A revolução não acabou
Obelisco do Ibirapuera, monumento que guarda a memória dos combates de 1932 em São Paulo, reabre para visitação após 12 anos
O fim do hiato de 12 anos das visitas ao obelisco do Ibirapuera, que agora podem ser feitas diariamente das 10h às 16h, devolve à memória do Estado de São Paulo um dos maiores símbolos de sua resistência política e da luta por autonomia: a Revolução Constitucionalista de 1932.
Reaberto recentemente, o monumento volta repaginado e a salvo. A restauração de R$ 11,4 milhões solucionou problemas recorrentes de infiltração. Foram executados ainda projetos de combate a incêndios e de iluminação.
O mausoléu abriga os restos mortais de 713 ex-combatentes e também dos estudantes Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo (M.M.D.C.), mortos em confronto que deflagrou a guerra paulista.
O gatilho da revolta foram as mortes, mas o pano de fundo eram a retomada do poder e a reivindicação de uma nova Constituição -já que a de 1891 havia sido suprimida pelo golpe de 1930.
No golpe, o presidente eleito Washington Luís, paulista, foi deposto. Assumiu um governo provisório chefiado por Getúlio Vargas.
Era o fim da "política de café com leite", o revezamento de entre São Paulo e Minas Gerais no poder. Ou quase o fim. Sob forte interferência do governo federal, a São Paulo restaria a luta.
Veio assim a chamada revolução -em que, isolados, os paulistas saíram derrotados. Materializado no obelisco, contudo, está o orgulho de um dos movimentos de resistência mais importantes da história do Estado.
A construção do mausoléu só foi possível após o fim da era Vargas. A obra foi feita de 1947 a 1970, com projeto de autoria do ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili.
O obelisco possui símbolos que remetem à revolução. Um exemplo é a alusão das suas medidas à data de início da revolta, 9 de julho de 1932 -atualmente, feriado estadual.
Também na entrada, três arcos lembram as arcadas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, hoje vinculada à USP, de onde saíram muitos dos combatentes.
Acima dos arcos, a inscrição "Viveram pouco para morrer bem/Morreram jovens para viver sempre" alude à luta dos constitucionalistas.