Morador resiste a bloco na Vila Madalena
Grande movimentação durante a Copa do Mundo azedou o ânimo de quem reside no bairro boêmio na zona oeste
No Mundial, torcedores animados chegavam a gerar 20 toneladas de lixo durante uma partida do Brasil
Parte dos moradores e comerciantes da Vila Madalena (zona oeste de São Paulo) considera encerrado o diálogo com a prefeitura e com blocos do Carnaval de rua e tenta barrar a folia que, desde a semana passada, conta com "esquentas" em bares e casas noturnas do bairro.
Na última quarta-feira (14), a Associação Sossego Madalena protocolou uma representação no Ministério Público pedindo que a festa seja "suspensa" e "impedida" na tradicional área boêmia.
A expectativa é que, neste ano, quase 300 mil pessoas, em mais de 60 blocos organizados, sacudam a Vila pulando ao som de marchinhas.
"Temos o apoio de 1.424 assinaturas. Nossas reivindicações de limites para os blocos foram basicamente ignoradas e não aguentamos mais os abusos que acontecem aqui no bairro muito antes do início do Carnaval", afirma Tom Green, presidente da Sossego e membro do conselho de segurança do bairro.
ESQUENTA
Os ensaios e os "esquentas" de alguns blocos já começaram a ganharam as ruas da Vila e de outras regiões.
Na última quinta (15), o "Nossa Casa Confraria das Ideias" reuniu dezenas de pessoas na rua Belmiro Braga para ensaiar.
Há desfiles de agremiações programados a partir do dia 22, mas o pré-Carnaval estará no bairro com maior volume no dia 7 de fevereiro, quando sete blocos deverão atrair cerca de 20 mil foliões.
Para a associação, não há infraestrutura que dê conta do tamanho dos blocos, que arrastam multidões pelas estreitas ruas da Vila.
"Não há banheiro químico suficiente e nunca haverá. Não se recolhe o lixo que os blocos geram e não se respeita nenhum horário de desfile. Quando termina na rua, os foliões seguem para os bares e o Carnaval não tem fim. Não aguentamos mais", diz Green.
As grandes concentrações de pessoas durante a Copa do Mundo, em junho passado, ajudaram a azedar o ânimo dos moradores.
Na ocasião, os bares e as ruas eram tomadas por torcedores que chegaram a gerar 20 toneladas de lixo durante uma partida do Brasil.
"Ressalta-se que estes eventos não são esporádicos, têm ocorrido frequentemente, ganhando força nos últimos carnavais, chegando a ocorrer quase todos os finais de semana", diz um trecho da representação.
A Prefeitura de São Paulo informou que está empenhada em promover uma festa organizada e com o menor transtorno possível.
O Ministério Público diz que o pedido dos moradores do bairro está em análise.