Sambista neném viraliza nas redes e mostra que talento e amor pelo ritmo vêm do berço

Além de Luizinho, duas pequenas passistas cariocas e um bailarino baiano encantam com sua ligação com o Carnaval

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Rio de Janeiro

De chupeta e chinelinho, Luiz Antônio G., 2 anos, toca sua caixa com baquetas amarelas durante o ensaio da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro. O neném ritmista, que encantou a internet, é um dos pequenos sambistas que vêm atendendo ao pedido daquela música famosa que diz "Não deixe o samba morrer" —e olha que eles capricham na tarefa.

Luiz Antônio apareceu em um vídeo postado no início de dezembro do ano passado, que ultrapassou 40 mil visualizações em menos de 24 horas. Portando seu instrumento de brinquedo, Luizinho, como é chamado, mostrou que toca de verdade e que seu ritmo e talento vêm de berço.

O minirritmista Luiz Antônio de apenas 2 anos com sua bateria na quadra da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz, na zona oeste do Rio. - Eduardo Anizelli/Folhapress

A árvore genealógica dele é composta de instrumentistas e passistas, que cresceram e se desenvolveram no samba. Foi o avô de Luizinho quem deu o primeiro tambor para o menino.

O ritmista também adora tocar o chocalho e surdo, tudo isso com muito samba no pé. "Ele fica dividido entre tocar e dançar porque ele também ama sambar", diz sua mãe Maíra.

Desde quando ainda estava na barriga dela, Luizinho já frequentava o samba. "Eu vim em todos os ensaios da escola, mesmo grávida. Depois, quando ele tinha ainda um mês de vida, teve evento na quadra e eu levei ele. A minha vida é ali, não tem como evitar esse contato", afirma.

Foi assim que o neném criou um vínculo de amor pelo samba e também pela escola de Santa Cruz, atualmente na Série Prata do Carnaval carioca. Essa história começou com uma árvore no quintal da casa da bisavó de Luizinho, onde todo mundo se reunia para fazer samba.

As cores da agremiação, verde e branca, foram determinadas pela matriarca, dona Marieta, que foi a primeira baiana da escola. Seguindo o legado, a mãe de Maíra foi a primeira rainha de bateria da verde e branca de Santa Cruz —posto que, anos depois, a própria Maíra também chegou a assumir antes de passar a tocar na escola.

"A minha família inteira foi movida pelo samba e, agora, com o Luiz, dá para ver que não vai ser diferente. E eu não forço nada, a gente percebe que ele realmente ama fazer parte disso", disse a mãe do pequeno.

O sucesso repentino que Luizinho fez na internet não preparou a família para a repercussão do vídeo em que aparece tocando. "Eu não esperava por isso, foi realmente espontâneo e agora ele virou a sensação por onde a gente passa. Todo mundo para e quer tirar foto", conta Maíra.

Na outra ponta da cidade, na zona norte do Rio, as amigas Luma R. e Larissa R. também se apresentam como herança do Carnaval carioca.

Luminha, como é chamada, dá o tom e comanda a turminha de minipassistas da atual campeã do Grupo Especial do Rio, Imperatriz Leopoldinense. Aos 7 anos, ela diz que já sabe o papel que quer exercer dentro de uma escola de samba quando virar adulta: "Eu quero ser presidente!", afirmou.

A sambista é filha do mestre de bateria da Imperatriz Luiz Alberto Lolo e da presidente da escola mirim Aprendizes do Acadêmicos do Salgueiro, Mara Rosa.

Luma, 7, mini-passista da Imperatriz Leopoldinense - Nelson Malfacini/Imperatriz Leopoldinense

A mãe, que foi porta-bandeira e é salgueirense de coração, acompanha de perto a parceria entre pai e filha na escola coirmã. "Ela já é Imperatriz. Não tem jeito. Mas tá tudo certo. A criança escuta samba 24 horas por dia. Sabe todos os sambas do Rio e de São Paulo", diz Mara.

Parceira fiel de Luminha, Larissa, 7 anos, também segue os passos dos pais e de toda a família, que participa ativamente da verde, branco e ouro. Filha de um diretor de harmonia e de uma ex-passista da própria Imperatriz, Lari faz questão de se produzir para os desfiles no subúrbio do Rio com muito brilho e adereços. "Quero ser uma passista igual à minha mãe"afirma.

Larissa, 7 anos, mini-passista da Imperatriz Leopoldinense - Nelson Malfacini/Imperatriz Leopoldinense

As escolas de samba são organizações que envolvem muitas pessoas, e por isso elas têm presidentes. No caso da Imperatriz, quem está no comando é Catia Drumond. Ela não só deixa que as crianças participem dos ensaios da escola, como também incentiva os jovens.

"Além de serem uns fofos, eles são o nosso futuro. Claro que a gente tem as nossas responsabilidades nos ensaios, porque estamos nos preparando para uma competição, mas essa leveza, essa doçura e energia infantil precisam estar inseridas no nosso contexto. Eu fico toda boba com essa meninada", diz Catia.

Por falar em leveza e energia, um pequeno dançarino também chamou a atenção da internet recentemente. Daniel L. A., de 7 anos, viu sua vida se transformar por causa do seu gingado.

Ele estava no meio do público, com sua família, curtindo o show da cantora Ivete Sangalo no Réveillon de Salvador, quando a artista viu sua dança e o chamou para subir no palco.

"Ele ama Ivete e me pediu pra assistir ao show que aconteceria naquela noite. Quando ela o viu dançando lá embaixo, chamou para o palco e tudo aconteceu", conta a mãe de Daniel, Geisa.

Dan encantou o país inteiro dançando o hit "Macetando", e fez a cantora rasgar elogios à sua performance. "Já temos a estrela de 2024", disse Ivete, abraçando o menino. O encontro ainda foi mais longe, e Dan se apresentou com Ivete no Festival de Verão, no último sábado (27), com uma roupinha igual à dos dançarinos.

Por conta daquele dia em que tudo começou, os perfis de Dan nas redes sociais começaram a receber muitos seguidores. "Agradeço à tia Ivete que me viu dançando e me chamou para o palco. Foi muito legal", disse ele.

O interesse de Daniel pela dança começou quando ele tinha 4 anos e passou a acompanhar vídeos de coreografias no TikTok e no YouTube.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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