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14/03/2007 - 17h37

"Diário de Bordo": "Casal Aventura" visita museus e parques em Buenos Aires

da Folha Online

Diário de Bordo O casal Flávio Prado e Maira Hora passa seus últimos dias em Buenos Aires visitando museus e parques. A parada faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para a Folha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.

Confira o que aconteceu com o casal no último dia 9

Confira o relato do nono dia (9 de março) desta aventura.

Buenos Aires: museus e parques

Acordamos cedo e hoje vamos a um bairro chamado Palermo. A intenção do passeio de hoje é mostrar que nem só de tango vivem os moradores de Buenos Aires. O dia amanhece lindo, céu azul e sol na medida certa. E lá vamos nós pela rua O'Hoggins até alcançarmos o metrô mais próximo, na avenida Cabildo (estação Jose Hernandez, que nos leva direto a Palermo).

Flávio Prado/Folha Imagem
Jardim Japonês do parque "3 de Febrero"
Jardim Japonês do parque "3 de Febrero"
Pela avenida Bullrich encontramos algo totalmente inusitado: o "Islã" diante de nossos olhos. Trata-se do Centro Cultural Islâmico Rei Fahd (www.ccislamicoreyfahd.org.ar). Maravilhoso, lindo, gigante e aberto ao público que quiser conhecer a cultura islâmica. O centro possui visitas guiadas de terças e quintas-feiras, sempre às 12h. As visitas são suspensas caso chova. Há uma biblioteca aberta ao público (de segunda à sexta-feira), aulas de idioma árabe, aulas de Alcorão (livro sagrado dos muçulmanos), palestras sobre o Islã, história do Islã e do profeta Muhammad, aulas de rádio e encontros abertos para a comunidade muçulmana. Todas as atividades são livres e gratuitas.

Flávio Prado/Folha Imagem
Painel de trajes típicos no Jardim Japonês
Painel de trajes típicos no Jardim Japonês
Seguindo pela avenida Bullrich, entrando à direita na avenida del Libertador, ao chegar no cruzamento com a avenida Infanta Isabel, você perceberá um parque imenso tomando conta do bairro: é o parque 3 de Febrero, um oásis verde em meio à barulhenta metrópole Argentina. Pássaros, muito verde, lagos e jardins, pessoas andando e correndo, cães, pedalinhos, crianças, bicicletas, esculturas e museus: essa é a primeira visão do parque.

Ao redor do parque temos a residência do embaixador dos Estados Unidos, o Museu Sivori, o Tênis Club Argentina, o Planetário, a Sociedade Rural Argentina e a Embaixada Americana. Tudo isso rodeado por um bairro residencial da classe média argentina.

Entramos no parque e logo nos deparamos com simpáticos senhores que guiam carruagens puxadas por cavalos --que podem levá-lo a um pequeno tour pelo parque. Optamos por explorá-lo a pé.

Flávio Prado/Folha Imagem
Centro Cultural Islâmico Rei Fahd, em Buenos Aires (Argentina), traz cultura de muçulmanos
Centro Cultural Islâmico Rei Fahd, em Buenos Aires (Argentina), traz cultura de muçulmanos
O primeiro ponto é o lago de Palermo, onde é possível andar de pedalinho por 30 minutos pagando aproximadamente R$ 11. Divertidíssimo! Passando pelo Passeo El Rosedal você vai entrar em uma dimensão de diferentes odores de rosas e, o mais incrível: um cheiro não se mistura ao outro. Os pergolados, bancos e canteiros das roseiras fazem com que você se sinta em um jardim de realezas.

Atravessando o Rosedal caímos em um novo jardim, chamado jardim Andaluz. Ao entrar no pergolado realmente parece que você está em um jardim do sul da Espanha.

Seguindo pela avenida Presidente Figueroa Alcorta, encontramos o jardim Japonês (quinta-feira é de graça). O lugar é mágico, você não escuta o barulho da cidade. Inacreditável. Pontes, carpas, lagos, esculturas, bonsais, cerejeiras... Não resta dúvida de que você esteja em um local "sagrado". Todo o cuidado e o zelo japonês aparecem em cada centímetro deste jardim. Passando pela ponte sobre o lago das carpas, você entra em um caminho com esculturas: a do Samurai é o grande destaque dali. Um pouco à frente, uma paradinha para uma foto divertida em um painel temático de trajes japoneses.

