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Domingo, 4 de junho de 2000

O COLUNISTA RESPONDE


Rodrigo Bueno
     


‘‘Ouvi dizer uma vez que geralmente os postos de comando são ocupados pelas pessoas erradas, que nunca pensam no bem da coletividade e sim apenas no individual. É o caso do G-14 da Europa, que acha que um campeonato todos os anos com os mesmos clubes seria a salvação da lavoura. Será que eles não pensam no longo prazo (quão chato um torneio sempre com os mesmos)? Tivemos aqui o caso da Supercopa e, agora, da Copa Mercosul, que foi uma emenda pior do que o soneto, pois a primeira tinha critério para a eleição dos participantes. E na segunda, qual o critério lógico adotado?’’
Marcelo Luciano da Costa Santos, Ipatinga, Minas Gerais

Realmente há muitas pessoas erradas em postos de comando. Mas não concordo com a generalização. A NBA é um torneio sempre com os mesmo times e nem por isso é considerada chata. Pelo contrário, é modelo de competição. Mas sou contra um campeonato sempre com os mesmos times no futebol. Até entendo o desejo dos grandes em formar Superligas, mas é preciso abrir espaço para novos sócios, uma fórmula de acesso e outra de descenso. A Supercopa era um torneio interessante, pioneiro na América do Sul. Reunia times por critério técnico (só campeões da Libertadores), aliás um critério técnico difícil de ser alcançado. Perdeu a graça quando o Vasco, que não ganhou a Libertadores, entrou no torneio. Já a Copa Mercosul começou adotando um critério básico das Superligas: dinheiro. Só jogam os times de maior inversão financeira, aqueles que podem trazer mais lucro e audiência para a competição. A ausência de um critério técnico, logicamente, é bastante condenável por ser antidemocrática. Mas, neste ano, a Mercosul começa a aceitar times por indicação técnica, o que lhe deixa mais justa (desde que as indicações das federações nacionais tenham sentido).


‘‘Tem um assunto que eu defendo e que não sei se você iria concordar. É um problema que está na nossa frente e ninguém se toca. As equipes pequenas de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo (grande maioria) e Rio de Janeiro, Estados de grande tradição no futebol nacional, têm maiores dificuldes de disputarem torneios importantes e crescerem dos que as equipes do Norte e Nordeste. Por que isso acontece? O problema é simples. As grandes equipes os impedem. A União Barbarense, por exemplo, para conseguir uma vaga para a Copa do Brasil pelo critério técnico, teria que estar entre os primeiros do Campeonato Paulista. Um equipe do Acre não precisa superar Palmeiras, Corinthians, Atlético-MG, Cruzeiro, Flamengo, Inter ou Grêmio para conquistar vagas em torneios maiores. Muitas equipes ‘pequenas‘ desses grandes Estados têm estrutura melhor do que várias do Norte, Nordeste e Centro-Oeste que disputam a Copa do Brasil e torneio regionais. No meio do ano será disputada a Copa dos Campeões, que dará uma vaga para a Libertadores-2001. As equipes pequenas do Rio, São Paulo e Minas, por incrível que pareça, não têm caminhos legais para disputar este torneio. Elas são excluídas do Rio-São Paulo (que não tem critério técnico de seleção) e da Sul-Minas. A Portuguesa, por exemplo, não tem como tentar, pela Copa do Campeões, uma vaga para a Libertadores.’’ Thiago

Bom, é muita coisa, mas vamos lá. Realmentes os times pequenos dos Estados maiores são sufocados pela grandeza de seus próprios Estados. Mas, em primeiro lugar, eles têm meios legais de ascender. Basta terem sucesso em seus Estaduais. Em segundo lugar, na Copa Nordeste, na Copa Norte e na Centro-Oeste também há pequenos times ‘‘excluídos’’. Sempre há, como no Rio-São Paulo. Só que no Sudeste há mais clubes de grande porte. A realidade do nosso futebol mostra que um time pequeno de São Paulo equivale mesmo a um grande em boa parte dos outros Estados. Para atender a muitos interesses políticos, a Copa do Brasil oferece espaço a todos os Estados. Democraticamente, é mais do que válido. No futuro, quem sabe, a Copa do Brasil será como a Copa da França, que tem mais de 6.000 equipes. Assim, todos os times do Brasil jogarão.

E-mail:
rbueno@folhasp.com.br



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28/04/2000 - Licença para jogar
23/04/2000 - Superligas
30/04/2000 - Presente e Passado
07/05/2000 - "Gatos" na Nigéria
14/05/2000 - "Minhas Desculpas"
21/05/2000 - Saem os clubes e entram as seleções