Crise da água
Nível de água no Cantareira não sobe há oito meses
Principal sistema da Grande São Paulo cresceu pela última vez em 16 de abril
Manancial que atende 6,5 milhões de pessoas e opera com a 2ª cota do volume morto está com 7,2% de sua capacidade
Principal reservatório da Grande São Paulo, o sistema Cantareira não amplia naturalmente o seu nível de água há exatos oito meses.
A última vez na qual a régua do manancial não registrou queda nem permaneceu estável em relação ao dia anterior foi em 16 de abril.
Desde então, a ampliação ocorreu apenas de forma artificial, por causa do bombeamento das águas do volume morto para as suas represas.
O sistema é responsável pelo atendimento de 6,5 milhões de pessoas --no início da crise, eram 8,8 milhões.
Ontem (15/12), estava com 7,2%, queda de 0,1 em relação ao dia anterior. O Cantareira já opera com a segunda cota do volume morto.
Com o fim do período seco, em setembro, a expectativa do governo Geraldo Alckmin (PSDB) era de que o volume de água armazenado nos reservatórios só crescesse. Mas até agora isso não ocorreu.
No máximo, a régua do Cantareira permaneceu estável durante oito dias. Já considerando o balanço mensal, a última vez que o nível da água do sistema subiu foi em abril de 2013.
A chuva sobre a região, que engloba o sul de Minas Gerais e áreas ao redor de Bragança Paulista e Nazaré Paulista, está bem abaixo do esperado.
Entre outubro e ontem (15) choveu menos da metade da média histórica no próprio Cantareira, o que ajuda a explicar as represas vazias.
Com o regime irregular de chuvas, que agora precisariam ser constantes (em vez de fortes e curtas, como tem ocorrido), o chamado efeito esponja se sobressai.
O solo exposto está bastante seco. Dessa forma, a chuva demora para infiltrar e, na sequência, acumular-se. "O deficit de umidade no solo está elevado", diz Augusto Pereira, professor da USP.
CHUVAS EM DOBRO
De acordo com o meteorologista, precisaria chover o dobro do esperado, entre outubro e março, para a situação começar a ficar normal.
Chuva e efeito esponja ajudam a explicar o baixo nível das águas mas, na outra ponta, o consumo também.
Apesar de a vazão do Cantareira ter caído por volta de 40% desde o início do ano, especialistas defendem que o controle da demanda, por parte da Sabesp e do governo, precisaria ser maior.
Uma das ações que todos defendem, inclusive o futuro secretário de Recursos Hídricos, Benedito Braga, é taxar o consumo excessivo de água.
Entre maio e novembro, 25% dos clientes do Cantareira ampliaram o consumo.