Flávio Prado/Folha Imagem
Lago com pedalinhos coloridos no parque "3 de Febrero", em Buenos Aires (Argentina)
Lago com pedalinhos coloridos no parque "3 de Febrero", em Buenos Aires (Argentina)
Seguimos passando por uma biblioteca aberta ao público e por um campanário, erguido em homenagem à paz. Seguindo o caminho, ganhamos a ponte vermelha e um monumento com Buda entalhado. Mais um jardim com bonsais e um centro cultural --onde uma magnífica exposição de bonecas acontecia. E lá vamos nós! A exposição "Bonecas de Kaori" era de uma artista japonesa, Kaori Kobori, que viveu dez anos na Coréia com seu marido (coreano). Desde 2005 ela vive na Argentina. Kaori tem como fonte inspiradora para seus trabalhos uma importante data japonesa, o Hinamatsuri (Dia das Meninas). Nesta data (a partir da segunda quinzena de fevereiro, durante duas ou três semanas), os bonecos Hinaningyo são enfeitados para a "Festa das Meninas" --uma espécie de "aniversário de bonecas" entre amigas. A exposição é emocionante: não há uma só boneca --ou boneco-- que não transmita toda a sensibilidade da artista, que trabalha com técnicas diversas.

Flávio Prado/Folha Imagem
Jardim Andaluz no parque "3 de Febrero", em Buenos Aires
Jardim Andaluz no parque "3 de Febrero", em Buenos Aires
Saímos extasiados da exposição e, já que estamos "em um Japão de solo argentino", por que não uma comidinha japonesa? No andar térreo, há um restaurante japonês, chamado "Jardim Japonês"

(somos paulistanos, ou seja, temos à disposição os melhores restaurantes japoneses da América do Sul. Eu também sou filha de japonês. Portanto só quero ver o que vai acontecer daqui pra frente).

Entramos na primeira sala, onde todo o som de fora é tomado por música pop japonesa. Você fica totalmente à vontade para estudar o menu: já gostei muito destes dois detalhes --que fazem toda a diferença. Fomos ao salão de refeições e só posso dizer uma coisa: tudo é impecável, desde o atendimento, a comida, até a decoração. Divino! Depois, conversando com amigos, aqui em Buenos Aires eles nos confessaram que a comida japonesa daqui deixa a desejar. Então, eis a grande descoberta: este restaurante é demais! O sashimi é tão bem cortado e fresquinho... derrete na boca. Todos os sushis são feitos no tamanho adequado para que caibam de uma só vez em sua boca. Nada de "coisas imensas", que fazem babar --e sujar.

Flávio Prado/Folha Imagem
Exposição de bonecas no Jardim Japonês, do parque "3 de Febrero", em Buenos Aires
Exposição de bonecas no Jardim Japonês, do parque "3 de Febrero", em Buenos Aires
Seguindo pela avenida Presidente Figueroa Alcorta, encontramos o Museu de Arte Popular Jose Hernandez. Lá, uma exposição de artefatos descreve os costumes gaúchos. Durante a semana funciona às quartas e quintas-feiras das 13h às 19h. Aos sábados e domingos, das 10h às 20h.

Voltando à avenida del Libertador, passamos pelo Consulado Espanhol, e logo avistamos um casarão francês, o Palácio Errázuriz, onde está o Museu de Artes Decorativas (www.mnad.org). O museu, inaugurado em 18 de dezembro de 1937, foi residência da família Errázuriz Alvear. A casa foi construída entre 1911 e 1917, em estilo neoclássico francês do século 18. Este museu, que foi declarado Monumento Histórico Nacional, em 1997, traz móveis, salões, arte européia e oriental apresentando o estilo de vida de um setor da sociedade argentina.

A exposição "Residência Errázuriz Alvear" é a coleção permanente do museu, com móveis, esculturas, pinturas, porcelanas e tapeçarias européias e orientais dos séculos 14 à 20. Na segunda exposição, "Dormitório e Antecâmera Império", a ambientação é feita com mobiliário e objetos da época de Napoleão, com peças francesas de 1804 a 1815.

