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Marcondes Rocha

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Quinta-feira, 8 de junho de 2000

Rocha X Rocha

Carlos Sarli
     
Diego Medina



Fiquei procurando um gancho para escrever sobre a segunda etapa do Super Surf, o circuito brasileiro de surfe profissional. Abordar a distinção que estão merecendo os atletas. A valorização que o aumento significativo dos prêmios evidencia, e que fica ainda mais nítida na preocupação com os detalhes, no tratamento e na dedicação de todos os profissionais envolvidos. Mas esse aspecto já foi dissecado em colunas anteriores.

Pensei então iniciar descrevendo as belezas naturais da praia do Francês, Alagoas, palco da prova. Suas dunas, coqueiros, arrecifes, areias claras e água de um tom de azul e transparência incomuns no Nordeste. Beleza que resiste à ocupação desordenada e à falta de hábito dos freqüentadores em utilizar a lixeira mais próxima.

Não, melhor seria começar falando da qualidade das ondas do Francês, uma das praias que melhor recebe ondulações grandes no Nordeste, tem boa formação e tubos. Ingredientes que definiram sua inclusão entre as seis que compõem o circuito, priorizando as condições para os melhores surfistas do país poderem realmente desenvolver todo seu potencial. Mas não, as ondas não ajudaram na etapa, uma pena.

A cobertura em TV aberta, o novo formato com primeira e segunda divisões, contribuição valiosa para o profissionalismo do esporte, o trabalho que vem sendo desenvolvido para aproximar as grandes marcas deste que já é um dos mais populares esportes do país, e depois de pensar em tantos aspectos positivos, resolvi destacar mesmo uma polêmica.

O incidente envolveu Renan Rocha, um dos melhores competidores do mundo, e o surfista local, Marcondes Rocha, 16, em uma bateria de quartas-de-final. Faltando apenas quatro minutos para o final da bateria, Renan estava precisando de quase 10 pontos para virar. A torcida local já vibrava quando Marcondes remou em uma onda cuja preferência era de Renan.

Tem início o entrevero que tomou proporções surpreendentes. Ambos saíram da água antes do final da bateria. O locutor anunciou extra oficialmente a vitória do alagoano. Minutos mais tarde foi confirmada a interferência de remada. A regra determina a eliminação de uma nota. Marcondes perdeu, mesmo assim, com uma onda a menos, por pouco.
Seus conterrâneos arretados invadiram a área de competição, a ficaram surfando sucessivas ondas gesticulando que houve marmelada. Nem o salva-mar, a polícia na praia ou os apelos da locução do evento demoviam a turba da água. Só quando o próprio Marcondes, todo sem jeito, e Tânio Barreto, também local, apelaram pelo microfone, que o pessoal limpou a área. Mesmo assim a manifestação prosseguiu na areia por um bom tempo.

O evento foi vencido pelo potiguar Marcelo Nunes, que assumiu a liderança do ranking. Em segundo ficou o catarinense Fábio Carvalho. Renan terminou em terceiro e destacou no palanque, ao receber o troféu, que a manifestação evidenciou a importância que o surfe tem para aquelas pessoas.
O novato Marcondes, a organização e o esporte cresceram com o episódio.


NOTAS

WCT
O niteroiense Guilherme Herdy foi o vice-campeão do Quiksilver Pro Fiji, quarta etapa do ASP Tour 2000. Ele perdeu a bateria final, por pouca diferença, para o australiano Luke Egan. Com o resultado o brasileiro faturou US$ 8 mil e subiu da 15ª para a sexta posição do ranking mundial, liderado pelo havaiano Sunny Garcia.

Sky Surf
O Brasil garantiu três atletas na modalidade para disputar os X-Games, as olimpíadas dos esportes de ação, que acontecem em agosto, nos EUA. Thiago Minniti, o cameraflyer João Tambor e Luís “Sabiá” Santos, que fará dupla com o belga Cedrick Dumond, conquistaram a vaga durante uma seleção virtual para a prova.

Neve em SP
Nesse fim de semana o Snow Show vai erguer, em pleno Estádio do Pacaembu, uma pista de snowboard de 25m de altura, com neve artificial, estruturada no tobogã do estádio. O evento é grátis e o público poderá assistir a um campeonato de Big Air, com alguns dos melhores atletas do mundo. Sexta das 20h às 24h, sábado das 18h às 24h e domingo das 14h às 22h.

 

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E-mail: carlosarli@revistatrip.com.br



Leia mais:

Leia as colunas anteriores:

01/06/2000 - Na veia

25/05/2000 - Faltou a segunda
18/05/2000 - Inferno no paraíso
11/05/2000 - Sinos tocando
04/05/2000 - Sydney, Slater e Silva
27/04/2000 - Comida de dar Pena
20/04/2000 - Eclético e Ético
13/04/2000 - Bom começo