USP manterá aperto em 2015 e prevê novo deficit de R$ 1 bi
Para reitor, universidade não deve contratar pessoal nem dar aumento real
Diretriz do orçamento aprovada pelo conselho estima que reserva caia em 2018 para cerca de 1/4 do valor atual
Nem com a "ajuda de todos os deuses", a Universidade de São Paulo estará numa situação financeira "absolutamente confortável" em 2018, segundo o reitor, Marco Antonio Zago.
Até lá, afirma ele, para parar de gastar mais do que recebe, a USP não poderá dar reajustes salariais acima da inflação nem contratar pessoal --ao menos no curto prazo--, incluindo professores que venham a substituir aposentados.
No ano que vem, a USP manterá o corte de 30% dos gastos adotado em 2014, de acordo com a diretriz orçamentária aprovada pelo Conselho Universitário nesta terça (18). Em dezembro, o conselho votará o orçamento.
O deficit de R$ 1 bilhão deste ano deverá se repetir no próximo. A expectativa é que a reserva da USP caia do atual R$ 1,8 bilhão para R$ 880 milhões em 2015 e para R$ 500 milhões em 2018.
Este montante é suficiente para cobrir "pouco mais" de uma folha de pagamento. O ideal, segundo o reitor, é que seja três vezes maior.
O plano plurianual da USP prevê que, em 2018, a folha de pagamentos consuma 90% dos recursos arrecadados. Hoje, são 105%.
DEMISSÃO E IMÓVEIS
Um fator que pode aliviar as contas da USP é o plano de demissão voluntária, cujas inscrições começaram a ser aceitas nesta terça.
De acordo com Zago, no ano que vem, se houver a adesão prevista, o programa custará R$ 400 milhões e poupará R$ 160 milhões. No ano seguinte, passará a trazer economia plena à universidade.
Para o reitor, o cenário de dificuldades não comprometerá o ensino nem a pesquisa. A previsão orçamentária de 2015 é equivalente ao orçamento de 2010, "que se demonstrou compatível com as necessidades", disse Zago.
O conselho aprovou ainda a venda de imóveis que poderão trazer R$ 50,5 milhões para a USP, entre eles um terreno na rua da Consolação no valor de R$ 31 milhões e um conjunto de R$ 19,5 milhões em centro empresarial.
DESCENTRALIZAÇÃO
Outro ponto aprovado foi a autonomia das unidades para promover mudanças curriculares. Segundo o pró-reitor de graduação, Antonio Carlos Hernandes, o tempo para implementação cairá de dois anos para poucos meses.
Hernandes informou que três unidades já se manifestaram favoráveis à destinação de parte das vagas do vestibular ao Sisu, programa do governo federal que usa a nota do Enem para aprovar candidatos em universidades.