Flávio Prado/Folha Imagem
Salão de exposições do Museu de Artes Decorativas, em Buenos Aires (Argentina)
Salão de exposições do Museu de Artes Decorativas, em Buenos Aires (Argentina)
A terceira exposição é de uma antiga tradição Criolla, com tapeçaria bordada. A mostra traz o trabalho de Clara Díaz, artista que morou desde pequena na zona rural argentina e que conseguiu transcrever em arte sua rotina no campo. Clara segue bordando mariposas, pássaros, lagartixas, flores e tudo o que a natureza oferece. De sensibilidade ímpar, esta linda senhora nos mostra suas obras e fala de coisas simples do campo que sempre chamaram sua atenção. Suas tapeçarias bordadas em relevo, seguindo técnicas tradicionais, são verdadeiros tesouros. Algumas chegam a pesar 10 kg (e consomem mil e quinhentas horas de trabalho). Clara não se assusta perante o trabalho, dizendo: "Para tecer as tapeçarias há de se sentar no solo, conversar e observar, porque não é uma forma de relaxamento, mas de se relacionar com as pessoas e a natureza."

Continuamos na avenida del Libertador. Na altura do número 1473, encontramos o Museu de Belas Artes (de terça a quinta-feira, das 12h30 às 19h30. Sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 19h30). Gratuito. Logo no primeiro salão encontro Tapies e, na segunda sala, o "amado Miró" --artista por quem tenho particular admiração e amor. Filho de joalheiro, abandonou a administração dos negócios de seu pai para entregar-se à pintura e escultura. E não pára por aí: Modigliani, Toulouse-Lautrec, Van Gogh seguem-se numa profusão de suspiros. Giorgio de Chirico me fez lembrar da faculdade de desenho industrial. Estarrecedora uma gravura de Rembrandt e um quadro de Renoir: "Que poder!".

Creio que este museu foi "a surpresa das surpresas" em Buenos Aires. O cuidado com as ambientações é de uma elegância e maestria insuperáveis (por exemplo, a exposição "Pré-Colombiana", com peças e música ambiente cuidadosamente escolhidas, que te levam a tempos remotos). Logo em seguida, você se depara com tábuas mexicanas que retratam a dominação espanhola: são inteiramente feitas em marchetaria de abalone, madre pérola, madeira e folhas de ouro. Em seguida, ma sala linda, renascentista, e outras duas: medievais espanholas e italianas. Arte contemporânea no andar de cima, e uma série de gaúchos retratada por Quirós. Lindo! Uma exposição de Rômulo Macciò, uma individual de Jose Manuel Ciria --e quilômetros de puro "êxtase"!

Flávio Prado/Folha Imagem
Consulado do Brasil em Buenos Aires
Consulado do Brasil em Buenos Aires
Resolvemos continuar na avenida del Libertador e logo encontramos o bairro da Recoleta. Observamos toda a movimentação de universitários neste trecho --bem em frente à praça Torquatro de Alvear, onde visitamos o Buenos Aires Design Center, um "shopping" com objetos descoladíssimos para casa.

Resolvemos voltar para casa pela estação de metrô Tribunales. O trajeto é pela rua Alvear, que é "puro luxo" em seis quarteirões. As principais marcas mundiais da indústria do luxo estão aqui: galerias, diamantes, arte, decoração, antiquários, bolsas, camisas, sapatos e luxuosos hotéis. Tudo "do bom e do melhor". Nesta rua tão luxuosa e glamourosa está o nosso consulado, o Consulado do Brasil --quase em frente ao consulado francês. O prédio é lindo e onipresente.

Seguimos pelo metrô rumo à Belgrano. Um pequeno descanso, banho e rua novamente. Saímos para jantar e andando por Belgrano à procura de um restaurante, encontramos um armênio-árabe. Nosso jantar de despedida em Buenos Aires ficou por conta de uma excelente cozinha armênio-árabe, no Garbis --com música árabe e diversos pratos primorosos.

Em sua aventura, o casal tem o apoio da Lenovo; da TIM Roaming Internacional; e da Virtual Track.

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