Morador adianta ceia para não perder comida
A dona de casa Maria Angela Castro, 57, acordou assustada à 0h desta segunda-feira (29). Ventava forte e raios iluminavam sua casa no Cambuci, na região central.
Escutou um estrondo. Seu filho avisou, aos gritos: havia caído uma árvore na porta de casa. Ela já conhecia o roteiro.
Em dezembro de 2013, outra árvore havia caído no mesmo lugar após uma chuva forte. No quarteirão onde mora, na rua Pero Correia, havia três árvores. Duas já caíram.
Como da outra vez, ontem enormes galhos fechavam a garagem e impediam que a família saísse com o carro. Para sair andando, era preciso se contorcer.
"A prefeitura disse que vai demorar até cinco dias para tirar a árvore. Queremos viajar, espero não ficar ilhada em casa em pleno Ano-Novo", diz.
Já na casa do advogado Wilson Pires Júnior, 49, o que seria a ceia do Réveillon virou o jantar desta segunda. Sem luz desde a madrugada, a leitoa que estava no congelador não resistiria ao calor. "Quero saber quem vai pagar por isso", questiona.
Com as comidas estragando, sua a família precisou lidar com outro inconveniente: a falta de água.
A Vila Mariana, zona sul, onde ele mora, foi um dos bairros de São Paulo que ficaram sem abastecimento devido à falta de energia, que afetou as estações elevatórias de água.
Os outros bairros afetados foram Cursino (zona sul) e Sapopemba (leste).
A poucos quarteirões da casa do advogado, Carla Vieira, 31, gerente de uma padaria, contabilizava o prejuízo da falta de luz.
Sem ter como vender nada gelado, a solução foi improvisar. "Gastamos R$ 1.500 em gelo seco para manter os sorvetes e o movimento caiu 80% hoje [segunda]."