acessar a cafeteria, onde a bomba explodiu hoje.

Lawrence Jackson/AP
Chefe do Pentágono aumentou permanência das tropas no Iraque
Chefe do Pentágono aumentou permanência das tropas no Iraque

Dois legisladores xiitas afirmaram que o detector de metais usado na entrada VIP estava funcionando normalmente, mas segundo um deputado sunita, houve uma falha de eletricidade durante certo período e bolsas estavam sendo revistadas manualmente.

"Estamos tentando rever o funcionamento de todos os sistemas para descobrir como alguém pôde entrar com bombas. Também estamos verificando quem teve acesso ao local", disse Caldwell.

Uma câmera de vídeo capturou o momento da explosão. As imagens mostram uma bola de fogo laranja na cafeteria, seguida por fumaça e poeira na área e pela fuga assustada de legisladores e funcionários, cujos gritos e pedidos de ajuda podiam ser ouvidos. O vídeo foi gravado pela Alhurra, um canal de língua árabe financiado pelos EUA.

Um oficial de segurança iraquiano informou que outra bomba suspeita foi encontrada em um local próximo ao Parlamento e detonada por policiais.

O instituto Site, uma organização americana privada que rastreia atividades de militantes, questionou relatos de que a Al Qaeda teria assumido a autoria do ataque. Segundo o Site, uma mensagem nesse sentido teria sido publicada em uma página da internet que o grupo não usa e provavelmente é falsa.

Ponte

A explosão no Parlamento ocorreu horas depois que um suicida com caminhão-bomba destruiu uma importante ponte de Bagdá, matando dez pessoas e ferindo outras 26.

Hadi Mizban/AP
Veículo militar bloqueia ponte destruída em Bagdá; caminhão-bomba mata dez pessoas
Veículo militar bloqueia ponte destruída em Bagdá; caminhão-bomba mata dez pessoas

O atentado destruiu grande parte da estrutura de ferro e interditou dois grandes trechos da ponte Sarafiya, que liga as regiões leste e oeste de Bagdá. Ao menos cinco veículos foram lançados dentro do rio Tigre com a força da explosão, segundo a polícia.

Entre os mortos estavam quatro policiais que se afogaram depois que o veículo onde estavam caiu no rio e foi levado pela correnteza, de acordo com informações da polícia.

A destruição da ponte deve prejudicar o tráfego de veículos no norte de Bagdá. Outras duas pontes que atravessam o rio Tigre na mesma região foram interditadas por precaução.

Dezenas de pontes cruzam o rio Tigre em Bagdá, ligando o leste ao oeste da cidade. A maioria dos sunitas vive no oeste da cidade, e grande parte dos xiitas vive no leste.

"Há uma conspiração para isolar as duas metades de Bagdá", afirmou o porta-voz do Parlamento, o sunita Mahmoud Mashhadani, após o ataque à ponte nesta quinta-feira.

Ataques

A ação no Parlamento é a mais recente indicação de que insurgentes conseguem se infiltrar na fortificada Zona Verde para realizar atentados. Recentemente, o Exército dos EUA informou que dois cinturões com explosivos foram encontrados dentro da área protegida.

Ali Haider/Efe
Helicópteros militares sobrevoam Zona Verde; explosão em Parlamento mata 2 legisladores
Helicópteros militares sobrevoam Zona Verde; explosão em Parlamento mata 2 legisladores

No mês passado, um morteiro atingiu a área, matando quatro pessoas. Dias antes, outro morteiro acertou o prédio onde o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, realizava uma coletiva de imprensa. Não houve relato de feridos no incidente.

O mais grave atentado ocorrido dentro da Zona Verde ocorreu em 14 de outubro de 2004, quando insurgentes detonaram explosivos em um mercado e em um café, matando seis pessoas. Foi a primeira vez que houve registro de um ataque dentro da área.

Em 25 de novembro de 2004, um morteiro matou quatro funcionários de uma empresa britânica e feriu outras 12 pessoas dentro da Zona Verde.

Em 29 de janeiro de 2005, insurgentes atacaram a Embaixada dos EUA em Bagdá com um foguete, matando dois cidadãos americanos --um civil e um membro da Marinha.

Com agências internacionais

 

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