Descrição de chapéu maternidade

Adoção e fertilização in vitro são caminhos para filhos chegarem às suas famílias

Bebês e crianças podem vir de muitos lugares e são sempre especiais para seus pais e mães; veja três histórias

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São Paulo

Daniel e Inael Marinho viraram pais no mês do Natal, como se as crianças que chegaram fossem três grandes presentes. Eles já sonhavam fazia muito tempo em ter uma família com muitos filhos, quem sabe até mesmo seis de uma só vez. No finalzinho de 2021, o destino trouxe Bruna, Rafael e Guilherme*.

"Foi uma mudança grande de rotina. Éramos só nós dois e dois gatos. Aí, chegaram eles e depois ainda trouxemos mais um gato e uma cachorrinha. A casa está quase ficando pequena!", brinca Daniel.

O casal Daniel (camiseta listrada) e Inael Marinho com seus três filhos - Karime Xavier/Folhapress

"Eu tenho dois pais: o pai Dam e o pai Ina. Eu, meu irmão e minha irmã fomos adotados. A gente tinha uma casa, aí chegou um carro e levou a gente prum abrigo. Nossa casa não tinha água e o banheiro era muito sujo. Agora, a gente tá muito bem aqui, bem mais feliz", resume Rafael, o irmão do meio, de 8 anos.

"É bom ter uma nova família, a pessoa pode se sentir melhor", diz Guilherme, 10 anos, o irmão mais velho. "Tenho uma cama só pra mim, uma janela só pra mim, cobertor só pra mim. Quando eu cheguei aqui em casa já tinha brinquedos, aí perguntei se podia brincar e meu pai falou que um dia eu ia morar aqui", completa a caçula Bruna, 6 anos.

A adoção é uma das maneiras de um filho chegar à sua família. No Brasil, qualquer pessoa com mais de 18 anos pode adotar uma criança ou adolescente —não é preciso ser casado, os solteiros também têm esse direito. Todo o processo é gratuito.

"Eu tenho dois pais: o pai Dam e o pai Ina. Eu, meu irmão e minha irmã fomos adotados. A gente tinha uma casa, aí chegou um carro e levou a gente prum abrigo. Nossa casa não tinha água e o banheiro era muito sujo. Agora, a gente tá muito bem aqui, bem mais feliz"

Rafael, 8 anos

filho de Daniel e Inael

Daniel e Inael preencheram muitos papéis, foram entrevistados e visitados por muitas pessoas, e receberam muitas orientações antes de seus três filhos se mudarem definitivamente para a espaçosa casa que, de tanto amor que tem dentro, agora quase fica apertada.

(*Os nomes das crianças foram trocados para preservar sua identidade.)

Conheça abaixo outros caminhos que os filhos podem percorrer para chegar às famílias.


Fertilização in vitro

Já pensou fazer bebês em um laboratório? Há 45 anos, nascia o primeiro bebê de proveta do mundo, ou seja, um embrião (fase antes de o bebê virar feto) que se forma fora da barriga (provetas são tubinhos de vidro) antes de ser colocado lá dentro por um médico.

Os inventores dessa técnica ganharam o Prêmio Nobel de medicina, e de lá para cá mais de 10 milhões de bebês nasceram em todo o mundo por meio dessa técnica. Os gêmeos Sofia e Dan fazem parte dessa estatística.

"Às vezes a semente que forma um bebê vem naturalmente, mas de vez em quando, não. E, nesses casos, os pais têm que pedir ajuda para a ciência", explica Marcela Levy, mãe de Dan e Sofia. Ela escreveu "A Espera por Você" (Rocquinho), livro em que conta a história de um bebê que nasceu de uma fertilização in vitro.

O ginecologista e obstetra Fernando Sandoval Frangini, especialista neste método, explica que o passo a passo é coletar o óvulo da mulher e o espermatozoide do homem e fazer a fecundação. "Depois de três a cinco dias, este embrião é colocado dentro do útero da mulher e, lá, vai seguir o caminho normal de uma gestação", diz.

No Brasil é permitido que os médicos coloquem mais de um embrião na barriga da mulher, mas há países que proíbem essa prática. Como às vezes os bebezinhos não conseguem se fixar para crescer, o que interrompe a gestação, ao fazer isso as chances de sucesso aumentam.

E, além desses que são inseridos no útero, também podem "sobrar" outros. "A parte curiosa é que esses vão ficar congelados", conta o médico. "Ficam em uma incubadora, e os pais vão decidir quando e se vão usá-los."

Barriga de aluguel

Em 2023, as gêmeas Rita e Cecília vão completar 10 anos. É raro que sua mãe e seu pai se lembrem que elas nasceram da barriga de uma mulher que mora na Índia, país lá do outro lado do mundo —essa conversa só surge mesmo quando alguém pergunta.

"Eu já tinha tentado várias coisas, fertilização in vitro etc, mas não dava certo. Aí meu marido e eu ficamos sabendo que havia a possibilidade da barriga de aluguel", lembra Teté Ribeiro, repórter da Folha. "Aproveitamos uma viagem a trabalho e fomos até a Índia, conversamos com a médica e descobrimos que dava para fazer."

Nesse método, que é legalizado em alguns países (e não no Brasil), o embrião com células da mãe e do pai é colocado no útero de uma terceira pessoa, que vai gestar esse bebê. "Eu tinha um problema de pouca aderência no útero, então o embrião não conseguia se fixar", conta Teté.

"Essa mulher indiana já tinha um filho pequeno e estava fazendo tudo dentro da lei e da própria vontade dela. Ela ia ter a vantagem que estava procurando, que era um benefício financeiro, e nós teríamos o nosso bebê."

A mulher, chamada Vanita, recebeu dois embriões feitos com os óvulos de Teté e os espermatozoides de seu marido. Nove meses depois, nasceram as meninas. "São nossas filhas. As duas únicas coisas estranhas disso tudo foram acompanhar a gravidez de muito longe, porque a Índia fica distante do Brasil, e não poder saber se eram meninas ou meninos, porque a lei daquele país não permite."

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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