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Com estimativa de 200 mil mortos, Haiti tenta conter violência
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da Folha Online
Autoridades do Haiti disseram nesta sexta-feira acreditar que até 200 mil pessoas morreram e que três quartos da capital, Porto Príncipe, terá de ser reconstruída após o terremoto de magnitude 7 que devastou o país caribenho na última terça-feira. Em meio à preocupação com a violência, o mundo mobiliza a ajuda de emergência ao país, onde centenas de milhares de pessoas estão desabrigadas.
Três dias depois do terremoto, quadrilhas de ladrões começaram a atacar sobreviventes que vivem em acampamentos improvisados nas calçadas e ruas repletas de escombros e corpos espalhados em decomposição, enquanto tremores menores assustam a população.
"Estamos limpando as ruas de cadáveres e os colocando em valas comuns. Enterramos 40 mil pessoas. Achamos que há mais 100 mil além delas", disse Aramick Louis, secretário de Estado para a segurança pública. "Há um grande número de pessoas sob os escombros."
Já o o ministro do Interior do país, Paul Antoine Bien-Aime, disse que o número de mortos pelo terremoto pode chegar a 200 mil. "Nós já recolhemos cerca de 50 mil corpos e achamos que haverá entre 100 mil e 200 mil mortos no total, embora nunca saibamos o número exato", disse.
O secretário Louis disse que grupos armados estavam tomando as ruas e que o governo temia um aumento da violência.
Segundo ele, o presidente René Préval, e o primeiro-ministro, Jean-Max Bellerive, estavam morando e coordenando a resposta do governo na sede da polícia judiciária, perto do aeroporto. A principal preocupação dos governantes é a transformação do desespero da população em violência, disse Louis.
"Estamos enviando nossos policiais a áreas onde os bandidos estão começando a operar. Algumas pessoas estão roubando, estão assaltando. Isso é errado", disse o secretário. "As pessoas nos locais de refugiados, que não encontram comida e assistência, estão ficando irritadas e chateadas. A nossa mensagem para todos é manter a calma."
Governos de todo o mundo mobilizam-se para enviar dinheiro e suprimentos emergenciais e equipes médicas ao Haiti, que já era o país mais pobre do hemisfério ocidental.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, anunciou que visitará o país neste sábado, para onde os Estados Unidos enviaram 10 mil soldados, enquanto a comunidade internacional se apressa para salvar vidas, acelerar entregas e evitar tumultos em um país com histórico de conflitos internos.
Aviões e navios chegaram com equipes de salvamento, cães de busca, equipamentos pesados, tendas, unidades de purificação de água, comida, médicos e equipes de telecomunicações. Mas com um aeroporto congestionado e portos destruídos, estradas cheias de entulho, e uma destruição em larga escala, a ajuda ainda não está chegando a centenas de milhares de vítimas.
"Não como deste anteontem", disse Bertilie Francis, de 43 anos, que estava com seus três filhos. "Estamos aqui pela graça de Deus, de ninguém mais".
Sanitaristas dizem que, embora os cadáveres sejam abundantes e cheirem mal, há poucos riscos à saúde pública, já que as mortes ocorreram por traumatismos, e não por doenças contagiosas, como o cólera.
As rádios locais estão aconselhando a população a colocar seus mortos nas ruas para que eles sejam recolhidos por caminhões e levados para uma vala comum.
A Minustah, missão de paz da ONU no Haiti, que perdeu pelo menos 36 soldados (sendo 14 brasileiros), teve sua sede demolida, mas tenta oferecer alguma coordenação básica a partir de um escritório próximo ao aeroporto.
Com Reuters e Efe
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